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Da paixão de Cristo à dor em Gaza: violência, responsabilidade e civilização

Reflexão psicanalítica sobre culpa, violência e identidade coletiva, unindo a simbologia cristã ao drama palestino atual.

Tempo previsto
20/4/2025

Quando, às três da tarde da sexta-feira, Jesus suspira e entrega seu espírito a Deus, passamos a nos perguntar “o que fizemos?”. Para um distraído, deve ser nada além de uma culpa a mais para a coleção. Nós, freudianos, porém, compreendemos tal pergunta como a origem da civilização.

É uma questão de geolocalização, se é que me entende.

Onde estamos, exatamente, depois de termos assassinado o Criador? Se estivermos entre os que fazem a si mesmos aquela pergunta, tal qual no mito do parricídio, muito que bem. Algo assim tem potencial de nos deschucralizar. Mas se estivermos para além da fronteira da responsabilidade, estamos perdidos.

É neste último lugar que o indivíduo vibra com um Jesus que “senta o chicote” nos ladrões — sem se dar conta de que ele mesmo é o ladrão mencionado nas Escrituras. Vibra com o ultraje aos líderes fariseus, sem se dar conta de que o Mestre o ultraja no instante da leitura.

Escrevi sobre esse fenômeno, em um capítulo denominado “narcisismo das pequenas diferenças” (é um conceito psicanalítico). Em resumo, o ódio é ainda mais talentoso que o amor quando o assunto é unir seres humanos, formar exércitos, igrejas, e torcidas organizadas.

Quem abre uma bíblia impressa nos anos setenta, oitenta — traduzida por João Ferreira de Almeida, miolo rosa, cortado por um índice tátil — encontra a Palestina na seção de mapas.

Quer dizer. Até “ontem”, ninguém tinha qualquer dúvida quanto ao Jesus que matamos ser palestino. O que nos fez mudar de lado, além do dinheiro?

A filosofia de René Girard coincide com a prática cristã, quando da formação de uma religião a partir da violência, tanto quanto essa mesma violência gera a humanidade civilizada para os freudianos. Mas esse autor provoca particularmente quando o morto é Jesus. Desde que matamos um inocente, a roda da violência gira no vazio.

Se a Páscoa renova nos cristãos a esperança da ressurreição, que pudesse também renovar em todos nós alguma garantia de que, pelo menos uma vez por ano, perguntamos “o que fizemos?”.

Imagem da paixão

A fotografia deste artigo, registrada por Mohammed Salem da agência Reuters e divulgada pela World Press Photo, foi a vencedora do prêmio World Press Photo do Ano. A imagem retrata Inas Abu Maamar, palestina de 36 anos, em um momento de dor profunda ao abraçar o corpo de sua sobrinha Saly, de apenas 5 anos, que perdeu a vida em um bombardeio israelense. A cena ocorreu no hospital Nasser, localizado em Khan Younis, no sul da Faixa de Gaza, em 17 de outubro de 2023.

Cultura rumo ao vazio? Ensaios de Mario Vargas Llosa e o papel da religião

Livro de ensaios do escritor peruano questiona raízes religiosas e políticas por trás da decadência cultural moderna.

Tempo previsto
17/4/2025

Ainda que tenha visto o filme Pantaleão e as visitadoras (divertido e indicado!), pouco conheço dos romances de Mario Vargas Llosa, Nobel da literatura — escritor peruano que despediu-se neste dia 13.

Gostava dele! Me recomendaram fortemente uma vez A casa verde — curiosamente um professor americano. Porém, este livro da foto, repleto de ensaios, reflexões e provocações, que ganhei em 2013, li e me foi bem marcante.

Um papo-cabeça aqui: como geralmente em cursos de comunicação a gente estuda Escola de Frankfurt, aprende-se que a culpa, por assim dizer, do esvaziamento poético visto nas artes ao longo da história, da decadência estética do que se entende por belo, bem como o fim da chamada "alta cultura", seria resultado da produção em série, da busca pelo lucro em escala, da indústria cultural: em suma uma consequência do capitalismo.

Pra minha supresa, este livro me revelou um ponto de vista diferente: a questão é política, que envolve a herança de um revanchismo contra o gosto da aristocracia (ou das altas classes) desde as revoluções.

TRata-se de um repúdio crescente à sociedade tradicional, após as grandes guerras mundiais, e, na sua essência, sobretudo: de fundo religioso — afinal, na origem de todas as civilizações, em todos os tempos, justamente dos ritos religiosos advieram e se desenvolveram as manifestações artísticas.

Parte-se da busca pelo sublime, das experiências místicas, que posteriormente formaram as bases do que entendemos por culturas. Um elo que virou apenas um eco na vida ocidental contemporânea, isto quando não totalmente banido, execrado, num mundo que, ao seu ver, culturalmente, caminha rumo ao nada.

Ou, como já observamos agora, para o conteúdo gerado por inteligência artificial.

A fisionomia apavorante do jogo de poder

Entenda como o jogo político transforma pessoas comuns em reféns da desinformação e líderes manipuladores.

Tempo previsto
15/4/2025

A fisionomia do jogo de poder é feia, feita de esgares e berros molhados de cuspe. A gramática de comunicação do jogo de poder é a mentira, a imposição, o grito, a insanidade. A visão do jogo de poder é opaca, concentrada nos próprios objetivos umbilicais.

Os seres que buscam o poder do controle, que buscam com frenesi conduzir os não pensantes, aumentam o tom de voz e distorcem seus gestos e semblantes – para amedrontar seus passivos seguidores, trazendo para palavras e gestos o horror do poder que ambicionam. Mimetizam-se de monstros externamente para combinar com o que habita o subterrâneo das suas não-almas.

A ação deliberada de manipulação leva multidões ao delírio, à paranoia, levando-os a acionar gatilhos de mutação de homens e mulheres comuns em seguidores surdos, cegos – massa de manobra. Bonecos de ventríloquo, animados à distância, que replicam (na ilusão de que são seus) opiniões e julgamentos do controlador.

Como consequência imediata, a dissonância cognitiva individual: justifica-se o injustificável. Um impacto sequente previsível é a dissonância cognitiva coletiva – em pouco tempo, há milhões de pessoas reféns de um ecossistema organizado de desinformação.

O choque de realidade pode mitigar, neutralizar ou anular. Quem sabe, uma sequência de desvelamento da realidade pudesse fazer acontecer o desengajamento da loucura.

O verdadeiro líder se sacrifica em nome da causa. O manipulador sacrifica a causa em nome dos seus objetivos narcísicos. O líder orienta e empodera as pessoas rumo à autonomia. O manipulador sacrifica qualquer pessoa para se safar.

Gerar ondas constantes e consistentes de informação e conscientização pode ser algo possível. Contudo, com efeitos lentos diante da celeridade da ganância dos jogadores de poder.

Enquanto isso, resta abençoar uma fugidia sorte representada pelos pensamentos e ações erráticos de alguns dos jogadores do Jogo de Poder.

Comunicação com clientes: tipos, exemplos e estratégias eficazes

Técnicas de comunicação com clientes ajudam empresas a criar conexões únicas e duradouras.

Tempo previsto
30/4/2025

Quando se trata de gerenciar e-mails, as pessoas normalmente se dividem em dois grupos: aquelas que dedicam tempo diariamente para filtrar a caixa de entrada, eliminando propagandas e newsletters para focar nas mensagens importantes; e aquelas que simplesmente ignoram o volume crescente de e-mails não lidos.

Segundo um relatório da HubSpot sobre comunicação no atendimento ao cliente, cerca de 40% das pessoas admitem ter ao menos 50 e-mails não lidos, o que evidencia o desafio de conquistar a atenção de alguém em meio ao excesso de informações digitais.

Um estudo da Salesforce traz um dado relevante: 88% dos consumidores acreditam que a comunicação com o cliente — ou seja, como uma empresa interage com seu público — é tão importante quanto os próprios produtos que ela oferece. Se as empresas querem engajar sua audiência e garantir que seus e-mails sejam lidos, precisam investir em ferramentas de comunicação com o cliente e personalizar a abordagem para realmente ressoar com o público. Trata-se de fazer cada mensagem parecer única para que comunicações importantes sejam enviadas, lidas e valorizadas.

Essa mudança reflete uma transformação mais ampla na gestão da comunicação com clientes. Não basta mais confiar em interações genéricas e impessoais. As empresas precisam entender com urgência as preferências e experiências de cada cliente para criar mensagens que conectem de forma pessoal.

Neste artigo, eu vou mostrar como transformar sua comunicação com clientes. Vou apresentar ferramentas e estratégias que ajudam a tornar interações especiais, sempre usando a tecnologia para personalizar e fortalecer o relacionamento — e não o contrário.

Vamos descobrir juntos a melhor maneira de as empresas se comunicarem com o cliente, tornando suas mensagens únicas, indo além de mais uma notificação descartada. O segredo está em construir conexões genuínas que mantêm os clientes engajados e ansiosos pelo próximo contato.

O que é comunicação com o cliente?

A comunicação com o cliente refere-se à troca contínua de informações entre uma empresa e seus clientes por meio de diversos canais, como e-mail, telefone, chat ao vivo, redes sociais e interações presenciais. Uma boa comunicação é fundamental para construir relações sólidas, resolver questões e aumentar a satisfação do cliente.

Ir além do simples atendimento a dúvidas envolve o engajamento proativo, envio de mensagens personalizadas, suporte adequado e atenção às necessidades do cliente em todas as etapas do ciclo de relacionamento. Um caso de boa comunicação é enviar um e-mail de acompanhamento após uma compra, com recomendações personalizadas ou oferecendo suporte.

Tipos de comunicação com clientes

Entender os diferentes tipos de comunicação é fundamental para proporcionar uma experiência positiva. De e-mails a redes sociais, de ligações a encontros presenciais, há várias formas de criar conexões reais.

Você sabe qual é o canal preferido do seu cliente?

A seguir, conheça os principais tipos de comunicação com o cliente, suas vantagens e desafios:

Comunicação transacional

São mensagens enviadas durante o processo de compra, como confirmação ou envio de pedido, cobrança, ou auxílio em redefinir senhas. O objetivo é fornecer informações essenciais para uma experiência fluida.

Comunicação promocional

Focadas em chamar atenção para promoções, novos produtos ou descontos. Usam e-mails, SMS ou redes sociais para divulgar ofertas e incentivar compras.

Comunicação informativa

Notícias, atualizações sobre a empresa, lançamento de produtos ou mudanças em serviços. Newsletters e comunicados mantêm o público informado e engajado.

Comunicação de relacionamento

Mensagens pessoais, como felicitações de aniversário ou agradecimentos pela fidelidade, pesquisas de satisfação e mensagens personalizadas. Fomentam lealdade e pertencimento.

Comunicação de feedback e suporte

Diálogo com o cliente para resolver dúvidas, registrar reclamações ou receber sugestões, geralmente por meio de atendimentos, pesquisas ou solicitações de feedback.

Comunicação de crise

Essencial em momentos delicados, como interrupções no serviço ou problemas de reputação. O objetivo é informar, atualizar, reduzir danos e preservar a confiança dos clientes.

Comunicação automatizada

Mensagens automáticas sobre ações do usuário — por exemplo, inscrição, lembretes de renovação ou carrinhos abandonados. Automatizam o contato, garantindo agilidade e relevância.

