Não. Não é o caso de normalizar os ataques que sofremos com a interrupção da Santa Missa em Curitiba no último sábado (5). Até me pergunto. Quem não é católico tem ideia do que é uma Missa? É o próprio Deus sendo morto de novo, é a comunhão com o sacrifício em com os irmãos da fé. É um master reset do ato fundador da civilização. Não estou ok com interromper a Missa. Não.
Não estou ok com a retroalimentação da violência contra o indivíduo, que dirá contra o sagrado do indivíduo.
Meus pais escreveram um livro de bençãos para mim. Muitas páginas com trechos das Escrituras, ícones relacionados a talentos, cartas de amor. Quando o mostrei, há alguns anos, para a analista Michelle Thomé, ela não tocou aquela colagem sem antes lavar as mãos. Folheou tão cuidadosamente que me levou a pensar: “é assim que faz”. Imito Michelle também nisso. Ontem, meu sagrado foi vilipendiado.
Primeiro, conheço um Deus poderoso que — para os que creem — foi linchado enquanto se declarava inocente. De Jesus Cristo pra cá, a roda da violência gira no vazio. Ou teriam os manifestantes (de baixíssima categoria? Claro, mas ainda manifestantes) conseguido a façanha de perturbar um Deus imperturbável? Caso tenham conseguido, entrego aqui minhas credenciais de cristão.
Não. Não mesmo. Não de jeito nenhum! Minha resposta é não. Não estou ok com a reação dos que usam a marca de Cristo para assassinar. Na minha modesta interpretação da Lei Mosaica, “não vai matar”.
Ontem, roubaram meu dinheiro, chutaram minha santa, queimaram meu terreiro, mas não foi porque interromperam a Missa. Foi porque eu li — com estes lindos olhos castanhos brilhantes que tenho — que “se alguém estivesse armado na Missa, isso não teria acontecido”. “Isso” o quê, assassino?
Não. Não estou ok ao saber que no mundo tem alguém que está ok com descarregar o tambor em uma Missa. Imagine a lindíssima atualização no livro de Atos. “Quando a perseguição veio, os cristãos meteram bala”.
Não. Isso não. Não mesmo.