Pesquisa da UFSC revela que experiência prolongada influencia gestores a optarem por medidas conservadoras.
Reportagem inspira pesquisa acadêmica que valoriza tradição ceramista das mulheres quilombolas no Amapá.
A notícia é uma forma incrível de popularizar assuntos, de simplificar o complexo, de expor temáticas variadas através de textos, imagens e sons. Essa é a magia do jornalismo, chegar onde não conseguimos e ecoar os acontecimentos.
Como uma ciência social, o jornalismo tem uma função social de popularizar as informações, e, assim, despertar a curiosidade nos receptores, ouvintes, telespectadores.
Isso aconteceu comigo, quando ainda não conhecia as Louceiras do Maruanum. Foi em uma reportagem que o click da curiosidade foi acionado. Lembro muito bem quando pela primeira vez ouvi falar sobre as Louceiras do Maruanum, logo decidi que precisava conhecê-las, e fui pesquisar.
Com o conhecimento teórico e visita de campo em 2011 estava decidido: iria pesquisar sobre o patrimônio cultural das Louceiras do Maruanum. Eu tinha acabado de ingressar no mestrado com uma proposta de pesquisa sobre a tradição do barro no Maruanum.
De uma reportagem surgiu a minha temática de pesquisa que por dois anos seria o centro, o objetivo a ser conquistado, com o foco no princípio da equidade intergeracional.
As louceiras do Maruanum são mulheres quilombolas, amazônidas e ceramistas que residem no Distrito do Maruanum pertencente ao município de Macapá no Estado do Amapá.
Elas receberam das gerações passadas a tradição do criar-saber-fazer das louças de barro, da cerâmica do Maruanum. Todas as etapas do fazer das louças de barro são realizadas de acordo com os ensinamentos intergeracionais baseados em rituais, crenças e com o profundo respeito à natureza.
Passado o mestrado, o desafio seria outro: o doutorado. A pesquisa sobre as Louceiras do Maruanum continuava por mais quatro anos. Como pesquisadora, desde esse tempo busco dar visibilidade ao patrimônio cultural das Louceiras do Maruanum.
Foi na tese doutoral que propus estratégias educacionais para a conservação da tradição ceramista do Maruanum. Desse modo, essa pesquisa científica teve um papel fundamental ao oferecer alternativas à resolução de uma problemática das comunidades detentoras desse patrimônio cultural.
Volto à defesa de que o jornalismo tem uma função social na divulgação da pesquisa em patrimônio cultural. Tanto que busco oportunidades na imprensa para que as Louceiras do Maruanum falem sobre a tradição ceramista, para que eu fale sobre a pesquisa e para que haja a reverberação do conhecimento ancestral matriarcal que é a louça do Maruanum. Pois, não basta pesquisar e defender a tese. A pesquisa científica assim como o jornalismo também tem uma função social com as comunidades envolvidas.
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A notícia motiva investigações profundas, unindo comunidades e gerando conhecimento real.
Divulgar saberes tradicionais fortalece laços e promove cidades sustentáveis e mais inclusivas.
Pesquisa da UFSC revela que experiência prolongada influencia gestores a optarem por medidas conservadoras.
Um estudo recente publicado na Revista Turismo, Visão e Ação (RTVA) revelou que gestores mais velhos e com maior tempo de serviço em restaurantes tendem a ser mais avessos ao risco em suas decisões corporativas. A pesquisa, conduzida por pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), analisou dados de mais de 2 mil restaurantes na Europa entre 2014 e 2016.
A pesquisa, intitulada "Influência das Características da Equipe de Gestão sobre a Tomada de Decisão de Risco: Evidências do Ramo de Restaurantes", utilizou a base de dados Amadeus e aplicou o método dos mínimos quadrados para analisar a relação entre as características dos gestores – idade, tempo de serviço, gênero e tamanho da equipe – e o nível de alavancagem financeira das empresas, usado como indicador de tomada de risco.
Os resultados mostraram uma correlação negativa significativa entre a idade e o tempo de serviço dos gestores e a propensão ao risco. Gestores mais velhos e aqueles que ocupavam o mesmo cargo há mais tempo demonstraram preferência por decisões mais conservadoras, optando por manter o status quo em vez de adotar estratégias inovadoras ou arriscadas.