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Comunicação em redes sociais

Interações em plataformas como Facebook, Instagram, LinkedIn, via posts, mensagens e comentários. Ampliam o alcance e humanizam o atendimento.

Comunicação legal e regulatória

Comunicações obrigatórias, como alterações nos termos de serviço ou políticas de privacidade. São formais, mas fundamentais para transparência e conformidade.

Entendendo estilos de comunicação

O estilo de comunicação é a forma única como você interage, expressando ideias com ou sem palavras, seja no texto, na fala ou em gestos.

Diretrizes de mensagens

Definir as mensagens principais é alinhar os valores, missão e proposta de valor em todos os canais. Por exemplo: “Nossas comunicações devem sempre destacar inovação, satisfação do cliente e sustentabilidade.”

A coerência em todos os canais — e-mail, redes sociais, impressos ou pessoalmente — garante que o público perceba o mesmo recado, independentemente do meio.

Use o construtor visual do HelpDesk para criar modelos de e-mail personalizados e manter a consistência da marca.

Tom de voz

O tom de voz deve ser escolhido conforme o contexto:

  • Profissional: Formalidade e respeito, ideal para reuniões e temas oficiais.
  • Amigável: Caloroso e acolhedor, ótimo para atendimento direto.
  • Informativo: Claro e objetivo, para instruções ou esclarecimentos.

O segredo é adaptar o tom à situação e ao perfil do público. Uma abordagem adequada torna as interações mais naturais e garante que o cliente se sinta ouvido e valorizado.

Diferença entre diretrizes de mensagem e tom de voz

As diretrizes dizem “o que” comunicar; o tom define “como” comunicar. Ambos contribuem para uma comunicação assertiva, coerente e alinhada ao propósito da empresa.

Formatos de comunicação

Comunicação escrita

Inclui e-mails, mensagens de texto, postagens em blogs ou anotações. Fundamental para registros claros e evitar “telefone sem fio”. Ortografia e gramática são essenciais para a mensagem ser compreendida.

Comunicação verbal

Conversas presenciais, chamadas telefônicas, vídeo chamadas, apresentações públicas. Permite feedback imediato, uso de emoções e sinais não verbais para enriquecer o diálogo.

Comunicação digital

E-mails, redes sociais, mensagens instantâneas ou chamadas de vídeo — integrando texto, voz, vídeo e imagens para maior expressividade. Exige equilíbrio entre informalidade e profissionalismo, além do respeito à privacidade.

Adote as melhores práticas em apps de atendimento: responda rápido, personalizando a comunicação, garantindo privacidade e buscando sempre o feedback.

Feedback e adaptação

O feedback — resposta direta ou indireta do cliente — ajuda a ajustar linguagem, formato e abordagem. Adaptar-se ao retorno recebido garante melhores conexões e resultados.

Estilos básicos de comunicação para o atendimento ao cliente

Estilo passivo

Evita expressar opiniões ou sentimentos, geralmente por receio de confronto. No atendimento ao cliente, pode gerar insatisfação por não transmitir claramente soluções ou limites.

Estilo agressivo

Abordagem hostil ou intimidadora, causando desconforto ou afastamento do cliente. Dificulta relacionamentos e pode prejudicar a reputação da empresa.

Estilo passivo-agressivo

Mistura de indiretas, sarcasmo ou críticas veladas, tornando difícil a resolução eficaz de problemas.

Estilo assertivo

Equilíbrio entre respeito e clareza. Defende interesses de forma direta, sem ser rude ou submisso. Este tipo fomenta relações de confiança e satisfação.

Ferramentas de gestão da comunicação com clientes

O Customer Communication Management (CCM) centraliza todo o envio e organização das comunicações, unificando canais e agilizando o atendimento.

Benefícios das soluções CCM

  • Personalização: Comunicação adaptada ao perfil de cada cliente, resultado de análise de dados.
  • Operações otimizadas: Integração de canais, colaboração ágil e mensagens consistentes.
  • Insights acionáveis: Compreensão profunda do comportamento do cliente, antecipando necessidades.
  • Experiência superior: Interações automatizadas, promoções e suporte proativo, tornando a experiência memorável.
  • Vantagem competitiva: Destaca a empresa no mercado por eficiência e inovação no atendimento.

Saiba mais sobre CCM e suas vantagens em Salesforce.

Diferenças entre CRM e CCM

  • CRM (Customer Relationship Management): Foca em gerenciar o relacionamento, vendas, marketing e suporte ao cliente, visando fidelização e crescimento.
  • CCM (Customer Communications Management): Dedica-se à personalização, distribuição e avaliação da comunicação outbound, garantindo conformidade e experiência continuada.

Em resumo, o CRM prioriza o relacionamento multifuncional, enquanto o CCM centraliza a comunicação personalizada e integrada.

Principais plataformas de comunicação com clientes

Diversas ferramentas facilitam o engajamento e a construção de relacionamentos:

  • CRMs: Organização dos dados para personalizar interações.
  • Chats ao vivo: Suporte em tempo real.
  • E-mail: Resolução ágil de dúvidas e integração de canais.
  • Redes sociais: Presença digital e atendimento informal.
  • Sistemas de tickets: Gestão eficiente de solicitações.
  • Fóruns e comunidades: Estímulo à troca de experiências e interação.
  • Pesquisas e enquetes: Coleta de feedback para aprimoramento contínuo.
  • Chatbots e IA: Automatização de tarefas rotineiras.
  • Chamadas de voz e vídeo: Proximidade nas interações.
  • Plataformas omnichannel: Integração de múltiplos canais para uma experiência unificada.
  • Apps de mensagens e SMS: Comunicação instantânea e direcionada.
  • Bases de conhecimento e autoatendimento: Redução de dúvidas e empoderamento do cliente.
  • Ferramentas de colaboração interna: Comunicação eficiente nas equipes.

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Comunicação em cada etapa da jornada do cliente

Compreender cada fase da jornada é fundamental para mapear a melhor estratégia de comunicação:

  • Conscientização: Chame atenção com conteúdo relevante em redes sociais ou parcerias com influenciadores.
  • Consideração: Ofereça informações personalizadas, recomendações e conteúdos educativos.
  • Compra: Torne o processo simples, com descontos e experiência de compra otimizada.
  • Pós-venda: Mantenha contato por meio de agradecimentos, pesquisas e promoções exclusivas.
  • Gestão de risco: Avalie e minimize impactos em situações de crise, comunicando com transparência.

Estrutura e funções do time de comunicação com clientes

Um bom time de comunicação tem papéis bem definidos, garantindo um atendimento eficiente e humanizado:

  • Gerente de comunicação: Estrategista e responsável por alinhar toda a operação.
  • Especialistas de comunicação: Produzem e executam campanhas e conteúdos.
  • Gestores de redes sociais: Dialogam com o público e acompanham tendências.
  • Atendentes: Solucionam dúvidas e apoiam clientes.
  • Analistas de dados: Avaliam métricas e identificam oportunidades.
  • Designers e criadores de conteúdo: Garantem comunicação visual e textual atraente.
  • Especialistas em PR: Gerenciam imagem e reputação.
  • Especialistas em feedback: Coletam insights diretamente dos clientes.

Métricas e KPIs para acompanhar a efetividade da comunicação

Monitorar resultados é essencial para aprimorar continuamente a comunicação:

  • Taxa de abertura: Percentual de e-mails lidos.
  • Taxa de conversão: Proporção de quem realizou ações desejadas.
  • Satisfação do cliente: Avaliações diretas e pesquisas.
  • Taxa de cliques: Número de interações com links ou chamadas para ação.

Acompanhe a eficiência do seu atendimento com o HelpDesk por 14 dias grátis.

Conclusão

Agora você já conhece estratégias e ferramentas para transformar a comunicação com seus clientes. O segredo é testar soluções intuitivas, como o HelpDesk, que integra canais, automatiza atendimentos e proporciona uma experiência consistente, personalizada e memorável desde o primeiro contato.

Melhores ferramentas de comunicação para 2025: top 20+ opções

Veja como escolher as melhores ferramentas de comunicação e turbinar sua equipe em 2025.

Tempo previsto
30/4/2025

Como garantir que sua equipe continue coesa, eficiente e à frente do mercado? Escolher o mix ideal de ferramentas de comunicação é crucial, mas diante das inúmeras opções, tomar a decisão certa pode parecer um verdadeiro labirinto.

Este guia descomplica o universo das ferramentas de comunicação, oferecendo uma visão clara das soluções ideais para potencializar a produtividade e o espírito colaborativo do seu time. Vou analisar o ecossistema dessas plataformas, dividindo em categorias fáceis de entender — desde mensagens diretas e videoconferências até soluções completas de gestão de projetos. Também abordarei os critérios que diferenciam as melhores ferramentas e as características essenciais, como facilidade de uso, protocolos de segurança, integração flexível e recursos em tempo real.

Vamos destacar líderes do setor como Microsoft Teams, Trello, Jira, Slack, Zoom, entre outros, além de oferecer insights sobre o que torna essas plataformas indispensáveis na comunicação empresarial moderna. E, olhando para o futuro, abordarei tendências como a adoção de IA, realidade aumentada e conectividade de última geração, que prometem transformar ainda mais os espaços colaborativos.

Prepare-se para escolher ferramentas eficazes que aumentem a clareza na comunicação, promovam união na equipe e impulsionem resultados. Mergulhe nos pontos essenciais para selecionar as soluções certas para o seu negócio — sem enrolação.

O que são ferramentas de comunicação empresarial?

Ferramentas de comunicação empresarial são aplicações e plataformas digitais que facilitam a comunicação e colaboração entre membros de uma equipe. Elas são essenciais para compartilhamento eficiente de informações, gestão de projetos, decisões estratégicas e para manter o engajamento dos colaboradores, especialmente em ambientes corporativos globais e remotos.

Objetivos dos softwares de comunicação empresarial

Imagine participar de uma equipe de marketing distribuída por várias cidades ou coordenar um desenvolvimento de software com membros trabalhando tanto presencialmente quanto de forma remota.

Como garantir alinhamento, cumprimento de prazos e fluxo criativo nessas situações? A resposta está em utilizar ferramentas de comunicação adequadas, voltadas para os seguintes objetivos:

1. Agilizar troca de informações

O objetivo é tornar o compartilhamento de dados mais rápido e eficiente, principalmente através de chats e grupos. A ideia é que todos tenham acesso imediato às informações e recursos necessários para desempenhar suas tarefas.

No contexto de uma empresa de e-commerce, por exemplo, o acesso em tempo real a informações dos produtos e do histórico de clientes permite uma resposta rápida e precisa às solicitações dos consumidores, melhorando o atendimento e a satisfação.

2. Facilitar colaboração

A colaboração é a essência de todo negócio. Softwares de comunicação oferecem ambientes de trabalho compartilhados, edição em tempo real e canais para feedback instantâneo.

Se uma questão de logística surgir no e-commerce, a equipe de suporte pode interagir com o time logístico em tempo real pelo mesmo sistema para solucionar rapidamente o problema do cliente.

3. Melhorar a gestão de projetos

Soluções modernas trazem recursos como atribuição de tarefas, acompanhamento do progresso e controle de recursos, que ajudam a manter projetos dentro do prazo e do orçamento.

Campanhas promocionais, lançamentos de produtos e outros projetos são executados com fluidez quando se utiliza ferramentas de gestão em conjunto com plataformas de comunicação.

