Os dez "racistas" da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG, PR) inauguram um tipo de notícia para a qual tenho de abrir mão de minhas restrições ao uso das aspas, para poder comentar em paz. Isto é, o festival do "supostamente" começou com tudo no jornalismo da semana.
Gravei um vídeo sobre dois incômodos maiores em relação à notícia do assunto, não exatamente sobre o assunto em si. Os universitários de jornalismo basicamente assistiam a uma palestra desagradável para eles, e abusaram da confiança do grupo ao postar péssimos stickers.
Se estavam sob a bandeira conservadora da cidade, não sabemos. Em 2017, um vereador ameaçou prender uma drag queen com show marcado lá. Pode ser que a água da cidade esteja contaminada com ignorância, e um tiquinho assim do que chamo "orgulho agro ferido".
Acho possível e provável, porém, que se trate de um sarcasmo imaturo, uma vez que ao optarem por estudar jornalismo possam ter qualquer apreço por letras. Posso argumentar nos níveis pessoal e psicanalítico (de Wilfred Bion) sobre o humor corroer preconceitos, quem sabe depois.
A principal emissora de TV do estado noticiou o assunto, e se emocionou com a atitude dela mesma ter assinado uma nota conjunta com o Sindicato, contra os estudantes. No papel de espectador, agradeço mas não pedi nada. Eu prefiro um âncora analítico, com os pés no chão.
Quanto à "denúncia" de racismo na UEPG, obrigo-me a perguntar : foi a Ouvidoria que recebeu os prints? Se o processo contra os estudantes é administrativo, qual foi o percurso administrativo da denúncia? Ou tratamos de denúncia sediada em uma moralidade superior aos regimentos?
Outro aspecto é o legal. E a situação fica um pouco pior. Sarney, Cardoso e Lula assinaram leis sobre o assunto. Em linhas gerais, os dez "racistas" de Ponta Grossa precisam i. ter ofendido um grupo étnico, uma raça, cor, ou religião; e ii. ter a intenção de ofender. Qual foi o objetivo da conduta? Qual foi o dolo?
Somados a outros sete indivíduos de agronomia da mesma universidade, são 17 ponta-grossenses com destaque no jornal por serem a boca, o braço, a perna do caipirismo paranaense. Reitero meu argumento de que o paranaense desse estirpe não é fascista, é pior, é caipira.
O caipira que deveria se ofender nestes termos não é o da "Tristeza do Jeca" (filme de Mazzaropi, lançado em 1961). Aqueles 17 não são dignos de carregar as malas de um homem da roça. O caipira que me refiro precisa de Bia de Luna: "A mais bela burrice, e a ignorância por opção".
Em uma psicanálise social, em uma análise transacional organizacional, em termos religiosos da fé cristã, a partir desses papéis que posso ocupar e ocupo, entendo que Ponta Grossa está doente.