Contrariando algumas expectativas, o estudo não encontrou relação significativa entre o tamanho da equipe de gestão ou a participação feminina e a tomada de risco. Embora pesquisas anteriores tenham sugerido uma possível influência desses fatores, os dados analisados não confirmaram essa hipótese no contexto específico da indústria de restaurantes.
Os autores sugerem que a aversão ao risco demonstrada por gestores mais experientes pode estar relacionada à priorização da estabilidade e da reputação construída ao longo da carreira. A familiaridade com o setor e a preocupação em preservar os ganhos obtidos podem levá-los a evitar decisões que representem potenciais ameaças ao negócio.
As descobertas do estudo têm implicações importantes para a gestão de restaurantes. A pesquisa sugere que a composição da equipe gestora pode influenciar diretamente a estratégia e o desempenho das empresas. Restaurantes com gestores mais jovens podem estar mais dispostos a inovar e assumir riscos, enquanto aqueles liderados por gestores mais experientes podem priorizar a estabilidade e a segurança financeira.
Os pesquisadores destacam a necessidade de estudos adicionais para aprofundar a compreensão da relação entre as características dos gestores e a tomada de decisão em restaurantes. A investigação de fatores psicológicos, como a tolerância ao risco individual, e a análise de dados de um período mais amplo poderiam enriquecer a discussão e fornecer insights mais precisos para o setor.
Ausência de atualizações e de contexto em notícias contínuas afeta credibilidade e confiança dos leitores.
Uma suíte jornalística é a continuidade de uma notícia em novas matérias que atualizam as anteriores. Algo como "Duas pessoas ficaram feridas em um acidente"; depois, "Homens que ficaram feridos em acidente fazem cirurgia"; ainda, "Homens que se feriram em acidente recebem alta"; e, ainda, "Empresa responsável por acidente com feridos é multada". Todas essas manchetes fantasiosas têm a ver com um mesmo fato originário.
Não é todo tipo de notícia que merece uma continuidade. Alguns acontecimentos e realizações têm fôlego para uma única aparição. Seja como for, para estar uma ou várias vezes no jornal, a "coisa" tem de ser verdadeiramente uma notícia, o que, basicamente, significa que não é publicidade ou propaganda – mas isso é assunto para outra oportunidade.
Em termos de formato, uma suíte não é nada diferente de uma notícia nova. Até porque só se tem uma continuação quando um novo fato é revelado. Mas é no estilo, pelo que notei, que a marmita das suítes azedou – no sentido de por que perderam o fôlego nos últimos anos.
Vamos tomar por exemplo uma investigação policial. O jornalismo de boa e de má qualidade têm interesse em pautas criminais. Porém, nos dois tipos de qualidade fica um sabor de vício, quem sabe originário do prazer de se "furar" (quando um jornalista é o primeiro em noticiar algo). É uma pressa que mais atrapalha que ajuda: não raro, são apresentadas versões que colaboram com uma história que se quer contar, que pode não ter nada a ver com o que aconteceu de verdade.
No caso de Homem armado ameaça jovem negro em SP, e policial se recusa a agir por estar 'de folga'; veja vídeo, por exemplo. É uma história que rapidamente conquistou a atenção dos jornalistas e do público, porque um vídeo comprova não somente a omissão de uma policial como também a agressão dela contra um jovem. Aqui, não está em discussão se a policial acertou ou errou. Ao mesmo tempo, faltou, pela ausência de suítes, a ampliação do contexto do vídeo de três minutos.
Uma história contada por sua característica intrigante pode render minutos de audiência, e um aumento de visitantes no site. Porém, sem continuidade, é um tiro no pé. Em 2023, o Digital News Report do Reuters Institute identificou que a confiança dos brasileiros no jornalismo é de 43%, uma diminuição de 19 pontos percentuais desde 2015. Estatisticamente, a tendência de queda pode marcar 41% em 2024. Nesse cenário, todos os recursos de inteligência e de integridade são bem-vindos para melhorar esses números.
As suítes são uma oportunidade para garantir ao público que as escolhas de pauta representam, ainda que contramajoritariamente, o compromisso do veículo com uma história contada do começo ao fim, com todas as nuances. Para isso, a linha editorial como um todo, e mais ainda os repórteres e editores, têm de encarar a atividade investigativa com o desprendimento de contar as coisas como elas são, e não como deveriam ser.