4. Permitir colaboração remota e presencial

Com o trabalho remoto em alta, os softwares precisam simular o ambiente do escritório virtual. Isso incentiva uma comunicação clara e mantém o senso de comunidade mesmo à distância.

No ambiente de e-commerce global, equipes operam em múltiplos fusos horários e locais. Ferramentas adequadas mantêm todos alinhados e disponíveis para atender clientes 24/7.

5. Apoiar processos de decisão

Comunicação eficiente é essencial para tomadas de decisão assertivas. Plataformas modernas contam com recursos de análise, relatórios e compartilhamento de insights estratégicos.

O acesso facilitado a dados e métricas de desempenho auxilia a liderança a tomar decisões rápidas e alinhadas com a estratégia de negócio.

6. Garantir conectividade organizacional

Manter todos os colaboradores engajados e bem informados é vital para a cultura corporativa. Ferramentas de comunicação disseminam atualizações e reforçam o alinhamento organizacional.

7. Adaptar-se a novas demandas

O cenário empresarial evolui e, com ele, as necessidades de comunicação. Soluções flexíveis e escaláveis garantem que a empresa permaneça atualizada e competitiva, integrando ferramentas inovadoras sempre que necessário.

8. Assegurar segurança e compliance

Com o aumento do volume de dados sensíveis, segurança é prioridade. As melhores plataformas investem em criptografia e conformidade legal para garantir proteção total das informações.

9. Fortalecer a interação com o cliente

Além da comunicação interna, essas plataformas aprimoram o atendimento ao cliente, integrando canais como chat ao vivo, redes sociais e e-mail para resolver dúvidas e aumentar a fidelização.

Categorias de ferramentas de comunicação

Por tipo de comunicação

Comunicação verbal:
Inclui telefone, chamadas de voz e apps de voz, permitindo interação em tempo real.

Comunicação escrita:
Destacam-se e-mail, apps de mensagem instantânea (Slack, Teams, etc.), SMS e sistemas dedicados. Facilitam registro, colaboração e organização das conversas.

Comunicação visual:
Ferramentas como Zoom, Skype e compartilhamento de imagens adicionam dimensão visual e engajamento às interações, essenciais no trabalho remoto.

Por aspecto tecnológico

Ferramentas tradicionais:
Cartas, fax e telefone fixo ainda possuem relevância para formalidades e processos legais.

Ferramentas digitais:
Incluem e-mails, redes sociais, chats e videoconferências, ampliando o alcance e a rapidez das conexões.

Por objetivo de uso

Comunicação interna:
Facilita a troca de informações entre equipes e departamentos (intranets, chats corporativos, e-mails corporativos).

Comunicação externa:
Engloba plataformas de atendimento ao cliente, redes sociais e ferramentas de relações públicas.

💌 Para gestão centralizada, aposte em um sistema de tickets como o HelpDesk — unificando mensagens e evitando problemas de informações duplicadas.

Por estilo de interação

Síncrona:
Comunicação instantânea, ideal para decisões rápidas (telefone, chat ao vivo, videoconferência).

Assíncrona:
Permite envio de mensagens sem necessidade de resposta imediata (e-mail, fóruns, sistemas de tickets como o HelpDesk), promovendo flexibilidade.

🎯 Domine o trabalho assíncrono com soluções enriquecidas por automação e IA!

Por alcance

Comunicação de massa:
Alcançam grandes públicos via TV, rádio, jornais e redes sociais, sendo essenciais para empresas que buscam engajamento amplo.

Comunicação pessoal e de equipe:
Voltadas para interações diretas (e-mails pessoais, mensagens diretas), promovendo diálogo mais próximo.

Por plataforma

Mobile:
Apps como WhatsApp e e-mails adaptados para smartphones e tablets, permitindo acesso em movimento.

Desktop:
Plataformas ricas em funcionalidades para uso intenso em computadores, como Outlook e versões desktop dos principais apps.

5 características-chave das soluções de comunicação

Para extrair o máximo de qualquer ferramenta, fique atento a:

  1. Interface intuitiva:
    Facilita o acesso e uso dos recursos, mesmo para quem tem pouca experiência digital.
  2. Integração:
    Permite conexão com outras ferramentas, reduz troca de plataformas e aumento de produtividade (integração com CRM, redes sociais, etc.).
  3. Segurança:
    Inclua criptografia ponta a ponta, autenticação de dois fatores e conformidade com LGPD/GDPR.
  4. Personalização:
    Adaptação do sistema ao branding, fluxos e preferências da equipe.
  5. Recursos em tempo real:
    Mensagens instantâneas, videoconferências e colaboração simultânea aumentam a agilidade e criam senso de pertencimento.

Top 20+ ferramentas de comunicação para empresas em 2025

Neste ranking, confira as soluções mais populares, com pontos fortes e diferenciais de cada uma:

1. HelpDesk

HelpDesk é um sistema de tickets que facilita o atendimento ao cliente, categorizando, organizando e automatizando solicitações, com interface intuitiva, recursos de automação, IA para resumos e métricas detalhadas.

Destaques:

  • Organização centralizada de tickets
  • Automação de tarefas e distribuição inteligente
  • Recursos avançados de IA
  • Relatórios detalhados
  • Integração com diversas plataformas

2. Microsoft Teams

O Teams integra mensagens, chamadas de vídeo e documentos no ecossistema Microsoft 365. Ideal para colaboração em tempo real, com gravação de reuniões, transcrição automática e integração com Office.

3. Slack

O Slack organiza conversas por canais e integra múltiplas ferramentas. Oferece busca eficiente, notificações personalizáveis e integração com apps como Facebook, tornando-se central no fluxo de trabalho híbrido.

4. Zoom

Famoso pela simplicidade, o Zoom entrega videoconferências estáveis e de alta qualidade, mesmo com internet limitada. Permite reuniões grandes, salas simultâneas e personalização do ambiente.

5. Google Meet

Integrado ao Google Workspace, o Meet facilita reuniões por vídeo com agendamento fácil através do Gmail e Agenda. Oferece legendas automáticas e suporta grandes públicos de forma acessível.

6. Cisco Webex

O Cisco consolida videoconferência, webinars e colaboração em uma só solução, com alta segurança, assistente com IA e engajamento via enquetes e quadro branco.

7. Oracle

Além de banco de dados, a Oracle investe em soluções de comunicação integradas a CRMs e ferramentas de gestão, focando em segurança, análise de dados e escalabilidade.

8. Trello

Trello utiliza a plataforma SaaS baseada em quadros Kanban, super intuitiva para gerenciar projetos e tarefas visualmente, aceita automações e adapta-se a diferentes processos de equipe.

9. Asana

Asana é ótimo para visualização de cronogramas, balanceamento de prazos e integração com outros softwares. Atende desde tarefas simples a projetos complexos.

10. Salesforce

CRM referência do mercado, Salesforce centraliza atendimento ao cliente, integra vendas, marketing, análise de dados e inteligência artificial para insights e recomendações.

11. ClickUp

ClickUp, uma plataforma completa para gestão de tarefas e equipes, com colaboração em tempo real, fluxos altamente personalizáveis e múltiplas visualizações de projetos.

12. Happeo

Intranet social avançada integrada à Google Workspace. Happeo permite customização de páginas, canais colaborativos e centralização de informações organizacionais.

13. Simpplr

Simpplr, uma plataforma digital que atua como hub de notícias internas, diretório de pessoas e feed personalizado por departamento, promovendo o engajamento e transparência.

14. RingCentral

Integra mensagens, videochamadas e telefone em nuvem com segurança e flexibilidade. RingCentral é ideal para equipes diversas e empresas que buscam solução tudo-em-um.

15. Guru

Centraliza e valida o conhecimento da empresa. Guru garante que informações estejam sempre atualizadas, integrando com Slack, Teams e Google Workspace.

16. Zoho Cliq

Zoho Cliq é focado em mensagens rápidas, videoconferência, automação com bots e integração com o ecossistema Zoho e terceiros.

17. Notion

Notion tem espaço tudo-em-um para anotações, bancos de dados, gestão de tarefas e colaboração, personalizável e acessível via desktop e mobile.

18. Miro

Quadro branco colaborativo para brainstorming e planejamento visual, ideal para equipes remotas. Miro inclui templates prontos e integração com Slack, Zoom e Asana.

19. Chanty

A comunicação de Chanty é um simples via texto, áudio e vídeo, com gestão de tarefas Kanban, integração com Trello e Asana e compartilhamento fácil de arquivos.

20. Aircall

Aircall é um sistema de telefonia em nuvem, ideal para vendas e suporte, com integrações HubSpot, Salesforce, Zendesk e monitoramento de desempenho.

Como escolher a ferramenta de comunicação ideal para sua empresa

  • Analise necessidades do negócio:
    Considere tamanho da equipe, frequência e tipos de comunicação, integração com outras ferramentas e objetivos estratégicos.
  • Conheça o público-alvo:
    Entenda preferências e perfil dos usuários, garantindo aderência e engajamento.
  • Avalie orçamento:
    Pondere custos de implementação, treinamento e manutenção, escolhendo a solução com melhor custo-benefício.
  • Priorize escalabilidade:
    Certifique-se de que a plataforma pode acompanhar o crescimento da empresa.
  • Facilidade de uso:
    Prefira softwares com interface simples e intuitiva para rápida adoção.
  • Recursos de integração:
    Escolha ferramentas que se conectam facilmente com seus sistemas existentes.
  • Segurança e compliance:
    Exija criptografia e conformidade com LGPD.
  • Desempenho e confiabilidade:
    Opte por soluções com alta disponibilidade e performance.
  • Recursos de SEO e marketing:
    Facilite a divulgação e análise de resultados online.
  • Análise e relatórios:
    Dê preferência para plataformas com robustos recursos de relatórios.
  • Suporte e comunidade ativa:
    Priorize fornecedores com suporte ágil e comunidade ativa para troca de experiências.
  • Teste antes de decidir:
    Aproveite períodos de teste gratuitos para avaliar a aderência da ferramenta ao seu contexto.

15 tendências futuras das ferramentas de comunicação empresarial

  1. Integração de IA e machine learning:
    Aprimora processos internos e externos com automação inteligente.
  2. Realidade aumentada e virtual:
    Traz reuniões mais imersivas e interativas.
  3. Plataformas avançadas de colaboração:
    Unem videoconferência, gestão de projetos e interação em tempo real.
  4. 5G e conectividade aprimorada:
    Garante comunicação ágil e com alta qualidade de dados.
  5. Segurança reforçada:
    Investimento crescente em privacidade, criptografia e autenticação.
  6. Tecnologia por voz/hands-free:
    Simplifica o uso com comandos de voz e maior acessibilidade.
  7. Integração com IoT:
    Ambientes de trabalho mais inteligentes e conectados.
  8. Customização e personalização:
    Experiência adaptada ao perfil do usuário.
  9. Soluções sustentáveis:
    Adoção de práticas ecológicas nas ferramentas.
  10. Comunicação global e multilíngue:
    Tradução em tempo real e integração global.
  11. Blockchain:
    Mais segurança e transparência nas trocas de informações.
  12. Otimização para trabalho remoto:
    Ferramentas desenhadas para equipes distribuídas e híbridas.
  13. Conteúdo interativo e dinâmico:
    Mais engajamento com relatórios e reuniões interativos.
  14. Saúde mental e bem-estar:
    Funções focadas na redução do estresse e apoio ao colaborador.
  15. Chatbots inteligentes:
    Automatizam atendimento ao cliente, aumentando eficiência e satisfação.

Conclusão

Ao escolher a ferramenta certa, você centraliza as comunicações, elimina ruídos, acelera decisões e cria uma empresa ágil e integrada. As plataformas de comunicação são o coração de times modernos, conectando pessoas, processos e promovendo produtividade em 2025.

Fontes e recomendações adicionais em HelpDesk.com.

Guia completo de serviços em TI: estratégias, preços e gestão

Outsourcing e boas práticas transformam a gestão de TI e impulsionam competitividade.

Tempo previsto
30/4/2025

Guia completo: serviços em TI, estratégias de preços e gestão eficiente

Navegar pelo universo dos serviços em TI é essencial para empresas que buscam competitividade e segurança. Seja para aprimorar a gestão interna ou considerar o outsourcing, este guia reúne práticas, modelos de preços e fatores de sucesso para ampliar eficiência, reduzir custos e manter o foco nos objetivos de negócio.

Vantagens do outsourcing em TI

A terceirização dos serviços de TI vai além de uma tendência: representa uma mudança estratégica na forma como as organizações encaram tecnologia, compliance, escalabilidade e transformação digital. Entre os principais benefícios estão:

  • Redução de custos: elimina a necessidade de equipe interna exclusiva e transforma despesas fixas em variáveis.
  • Acesso a especialistas e inovações: permite utilizar expertises e ferramentas avançadas, antes restritas a grandes empresas.
  • Foco no core business: libera recursos para áreas essenciais.
  • Flexibilidade e escalabilidade: adapta-se ao crescimento da empresa sem grandes investimentos iniciais.
  • Segurança e conformidade: garante padrões elevados de proteção de dados.
  • Suporte contínuo: atendimento 24/7, essencial para empresas globais ou que não podem parar.

De acordo com a Markets and Markets, o mercado global de serviços gerenciados deve crescer de US$ 223 bilhões (2020) para US$ 329 bilhões (2025), com um CAGR de 8,1% – reflexo direto da crescente demanda por TI especializada e infraestrutura robusta.

Principais tipos de serviços de TI nas empresas

Os serviços de TI abrangem desde necessidades básicas até soluções avançadas, impulsionando inovação e competitividade:

  • Serviços gerenciados de TI: administração completa de infraestrutura, aplicações, redes e cibersegurança.
  • Cloud services: armazenamento, servidores, bancos de dados, softwares e analytics na nuvem, com escalabilidade e flexibilidade.
  • Segurança de rede: proteção contra ameaças digitais por meio de firewall, criptografia e autenticação elevada.
  • Backup e recuperação de dados: estratégias que garantem continuidade do negócio.
  • Consultoria em TI: planejamento estratégico, seleção de softwares e transformação digital.
  • Desenvolvimento e integração de softwares: soluções personalizadas que se integram ao ecossistema da empresa.
  • Suporte a hardware e software: manutenção, upgrades e troubleshooting contínuos.
  • VoIP: telefonia moderna via internet, reduzindo custos e ampliando recursos.
  • Analytics e BI: geração de inteligência sobre dados para tomada de decisão.
  • Help Desk: ponto central para suporte técnico, reduzindo o tempo de parada.
  • Administração de redes: implementação e gestão de conexões estáveis e seguras.
  • Compliance e auditoria: acompanhamento de normas regulatórias e segurança.
  • Gerenciamento de dispositivos móveis: controle, segurança e uso profissional de smartphones e tablets.

Modelos de preços em serviços de TI

Diferentes necessidades exigem modelos diversificados:

  • Preço fixo: mensalidades pré-definidas; ideal para demandas recorrentes.
  • Por usuário: escala fácil conforme o crescimento da empresa.
  • Por dispositivo: transparente e ajustável.
  • Por níveis (tiered): diferentes pacotes conforme demanda.
  • À la carte: escolha de serviços sob medida.
  • Preço por hora/projeto: sob demanda ou para projetos pontuais.
  • Baseado em valor: custo considerando impacto dos resultados para o cliente.

Avalie sempre: transparência, flexibilidade, orçamento e alinhamento do modelo de negócios.

Benefícios do outsourcing de TI

  • Economia significativa ao evitar equipamentos e equipe interna exclusiva.
  • Acesso direto a profissionais experientes e atualizados.
  • Maior foco em competências essenciais e inovação.
  • Redução de riscos em compliance e segurança digital.
  • Escalabilidade flexível para crescer sem dificuldades operacionais.
  • Suporte 24/7 para manter a operação sempre disponível.

Dicas para um outsourcing de TI bem-sucedido

  1. Defina objetivos e expectativas claras
  2. Escolha parceiros que conhecem seu setor
  3. Compreenda todos os custos envolvidos
  4. Garanta comunicação eficiente e contínua
  5. Priorize segurança e compliance
  6. Formalize o SLA detalhado
  7. Prepare a equipe para mudanças
  8. Monitore e revise os serviços periodicamente
  9. Tenha uma estratégia de saída bem planejada

Como escolher um provedor de TI gerenciado

Foque em experiência no seu segmento, portfólio de serviços, suporte ao cliente 24/7, segurança, escalabilidade, transparência nos preços, proatividade, referências, alinhamento cultural, atualização tecnológica e, se relevante, localização próxima para atendimento presencial.

Passo a passo para criar um catálogo de serviços de TI

  1. Defina o propósito e o escopo: quais serviços, para quem e alinhamento com o negócio.
  2. Mapeie todos os serviços: envolva equipe e usuários para visão real de demandas.
  3. Estruture o catálogo: categorias claras e navegação amigável.
  4. Descreva cada serviço: funções, benefícios, SLAs, custos e acesso.
  5. Estabeleça níveis de serviço (SLAs): indicadores de desempenho.
  6. Implemente processo de requisição: portal ou sistema de tickets.
  7. Revise com stakeholders: garanta precisão e alinhamento.
  8. Publique e divulgue: facilite o acesso dos usuários.
  9. Treine os usuários: para máxima adesão.
  10. Monitore e atualize regularmente: catálogo é dinâmico.

Como estruturar gestão do conhecimento e incidentes

  • Objetivos claros: agilidade na resolução, satisfação e prevenção de recorrências.
  • Base de conhecimento robusta: organizada, atualizada e acessível.
  • Gestão de incidentes estruturada: critérios, classificação, respostas e escalonamentos bem definidos.
  • Integração com ferramentas inteligentes: como HelpDesk, ITSM, portais de autosserviço e analytics.
  • Treinamento frequente: simulações e comunicação eficaz.
  • Métricas e auditorias periódicas: para melhoria contínua e compliance.

Resumo

Com este guia, você está preparado para tomar decisões estratégicas em TI, otimizar processos e maximizar o valor da tecnologia nos negócios. Mantenha-se atualizado, busque boas práticas e aposte na transformação digital para manter sua empresa competitiva, inovadora e segura.

Gestores mais velhos em restaurantes são mais avessos ao risco, aponta estudo

Pesquisa da UFSC revela que experiência prolongada influencia gestores a optarem por medidas conservadoras.

Tempo previsto
23/4/2025

Um estudo recente publicado na Revista Turismo, Visão e Ação (RTVA) revelou que gestores mais velhos e com maior tempo de serviço em restaurantes tendem a ser mais avessos ao risco em suas decisões corporativas. A pesquisa, conduzida por pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), analisou dados de mais de 2 mil restaurantes na Europa entre 2014 e 2016.

A pesquisa, intitulada "Influência das Características da Equipe de Gestão sobre a Tomada de Decisão de Risco: Evidências do Ramo de Restaurantes", utilizou a base de dados Amadeus e aplicou o método dos mínimos quadrados para analisar a relação entre as características dos gestores – idade, tempo de serviço, gênero e tamanho da equipe – e o nível de alavancagem financeira das empresas, usado como indicador de tomada de risco.

Os resultados mostraram uma correlação negativa significativa entre a idade e o tempo de serviço dos gestores e a propensão ao risco. Gestores mais velhos e aqueles que ocupavam o mesmo cargo há mais tempo demonstraram preferência por decisões mais conservadoras, optando por manter o status quo em vez de adotar estratégias inovadoras ou arriscadas.

Contrariando algumas expectativas, o estudo não encontrou relação significativa entre o tamanho da equipe de gestão ou a participação feminina e a tomada de risco. Embora pesquisas anteriores tenham sugerido uma possível influência desses fatores, os dados analisados não confirmaram essa hipótese no contexto específico da indústria de restaurantes.

Os autores sugerem que a aversão ao risco demonstrada por gestores mais experientes pode estar relacionada à priorização da estabilidade e da reputação construída ao longo da carreira. A familiaridade com o setor e a preocupação em preservar os ganhos obtidos podem levá-los a evitar decisões que representem potenciais ameaças ao negócio.

Implicações para o setor

As descobertas do estudo têm implicações importantes para a gestão de restaurantes. A pesquisa sugere que a composição da equipe gestora pode influenciar diretamente a estratégia e o desempenho das empresas. Restaurantes com gestores mais jovens podem estar mais dispostos a inovar e assumir riscos, enquanto aqueles liderados por gestores mais experientes podem priorizar a estabilidade e a segurança financeira.

Próximos passos

Os pesquisadores destacam a necessidade de estudos adicionais para aprofundar a compreensão da relação entre as características dos gestores e a tomada de decisão em restaurantes. A investigação de fatores psicológicos, como a tolerância ao risco individual, e a análise de dados de um período mais amplo poderiam enriquecer a discussão e fornecer insights mais precisos para o setor.

Suítes no jornalismo se relacionam com queda da confiança

Ausência de atualizações e de contexto em notícias contínuas afeta credibilidade e confiança dos leitores.

Tempo previsto
11/4/2025

Uma suíte jornalística é a continuidade de uma notícia em novas matérias que atualizam as anteriores. Algo como "Duas pessoas ficaram feridas em um acidente"; depois, "Homens que ficaram feridos em acidente fazem cirurgia"; ainda, "Homens que se feriram em acidente recebem alta"; e, ainda, "Empresa responsável por acidente com feridos é multada". Todas essas manchetes fantasiosas têm a ver com um mesmo fato originário.

Não é todo tipo de notícia que merece uma continuidade. Alguns acontecimentos e realizações têm fôlego para uma única aparição. Seja como for, para estar uma ou várias vezes no jornal, a "coisa" tem de ser verdadeiramente uma notícia, o que, basicamente, significa que não é publicidade ou propaganda – mas isso é assunto para outra oportunidade.

Em termos de formato, uma suíte não é nada diferente de uma notícia nova. Até porque só se tem uma continuação quando um novo fato é revelado. Mas é no estilo, pelo que notei, que a marmita das suítes azedou – no sentido de por que perderam o fôlego nos últimos anos.

Vamos tomar por exemplo uma investigação policial. O jornalismo de boa e de má qualidade têm interesse em pautas criminais. Porém, nos dois tipos de qualidade fica um sabor de vício, quem sabe originário do prazer de se "furar" (quando um jornalista é o primeiro em noticiar algo). É uma pressa que mais atrapalha que ajuda: não raro, são apresentadas versões que colaboram com uma história que se quer contar, que pode não ter nada a ver com o que aconteceu de verdade.

Contar toda a história

No caso de Homem armado ameaça jovem negro em SP, e policial se recusa a agir por estar 'de folga'; veja vídeo, por exemplo. É uma história que rapidamente conquistou a atenção dos jornalistas e do público, porque um vídeo comprova não somente a omissão de uma policial como também a agressão dela contra um jovem. Aqui, não está em discussão se a policial acertou ou errou. Ao mesmo tempo, faltou, pela ausência de suítes, a ampliação do contexto do vídeo de três minutos.

Uma história contada por sua característica intrigante pode render minutos de audiência, e um aumento de visitantes no site. Porém, sem continuidade, é um tiro no pé. Em 2023, o Digital News Report do Reuters Institute identificou que a confiança dos brasileiros no jornalismo é de 43%, uma diminuição de 19 pontos percentuais desde 2015. Estatisticamente, a tendência de queda pode marcar 41% em 2024. Nesse cenário, todos os recursos de inteligência e de integridade são bem-vindos para melhorar esses números.

As suítes são uma oportunidade para garantir ao público que as escolhas de pauta representam, ainda que contramajoritariamente, o compromisso do veículo com uma história contada do começo ao fim, com todas as nuances. Para isso, a linha editorial como um todo, e mais ainda os repórteres e editores, têm de encarar a atividade investigativa com o desprendimento de contar as coisas como elas são, e não como deveriam ser.

Analistas vendem transformações, enquanto impostores lucram com ilusões

A busca genuína pela coerência e transformação pessoal contrasta com promessas vazias e ilusórias do mercado.

Tempo previsto
23/4/2025

O convite para uma transformação pode ter inúmeras motivações. Em termos empresariais, por exemplo, pode partir da necessidade dos fundadores ou gestores de, ao criar um ambiente propenso à felicidade, aumentar a produtividade e, por consequência, os lucros. Em iniciativas governamentais, impulsionar os servidores e parceiros, pela percepção deles de segurança e reconhecimento, é um jeito de ampliar a criatividade, e de fazer os projetos andarem ainda mais rápido. Essas são motivações legítimas. Mas esses planos tendem a fracassar miseravelmente, apesar das excelentes intenções, se o emissor do convite não der provas de que se submeteu às mesmas transformações que propõe, e que essas o aproximaram de uma vida boa.

O termo “vida boa” pode ser observado a partir de muitos pontos de vista, da sabedoria ao teórico. Ele pode ser explorado pelas perspectivas da filosofia, democracia, teoria crítica (Habermas está frequentemente associado a tal pesquisa), mas nos importa sua versão acessível e carregada de humanidade: uma vida que encontrou um caminho suficientemente bom para diminuir o sofrimento. Uma vida que sofre menos é uma vida boa.

A maturidade, que evidentemente pouco tem a ver com a idade, pede sempre mais coerência. A coerência poupa energia, poupa tempo. O universo, coerente, usa seu poder para criar luzes, estrelas pequenas e distantes. A natureza, coerente, não pensa duas vezes antes de derramar o mar sobre o continente, quando isso deve fazer. Não se dialoga com o ciclone, com a erupção. Quem foi capaz de marcar uma reunião com as profundezas do subsolo e cancelar um terremoto? O aparente caos do ambiente é, a bem da verdade, a coerência da vida.

Nós, uma humanidade frágil diante da natureza e dos sofrimentos causados pelos outros, aprendemos, então, que a coerência é uma aliada da vida. É coerente, para o indivíduo que acredita sobre si mesmo que é menor que os outros, que emita sinais que organizem a consumação de suas percepções. É coerente que quem acredita, erroneamente, claro, que é maior ou melhor que os outros construa cenários que provem a ele que tem razão. Moral da história é: toda e qualquer vida humana, sábia até as últimas consequências, organiza o mundo para continuar viva. Se o único jeito de viver que aprendeu foi submetido, humilhado, mendigo de afetos, é coerente continuar assim, justamente para continuar vivo.

A defesa civil, entretanto, envia SMS quando os riscos de temporais são perigosos. Receber um convite para uma transformação é como um alerta da defesa civil. É um alerta de que as crenças e comportamentos estão prestes a causar mais um dano. Se é possível impedi-lo? Pela coerência: muito provavelmente não. Mas é possível criar planos de emergência, planos de futuro. É possível desocupar áreas perigosas da alma, mudar para paisagens mais altas, sóbrias, e refrescantes.

Quanto a mim (nos próximos parágrafos, decido não usar a tradicional primeira pessoa do plural freudiana), não ouso, não mais, convidar qualquer irmão (como chamo outros humanos) a algo que possa atrasar ou interromper o caminho dele.

Muito antes de acreditar em melhoras na qualidade da análise, da pesquisa, da técnica, tenho devoção pela liberdade humana. Ela pode ir para onde quiser, e terá, sempre que eu tiver condições, e for apropriado, minha companhia.

Se eu tivesse uma verdade universal, eu a apresentaria e, sem qualquer necessidade de convencimento, seria amplamente aceita. Jamais é o caso, porque o que compreendo por verdade pode não fazer o menor sentido para meu irmão. Mas tenho uma verdade ou outra não universal que às vezes é boazinha.

O certo é que costumo confessar a meus críticos intelectuais e políticos que estou em busca de um mapa de coerência. E não vejo a hora de mudar de ideia no que se pode mudar de ideia! De todo modo, realizei a façanha de ser relevante para mim mesmo, o que é muita coisa. Isso me poupa de de cair na lábia dos impostores.

Com isso, espero ter deixado claro que não posso, nem hoje e nem no futuro, prometer que tenho a revelação de um segredo, um jeito infalível, um milagre que pode render gargalhadas e dinheiro. Deixo essas promessas para quem tem experiência com elas: os que iludem e os que são iludidos (quase sempre pagam, em dinheiro, por isso). Isso não me desqualifica como vendedor, entretanto. Sob condições éticas, no papel de teleatendente, fui o melhor em vender débito automático na Tim Sul S/A, em algum mês de 2004, um ano antes de começar minha vida profissional no jornalismo.

Quando você me contratar, vai me remunerar pelo que posso fazer pela transformação que procura para si mesmo e para seus negócios. E será sempre muito mais caro do que os que iludem. Se a coerência é um diferencial de vida, que dirá de mercado.

Sou um pouco mais livre, e um pouco mais feliz, hoje do que fui ontem. Minha observação realista (embora eu seja um pessimista sereno) da vida é um suspiro desiludido. Quando, aos 15 anos, sofri amargamente o término de um namoro que tinha sido a melhor coisa de toda minha vida, e que jamais se repetiria, porque aquela era a minha única oportunidade de felicidade, e naquele momento só me restava viver em luto até minha morte solitária, um amigo que poderia ser meu bisavô me disse: “Vine, sabe qual é a vantagem de estar desiludido? É não estar iludido”.

No começo, deixar de acreditar em promessas deixa a gente incomodado. Depois, vai se tornando um estilo de vida tão sincero, tão honesto, tão coerente. Deixei de exigir dos outros que sejam o que eu espero deles. E não estou nem aí quando me exigem ser o que não sou. Entra por um ouvido e sair pelo outro. Ainda sofro, mas em uma vida boa, que sofre menos. No fim das contas, quem diria, eu sou um homem feliz, na medida do possível.

Cervi: 'Quando a religião foca no poder material [...] já perdeu a essência'

Em diálogo com Sgarbe, Cervi analisa papel do jornalismo e afirma que religião pautada por bens materiais perde propósito.

Tempo previsto
14/4/2025

Fiquei feliz todas as tardes de segundas-feiras, neste semestre. Em uma disciplina optativa da Universidade Federal do Paraná (UFPR), numa turma de pouquíssimos alunos, tive de Dr. Emerson Urizzi Cervi o impulso que me é caro para discutir jornalismo. Cervi tem um jeito sóbrio de jornalista que me lembra as redações que não sucumbiram ao deslumbre da internet.

Sgarbe: Querido professor Cervi, os leitores deste site se aborreceriam se eu não contasse a eles que escrevi ao senhor quando eu ainda estava no Ensino Médio e sonhava ser jornalista. Lembro de me interessar em comunicação política. Bem, tal qual é do feitio dos autocontratos, cá estamos em via de eu escrever o primeiro artigo para sua apreciação. Em tendo superado o principal aspecto afetivo desta conversa, caio no próximo. Isto é, o afeto frio que me causa assistir ao jornalismo de televisão. É que não se trata, evidentemente, de um gosto pessoal, mas de uma dimensão colegiada, coletiva, comunitária, do jornalismo. Apesar de minha convicção de que não é possível fazer jornalismo de massa tal qual o concebemos décadas atrás, é possível e necessário, é justo e necessário, que o jornalismo de televisão recorra à literatura básica do que é notícia. Refiro-me diretamente à “nova geração”, que tem à disposição repórteres de excelente qualidade, e pelos quais, via relações intrapessoais, o DNA do jornalismo se pode transferir. Desconfio muito seriamente de qualquer jornalismo que não traga claramente o dilema “comercial-editorial”. E minha primeira pergunta é: o que veio primeiro? O ovo ou a serpente? O jornalismo molenga é fruto de uma comunidade molenga?

Cervi: Sgarbe, o jornalismo é uma atividade humana, constrangida, limitada e potencializada pelo contexto social em que se encontra. O jornalismo do século XXI não será igual ao do século XX, que não pode ser comparado com o do século XIX simplesmente porque a sociedade de cada momento em que está inserido o jornalismo é específica.  Precisamos evitar alguns exageros se quisermos entender o papel do jornalismo na sociedade do século XXI. O primeiro é o do determinismo tecnológico. Não é a tecnologia que molda o jornalismo, mas, sim, o jornalismo que faz uso das tecnologias disponíveis para se moldar. O segundo é o excesso da centralidade do jornalismo no mundo.

O jornalismo é uma atividade profissional e uma instituição social que integra as chamadas instituições intermediadoras. Jornalismo, por natureza, intermedia a relação entre pessoas e pessoas, pessoas e instituições, pessoas e conceitos sociais mais abstratos.

Então, jornalismo faz bem seu papel quando consegue intermediar relações sociais de forma relevante, ou seja, de forma consequente. Historicamente o jornalismo de massa é uma instituição intermediadora para a estabilidade social. Ele apresenta as regras e comportamentos esperados (claro que existem os casos de jornalismo usado para fins revolucionários, mas, essa não é a regra). Porém, e aqui está um elemento importante, a boa consequência do papel de intermediador não depende apenas que quem intermedia, mas das expectativas daqueles que estão nas "pontas" dos processos de intermediação  - fora do âmbito direto do jornalismo - as fontes, de um lado, e o público, de outro. Se quisermos respostas sobre o jornalismo do século XXI precisamos, necessariamente, perguntar às fontes e ao público o que eles esperam do jornalismo do século XXI e não aos jornalistas diretamente.

Sgarbe: Quando li seu parágrafo, pensei “tenho de voltar com pelo menos algumas entrevistas, nas quais pergunto às pessoas sobre o que elas esperam do jornalismo”. Evidentemente não é o caso, mas tive o impulso de repórter. Entendo que para manter o jornalismo vivo, tal qual se fez em outras épocas, teremos de lidar comunidades absurdamente diferentes das que tivemos há dez ou vinte anos. Essas mudanças rápidas, justificadas às vezes pelo aporte tecnológico ou, até mesmo pela gravidade de uma pandemia, pouco tem a ver com efetivamente celulares e vacinas – itens que muito mais são sintoma do que causa. Depois do levante fascista e da Covid-19, estamos em um pós-guerra. Voltemos um pouco. Depois da Primeira Guerra Mundial, nós experimentamos as vanguardas de arte, dentre outros efeitos menos singelos. A psicanálise e o fundamentalismo religioso também saíram de lá. Ocorre que, no caso desses dois últimos, os resultados foram completamente diferentes. Para o primeiro, a conclusão é que o fim é inevitável e desejado, enquanto para o segundo se agarra à dureza de umas poucas frases que incentivam à espera pela volta do Messias. Entendo que, tal qual é esperado da história que se repita, nosso agora tem traços daqueles desenhos. É utópico, mas seria muito bom, que os indivíduos fossem capazes de lidar com seus problemas internos antes de ir ao palco público. Quem sabe daqui a mil anos. Há muitos cenários e microcenários na tela, então tenho consciência de que o recorte a seguir é impreciso. Nós nos polarizamos mais ou menos assim: de um lado, a cátedra, o culto à investigação científica (há poucas horas, disse que ao se crer na ciência sem restrições tornamos a ciência religião – caiu mal ao grupo, mas não me importo, nesse caso); do outro, o Deus poderoso que se vingará dos maus, e que nos distinguirá dos perversos. Acho que ambos estão viajando na maionese, por este motivo aqui: a que serve tudo isso se o que se busca não é a paz? Vai ser muito difícil obter respostas dessa gente quanto ao jornalismo. Enquanto isso, minha aposta é no jornalismo de precisão e em uma brilhante capacidade de diálogo e bom humor – seja com quem for.

Cervi: Bem, se te entendi bem, ampliamos a discussão, saindo do jornalismo propriamente dito. Se for isso, concordo com a sua proposta. Se tomarmos o jornalismo pelo que ele é: uma atividade profissional com impacto coletivo como fim, perceberemos que ele só pode ser entendido se colocado frente a outras instituições, grupos e normas sociais.

O fim coletivo do jornalismo é  o atendimento a demandas da sociedade por informação.

Quando esse fim é bem sucedido, a informação jornalística serve como amálgama social, que dá forma e une outras instituições sociais. Em outras palavras, a informação jornalística tem como fim a coesão social e não a distensão. O fenômeno típico do século XXI é que o jornalismo como fim enfrenta a concorrência da difusão de conteúdos e informações com o objetivo oposto ao da coesão social. Uma discussão interessante seria a da liberdade como direito. Assim como qualquer outro, não existem direitos absolutos em qualquer sociedade. No limite, até o direito à vida não é absoluto em muitas sociedades. O que acontecia no século XX é que as lutas pelo direito à ampliação e democratização da informação, que são meios, deixaram os fins, que é a coesão social, em segundo plano. É preciso recolocar a discussão sobre os fins da liberdade de expressão no debate público. Entendo que não foi o que você propôs, então paro por aqui. Sua proposta foi olhar para os conflitos sociais contemporâneos a partir do nível micro, o individual. E, nesse caso, você aponta quais são as instituições com mais impacto sobre o comportamento social a partir do indivíduo: a igreja, notadamente. A religião tem a capacidade de transpassar da esfera privada para a pública sem a necessidade de nenhum filtro. Só entenderemos os conflitos pessoais no início do século XXI no momento em que pensarmos como as religiões estão abordando as diferenças entre o poder espiritual e o poder material. Quando a religião foca no poder material é porque ela já perdeu a essência, que é o controle espiritual. A partir daí ela tende a estar cada vez mais envolvida em temas mundanos e menos nos espirituais. A sociedade toda perde, mas, principalmente, a religião é a principal derrotada. Tratar as crises dos indivíduos, os conflitos, as dissensões, a formação de bolhas sociais a partir do papel das instituições tem uma capacidade explicativa maior do que cair no determinismo tecnológicos, que tende a ser um beco sem saída.

'A opinião é livre, mas a burrice é imperdoável', argumenta Pedro Ribeiro

Jornalista analisa papel crítico da opinião na democracia e alerta que radicalismo e burrice são riscos imperdoáveis.

Tempo previsto
14/4/2025

Sgarbe: Pedro, nós conversamos há tanto tempo, e há tanto tempo jamais nos vimos pessoalmente, que tenho a impressão que voltamos aos anos 90, com a ideia do web-amigo — risos. Algo que nos une frequentemente, de volta à realidade deste um artigo de opinião, é o jornalismo, especialmente, que ironia, os artigos de opinião. Isso me faz lembrar do ídolo Gladimir Nascimento. Ele nos impedia, iniciantes que éramos, de colocar opiniões de ouvintes no ar sem um critério de respeito ao indivíduo que emitiria a opinião e ao que a ouviria. Algo como os filhos de Noé cobrindo o velhinho que tinha se passado com bebida. Em tendo introduzido o assunto da pior maneira, pergunto se você acha que a imprensa de 2022 faz bem ou mal de deixar passar tanta gente jegue no papel de colunistas, entrevistados, etc. Não seria o caso da gente evitar expor esses irmãos ao ridículo?

Pedro Ribeiro: Caro jornalista Vinícius Sgarbe. Ao falar com você, este velho sobrevivente das letras, ou da pena, como diz Nilson Monteiro, se sente gratificado e na certeza de que sairá daqui com aprendizado e conhecimento. Ao ser homenageado como uma das “Vozes do Paraná”, na coleção de personalidades paranaenses do professor Aroldo Murá, e agora falando com você, até acho que tenho um pouco de importância ou história no nosso jornalismo, onde comecei na Gazeta do Povo há 45 anos. Um pouco. Só.Artigos de opinião! Você não tem ideia de quantos chegam para mim por dia no Paraná Portal. Cada um de arrepiar. Por isso, depois de um filtro, os que acho interessante, coloco no rodapé: este artigo não representa, necessariamente, a opinião deste jornal e é de pura responsabilidade de seu autor. Hoje, caro Sgarbe, com as redes sociais e o chamado jornalismo cidadão, todo mundo tem contribuído, de uma forma ou outra, com “opinião”, para a construção da democracia e na esfera pública. Cada um tem sua razão. São artigos que, em muitos casos, suscitam debates, radicais ou não, e geram muitas polêmicas. Cada um que escreve um artigo, tem plena confiança de que a sua opinião está correta e, as vezes, temos exemplos dogmáticos. Não podemos, jamais, confundir artigos de opinião com reportagens jornalísticas, pois, para mim, o jornalismo, embora seja um espaço de contraponto, seu compromisso é com a verdade, com a reportagem dos fatos, devidamente investigados. É neutro. Tem seus valores de liberdade, dignidade, respeito e abertura ao contraditório. Jornalismo, para mim, meu caro amigo, é o pilar da democracia. Sem jornais não existe democracia. É difícil você ter que, por exemplo, dizer a um colega, que o artigo dele não passa de um release de interesse pessoal ou patronal. Ele pode se ofender. Prefiro, dizer que “o conselho de redação vai avaliar” (risos).

Sgarbe: Hoje, eu encontrei um desses cortes de podcast em que um homem diz “burro é quem não muda de opinião”. Até me lembra o anúncio do cigarro Free. Penso que aquele homem está certo. Podemos redecidir uma opinião com base em novos fatos. Estou lendo um livro ótimo do Bion, “Aprender da experiência”, um texto psicanalítico. Eu me pergunto frequentemente, diariamente, o que aprendi, afinal. Uma das coisas e que o sarcasmo pode fazer muito mal às relações interpessoais. Com essas relações prejudicadas, fica mais difícil transferir conhecimento. Considero que o sarcasmo pode até mesmo ser um empecilho para quem está procurando por uma verdade. O que argumento é que não podemos, nós, jornalistas, suportar o peso de um único ponto de vista, temos de sair da escravidão da “lacrolândia”. Uma opinião forte é bem-vinda — muito diferentemente dos comentários bobos que âncoras podem fazer porque não têm o que dizer. Para uma opinião forte se requer um indivíduo forte, uma “mulher inteira”, um “homem inteiro”. Parece difícil para o jornalista de 2022 entender que ele não precisa, que continua não precisando, salvar a lavoura da mídia, que os papéis comerciais e editoriais estão muito bem sedimentados. Ele tem de fazer o trabalho dele, ser amado pelas pessoas da própria família, pelos amigos, mas que não precisa implorar por sucesso quando noticia.

Pedro Ribeiro: Deixar um pensamento radical, intolerante e mudar com convicção, não é vergonha, pelo contrário, é saber reconhecer que a terra é redonda e não plana, que a fila anda. É saudável, faz bem para a alma. Fazer uma reflexão e autocrítica sobre pontos de vistas oxigena nosso cérebro e nos faz seguir um caminho verdadeiro. Nosso país, uma das maiores democracias do mundo, exige isso. É um país que experimenta e respira liberdade, pelo menos no jornalismo pós-ditadura. O que vemos são algumas coisas pontuais como intolerância sobre urnas eletrônicas, tentativas de golpe, coisas pequenas que não chegar a arranhar o sistema democrático. Nada violento. A opinião é livre, mas a burrice é imperdoável, porque você tem tempo para aprender e inovar. Como jornalista que escreve editoriais (artigos de opinião própria e da linha de pensamento do jornal), eu erro e procuro corrigir meus erros e, às vezes, mudando de opinião. Isto não é vergonhoso para mim. Muitos amigos me perguntam: você vai votar no ladrão? Respondo com peito estufado de jornalista não engajado que voto em quem é o melhor e, no nosso caso, hoje, em quem é menos ruim. O ladrão, pode ter aprendido no pau de arara, com chicotadas nas costas, mas o burro, o radical é pior. Esta é minha “opinião” e posso mudá-la se alguém me provar que teremos, do outro lado, um programa econômico e social para nosso país que privilegie a camada fina da sociedade e não os poucos mais de 500 congressistas e outros 55 mil autoridades que tem foro privilegiado. Orçamentos secretos, dinheiro a rodo do Fundo Eleitoral. Isto não combina com minha linha de pensamento jornalístico. Neste caso, sou até radical e as vezes exagero na mão. Mas não dobro os joelhos. Vejo muitos colegas jornalistas de hoje que têm uma linha correta e rezam pela cartilha do bom jornalismo como aquele que jura com a mão na Bíblia ou diante da Justiça, em dizer a verdade, somente a verdade. Nosso país está carente de lideranças. O Brasil, hoje, é o retrato do seu próprio retrovisor, ou espelho. Um abraço, Sgarbe.

Sgarbe: Obrigado pela aula, Pedro! Abraço.

Reformar o povo é autoritário, e reformar as eleições é necessário

João Arruda defende reforma política ao invés de tentar "reformar o eleitor" e critica atuais mecanismos eleitorais.

Tempo previsto
14/4/2025

Sgarbe: João, a gente se conheceu falando mal do MDB. Ambos eram (são) filiados. Algo que me ligou a você foi a capacidade de autocrítica, tenho chamado essa disposição de “pessimismo sereno”. Mas, eu olho as candidatas e os candidatos à Câmara dos Deputados e à Assembleia, e penso assim: não conseguem sequer criticar a si mesmos, que dirá o próprio partido, ou a política nacional. Onde temos errado na “seleção” de pessoas para a vida pública? Não lhe parece que o pessoal é curva de rio?

João Arruda: O problema está em quem escolhe. Dirigentes de partido se perpetuam à frente das agremiações, e, com o controle dos delegados e do fundo eleitoral, fica praticamente impossível tira-los do poder. É um cartório! Hoje, o presidente de partido ganha um bom salário e exerce a função como profissão. Poderia aproveitar a oportunidade para melhorar a qualidade dos seus quadros, capacitar e formar líderes capazes de transformar o país, mas não é o que acontece na prática. Outro problema é o desinteresse da população. O que dá retorno eleitoral? Uma boa proposta ou fakenews nas redes sociais? Um projeto ou dinheiro? Ideais ou popularidade a qualquer custo? Princípios ou um prefeito no cabresto? Sem votos, o maior quadro da política mundial não sobrevive, e não coloca nada do que aprendeu em prática. Vai, no máximo, escrever e debater com amigos e outros quadros. Tudo que escrevi aqui, dirigentes de má qualidade, desafios para que o eleitor preste mais atenção, só se resolve de uma maneira: uma reforma eleitoral radical, e bem pensada, através de plebiscito. Toda reforma que seja aprovada no Congresso só vai beneficiar senadores e deputados que já estão lá, que querem permanecer pra sempre.

Sgarbe: Temos uma advogada conhecida em comum, mas esqueci o nome dela, que defende a “reforma do povo”. Uma reforma no eleitor. Comentei o assunto em um grupo de jornalistas, e logo alguém disse que a ideia é de Bolsonaro. Bem, finalmente chegamos a uma ideia nem tão ruim do presidente. Quando me refiro ao “povo”, tem a ver com um tipo de mudança que não se pode ter de uma eleição para outra. Na Itália, a primeira mulher a governar o país é apaixonada por Mussolini. Supondo que Mussolini não tivesse matado aproximadamente um milhão de pessoas, deveria haver pelo menos um constrangimento em dar apoio a um homem que supostamente matou um milhão de pessoas. Mas não há. É quando penso no seu último parágrafo, nos “caciques” que escolhem bandeiras do entretenimento sádico para garantir a cadeira, concluo que a política está muito cheia de “indivíduos”, de histórias pessoais mal resolvidas, de dores de alma agarradas à vingança, à autodestruição, à poluição. Quando eu for o Líder Supremo do Brasil, vou decretar pelo menos seis meses de terapia para os candidatos antes do registro de candidatura.

João Arruda: Tem doido pra tudo! Outro dia, minha irmã me disse que quem vota no Bolsonaro é fascista, racista, e não gosta de pobres. Perguntei a ela: “você já parou para pensar que é julgada como corrupta porque vota em Lula? Cada pessoa faz a escolha que quer, e encontra suas razões pra votar. Você acha existe má intenção quando fazem isso, mesmo quando votam em um bandido?”. Já me decepcionei muito no passado, mas,hoje, procuro compreender as razões pelas quais alguém vota num canalha. Reformar o eleitor é mais ou menos o que alguns tentam fazer. Talvez o Mussolini, Hitler, e outros ditadores pensariam em uma alternativa como essa.  Ou quem sabe a alternativa mais moderna seria “a cura do eleitor que não sabe votar”, algo como a “cura gay” do Feliciano. Mas, investigando as razões por que uma pessoa boa vota em alguém que não presta, chego à conclusão de que a reforma tem que ser eleitoral, e não pessoal. Tudo tem a ver com acesso a informação e conhecimento, com as bolhas da internet (fakenews), estruturas de divulgação (grana de campanha), desvios nas responsabilidades constitucionais de quem exerce o mandato, imprensa, pesquisas, tempo de TV, produção de material, tempo de campanha, reeleição, e muito mais... Ah! Mas você não fala da empatia do eleitor pelo candidato? A relação eleitor-candidato é construída pelo sistema, ou,melhor, pelos erros do sistema. Vamos evoluir, e ter muito mais consciência política, quando nos interessarmos de verdade. Um sistema decente poderá, inclusive, despertar mais interesse pela política. Enquanto isso, vamos continuar com canalhas explorando a ignorância alheia. Ou você acha que o voto da pessoa que não tem conhecimento ou é facilmente manipulada vale menos do que o voto do intelectual politizado? O debate é duro e precisamos evoluir, mas aceitando nossas falhas e agindo com ações revolucionárias.

Desarmamento e fraternidade no último sorriso de Francisco

O Papa que se despede enfrentou tsunamis de ódio, e deixou lições amorosas. Seus conselhos foram breves e profundos.

Tempo previsto
22/4/2025

Francisco foi um excelente pai para a Igreja. Chamo-o assim, pelo primeiro e único nome, porque deixou em seu testamento que deveria ser a inscrição em seu túmulo: “Franciscus”.

Escrito na metade de 2022, o texto oferece o “sofrimento que esteve presente na última parte” da vida do Papa ao “Senhor, pela paz no mundo e pela fraternidade entre os povos”. Infere‑se que, desde então, a despedida esteve em suas preocupações.

É coerente sentir estranheza diante de um líder que telefonava para o pároco de Gaza, e que não se esquivou de pedir o desarmamento e o fim da guerra. Naquilo que chamava de “globalização da indiferença”, os homens passaram a consumir os horrores da natureza violenta sem tomar qualquer providência.

Certamente ele foi atingido pelos tsunamis de ódio que cobriram a comunidade humana nos últimos anos. Nesse sentido, nunca vi tanto descompasso entre católicos. Porém, não me surpreende em nada. Afinal, quem não está perdido?

O riso de Francisco vai fazer muita falta. Seu jeito simples de oferecer conselhos, e de ensinar a dar conselhos. Para ele, um sermão não deveria passar de oito minutos. Que respeito aos ouvidos, e ao tempo dos outros! “O senso de humor é um certificado de sanidade”, defendeu.

Pergunta-se, com razoável preocupação, o quanto as lições de caridade ensinadas por ele estão aprendidas, quanto internalizadas. Para que nenhuma geada queime a lavoura de novos cristãos, os cardeais têm agora o trabalho de escolher um Papa que nos ame.

Uns dias antes de morrer, no fim do ano passado, meu avô Jorge ouviu Ravel comigo. Dedico essa memória.

Médiuns sem escuta e espíritos subempregados mantêm pateta

Reflexão provocativa relaciona comunicação, espiritualidade e ruído como caminho para clareza e entendimento.

Tempo previsto
11/4/2025

Falho repetidamente. Agora mesmo, falhei no propósito de ir para a cama às 21h30. Por alguma razão parecida com “puta que pariu! Eu não durmo mais que quatro horas mesmo”, entreguei-me à deriva da escuridão.

Temo que uma autoridade severa chore para me disciplinar: “não é hora de ir ao banheiro”. Atividades em geral. Os chats da madrugada chegaram ao fim, cobertos de areia, desintegrados por um choque, incinerados. Dá aquele dózinho. Toda aquela literatura caótica que me trouxe tantos amigos enlouqueceu, e fala sozinha nos posts do Mark.

O livro que Maku me enviou é bem escrito, claro, mas é lido em supercâmera lenta. A personagem começa a se revelar a partir da vontade de morrer. Não se encontra gente honesta assim com facilidade. Como torradas com cream cheese e geleia de frutas vermelhas. Foi a caixa, o pote. Troquei por nata. Nata não tem erro.

Esse fractal, então: a morte e a vida se explicando pouco, falando rápido e alto, tal qual turistas brasileiras de batom vermelho e bolsas tiracolo encantando o mundo com uma malcriação sorridente. Minha análise, a seguir, é sofisticada.

Há desafinações da vida que são, é preciso repetir, forças da natureza. Desafinações, neste texto, são metaforicamente Meryl Streep interpretando Florence Foster Jenkins no cinema, ou qualquer instrumento que deveria vibrar um sublime “ooowooowooow”, mas acaba por materializar a Vó Jephinha se aventurando fora do tom, sem melodia.

Gosto da água porque ela não perde tempo com pedra ou muro; desvia, aceita um bom túnel, mas, se precisar, arrebenta com tudo. A água toma para si terrenos que nem vocação para piscina tinham, repousando ali uma inundação calamitosa.

As regiões do mundo que estão para desaparecer precisam de suporte intelectual para resolver questões de propriedade, repatriação e o retorno de burocracias previsíveis. Não se pode erguer uma ilha na parte de cima de um sobrado; nem mesmo catedrais japonesas de drenagem fazem diferença no oceano. Perigos assim equiparam nossa inteligência a nada. A natureza é uma das três fontes notáveis de desprazer na psicanálise freudiana.

“E de todo esse instrumento desafinado eu nunca fui aprendiz.” Há esse verso numa letra de Gabrielle Seraine. E na música dela também, quando se canta “[desa]finado”, quando se canta exatamente “finado”, a harmonia se despedaça por um instante, como uma criança filha da puta assoprando uma flauta de plástico. É o vale antes do topo, o “dark before the dawn”.

Espírito de Flusser

Quando o indivíduo desafinado — o “médium” (de mídia, não de falar com mortos) — emite ruídos, a comunicação fica mais nítida. Vamos usar a palavra “comunicação” como um sinônimo futuro para “espírito”, uma belíssima concepção de Flusser.

Nas religiões que lidam com “espíritos”, note-se a similaridade na condução das intenções: portas são abertas e fechadas, pessoas são estimuladas a movimentar a psique, e até mesmo pedidos banais que não passam de burocracias previsíveis. Pede-se, promete-se, agradece-se, expulsa-se, infunde-se — tudo pela conjuração de palavras humanas e inteligíveis.

Aceitar a Jesus, renunciar à maçonaria, declarar a vitória, tomar posse da bênção, fazer macumba para a Dona Ida morrer (criança é muito inventiva) — tudo isso requer falar. Do feitiço do Pai Grego à corrente de oração Sete Batidas na Porta da Graça do pessoal da Janine. Comunicação. Fala. Escuta.

Em alguns cultos evangélicos, diante de uma comunicação insatisfatória, é provável que alguém passe a fazer o papel de endemoniado em favor do grupo. A missa católica tem tantos recursos de comunicação que uma parte do sermão acaba guardada.

Os “espíritos” são assunto antigo, primitivo. Foi o jeito de manter os mortos por perto. Depois, esses mortos viraram demônios. A história registra em termos antropológicos; tenho aqui um original do Frazer que ganhei de Luca. Meu ponto é: se os espíritos “nascem” de mortos domésticos, é natural que, antes de se comprometerem com eventos fora de casa — falando em reuniões espíritas, fazendo vento — estejam disponíveis no inventário da família.

Poderosos porém patetas

Há poder na psicanálise, na Análise Transacional, nos Narcóticos Anônimos. Mas esses empreendimentos precisam de muito mais tempo, especialização e oportunidades para erros do que se pode alcançar em família, quando uma família está disponível. Família, claro, entenda-se amplamente.

Uma família que tenha compreendido a perenidade do amor, que tenha deixado as lutas por reconhecimento para práticas comunitárias, tem mais chances de sucesso na invocação de espíritos poderosos.

O poderoso espírito do criador, para aqueles que creem assim, tem de fazer alguma diferença. Deus está morto? Não se engane. Escrevo sobre comunicação. Sobre conjurar, invocar, boa comunicação. Na última linha do ruído, “tomar posse da bênção”, como bem observado por Nina.

Em português, “espíritos” são comunicação pelo menos desde 1976, quando Cartola compôs: “De cada morto herdará só o cinismo”. A partir do meu tensionamento, Flusser nos oferece uma simplificação: é muita “batalha espiritual” para pouco “conversar igual gente”.

Voltemos. A relação do desafinado, do finado — propriamente a palavra em questão, ruído, essa coisa que perturba o sono — com a nitidez não é somente poesia. A física e a engenharia de computação que sustentam a geração de imagens procedem da utilização de duas etapas bem básicas que não prejudicam uma à outra.

Para melhorar a pele de alguém em uma fotografia, é preciso primeiro o carinho do embaçar, como um hipermetrope sem óculos. Depois, tem de adicionar ruído, algo parecido com a TV antiga sem sinal. E então se pode ver melhor.

Assim, minha sugestão para o grupo — risos — é uma apreciação do ruído, junto a uma observação atenta dos conteúdos das perturbações. Quando acabar essa pilha, com mais nitidez, sejamos arrogantes em nossas pretenções de dignidade,

Só que eu ia escrever sobre algo completamente diferente. Vou fazer outro post.

Ridículo e coragem são bem-vindos para ser quem se é

Ser autêntico exige superar medos e estar disposto a enfrentar os julgamentos externos com coragem e verdade.

Tempo previsto
11/4/2025

Os ares de novidade que uma virada de ano traz parecem com os efeitos de uma renovação de votos. É, digamos, uma oportunidade. A título de analogia, uma cerimonia de bodas por si mesma é impotente para realizar mudanças no casal, no sentido de ampliações de confiança e de reciprocidade, e da consequente felicidade dessas ampliações. Uma cerimônia em si não é nada, mas a concentração da dupla para uma aquisição de consciência melhor é sim. Com o ano novo é muito parecido.

É completamente compreensível desprezar a contagem do tempo pelo calendário comercial, quando o que se intenciona é uma vida livre e frutífera. Uma história pessoal não poderia estar (mas frequentemente está) sujeita à mecânica do trabalho exaustivo: férias, recessos, e feriados. Coisas dessa categoria são muito bem-vindas, é claro, mas correspondem quase sempre à lógica da indústria e do consumo. Daí entra aquele provérbio: “quanto mais você tem, menos você é”.

Nesses contextos, comprar uma roupa nova para o réveillon pode ser uma atitude ambivalente. Em uma mão está a obrigação da compra, da competição que se estabelece com os outros convidados da festa. Na outra está uma legítima disposição para o autocuidado, e para que a parte externa corresponda à novidade do eu mais íntimo.

Para mudar de ano dentro de si é requerido um certo ridículo. Isto é, cruzar a linha do ridículo. Em vez de uma fantasia, vestir-se com o que realmente corresponde ao que se é. Não é fantasiar-se de ser, é ser em essência. Algo interessante é o fato de que aquilo que se deseja ser no futuro somente pode ser verdade se o for agora mesmo. Essa é uma ideia muito básica da filosofia. É também verdade que se algo deixou de ser é porque jamais o foi.

O que chamei de ridículo anteriormente poderia ser também chamado de coragem. Calçar os próprios sapatos, abrir o peito: pensar, falar, agir, e festejar a partir do que se é verdadeiramente, que sempre o foi, e será para sempre. Mas a coragem está menos no aspecto comportamental, que até mesmo um ator canastrão poderia interpretar com toda covardia, e muito mais em uma permissão para que o espírito individual comunique ao mundo o que veio fazer.

A esquerda abandonou a pauta moral, e a entregou a seus detratores

Reflexão crítica sobre como a esquerda abriu mão das pautas morais e criou um vácuo preenchido pelos opositores digitais.

Tempo previsto
14/4/2025

Por que a "extrema direita", como convencionado por parte da impresa chamar praticamente qualquer pauta desagradável, tem tanto mais sucesso na internet que a esquerda? Quanto nós, esquerdistas, já nos tornamos as pessoas insuportáveis que antes queríamos converter?

Contemple 'Trapo', de Fernando Pessoa, em uma experiência sonora

Clássico poema do autor português agora ganha ambientação auditiva, explorando sentimentos e sensações íntimas.

Tempo previsto
14/4/2025

O dia deu em chuvoso.
A manhã, contudo, estava bastante azul.
O dia deu em chuvoso.
Desde manhã eu estava um pouco triste.

Antecipação? Tristeza? Coisa nenhuma?
Não sei: já ao acordar estava triste.
O dia deu em chuvoso.

Bem sei: a penumbra da chuva é elegante.
Bem sei: o sol oprime, por ser tão ordinário, um elegante.
Bem sei: ser susceptível às mudanças de luz não é elegante.
Mas quem disse ao sol ou aos outros que eu quero ser elegante?
Dêem-me o céu azul e o sol visível.
Névoa, chuvas, escuros — isso tenho eu em mim.

Hoje quero só sossego.
Até amaria o lar, desde que o não tivesse.
Chego a ter sono de vontade de ter sossego.
Não exageremos!
Tenho efetivamente sono, sem explicação.
O dia deu em chuvoso.

Carinhos? Afectos? São memórias...
É preciso ser-se criança para os ter...
Minha madrugada perdida, meu céu azul verdadeiro!
O dia deu em chuvoso.

Boca bonita da filha do caseiro,
Polpa de fruta de um coração por comer...
Quando foi isso? Não sei...
No azul da manhã...

O dia deu em chuvoso.

(PESSOA, 2016, p. 269)

Usar uma simples agenda aumenta a confiança profissional

Entenda como agendas simples evitam atrasos e esquecimentos, melhoram produtividade e transmitem confiança no trabalho.

Tempo previsto
14/4/2025

Você pode ter ouvido alguém dizer que queria o dia tivesse 48 horas. Quem fala assim, geralmente está correndo para chegar atrasado ao próximo compromisso. Essa pessoa pode até mesmo viver para se desculpar.

Isso porque entrou por último em uma reunião, porque não conseguiu chegar no começo de uma aula importante, porque precisa de mais prazo para entregar um trabalho combinado há muitos dias.

Ser pontual pode parecer um talento dado a alguns, e que falta a outros. Mas pontualidade não depende só de talento. Pelo contrário, o que faz a pontualidade é a ordem dada as coisas do dia. E é algo que se pode aprender e ensinar.

O que você acha de chegar a um compromisso marcado para as 9h, e ser recebido uma hora depois? Vai ser difícil encontrar alguém que goste de ter o tempo abusado por outra pessoa. E quando deixamos alguém nos esperando? Por mais que nosso convidado diga que “tudo bem, não tem problema. Não tem problema nenhum você ter se atrasado, eu entendo”, ele deve ter se perguntado se nosso tempo é realmente mais importante do que o tempo dele. Desprezar o próprio tempo já é uma coisa bem ruim. Que dirá o tempo dos outros, especialmente aqueles que nos ajudam em nossos projetos.

Ter uma agenda é importante para controlar os compromissos, as tarefas e os prazos.

Uma agenda bem escrita ajuda a priorizar as atividades, a evitar esquecimentos, e a aumentar a produtividade. Além disso, ajuda a organizar uma rotina diária que se converta em objetivos de longo prazo. Uma agenda também pode ser usada para registrar ideias, e anotar insights importantes durante reuniões e conversas. Em resumo, ter uma agenda no trabalho é essencial para alcançar a confiança dos outros.

Desde as agendas em papel, até os calendários eletrônicos, ou agendas de grupos na internet, as agendas são cada vez mais fáceis de usar, e têm integração com celulares, e serviços como a Alexa da Amazon. Sendo assim, como os lembretes ficam sempre por perto, fica difícil, quase impossível, perder um compromisso. Uma simples agenda pode reescrever uma vida profissional.

Na próxima coluna, vamos falar sobre um jeito elegante, e assertivo, de interromper um compromisso que passou do horário combinado.

Ilusão e mentira são origem de nossa apatia com o genocídio

Indiferença diante do sofrimento humano decorre de mentiras históricas e ilusões sobre o alcance de nossa empatia.

Tempo previsto
11/4/2025

Este artigo não é exatamente esperançoso, se lido às pressas. Ele tende a fazer mais sentido quando, pela conversa difícil, conquistamos alguma liberdade para pensar e agir sobre as guerras sem a interferência dos exércitos. Afinal, não há nada que os que promovem a guerra possam fazer pela paz.

Lembro de minhas primeiras aulas sobre Segunda Guerra. Bem, como esquecê-las. À época, achava nem um pouco atraente saber em que anos ela tinha começado e terminado. Considero que as datas faziam pouco sentido para mim devido minha inexperiência de relacionar eventos. Além do mais, minha pouca idade não diferenciava o que cabe em um, dez, ou cem anos.

Em linhas gerais, e para efeito de prova, a Segunda tinha vindo depois da Primeira. E se chamava mundial porque aqueles que a chamaram assim consideravam que o mundo inteiro se resumia a eles. Conhecimento de Ensino Fundamental que vale para a atualidade.

Abre parênteses. Quem passou pelos anos noventa sabe que, em termos de IML, gente atropelada, esfaqueada, cadáveres em putrefação, a televisão nos abasteceu abundantemente com imagens violentas. Na cidade onde eu cresci, uma mulher afogou os dois filhos em um poço, e depois se jogou também. No programa do almoço, assisti aos corpinhos que boiavam. Outro caso foi o da filha que, com a ajuda da namorada, matou a mãe, e a vó. Sem contar o estupro, assassinato e roubo empreendidos contra uma idosa que morava sozinha na Rua XV.

No fim das contas, os que morriam e os que matavam tinham algum parentesco com alguém próximo. Eram, de todo modo, degenerados, não contavam exatamente como gente. Isso sem contar os casos nacionais, Chacina da Candelária, Daniella Perez, Índio Galdino. Fecha parênteses. Este é meu argumento: fica difícil impressionar uma criança brasileira.

Aqueles homicidas comuns, embora perigosíssimos, tinham praticado seus crimes de sorrate. Foram descobertos, e, depois, televisionados, presos, linchados, ou mortos pela polícia. Mas o que nos contavam sobre os campos de extermínio era totalmente diferente, e muitas vezes mais assustador. Tinha algo de errado em multidões assassinadas à luz do dia.

Jeito que ficou

O que sabemos sobre o genocídio de judeus está marcado em preto e branco em nossas memórias, tanto pelas fotos quanto pela brilhante obra cinematográfica A lista de Schindler (1993) dirigida por Steven Spilberg. Graças às novas tecnologias, parte dessas memórias podem nos tocar ainda mais profundamente. A partir da reunião de recursos digitais, eu mesmo colori uma foto de crianças sobreviventes de Auschwitz tirada por Alexander Vorontsov.

"Um grupo de crianças sobreviventes atrás de uma cerca de arame farpado no campo de concentração nazista de Auschwitz-Birkenau, no sul da Polônia, no dia da libertação do campo pelo Exército Vermelho, em 27 de janeiro de 1945" (Getty Images). Tradução nossa.

É difícil olhar para elas e dizer: “nós desprezamos suas famílias ao máximo, escolhemos quem seria escravizado e quem seria morto e incinerado em nossas quatro câmaras de gás com crematórios”. Porque foi exatamente o que, no papel de humanos, fizemos. Tomar a responsabilidade por aquela desgraça é uma dor para a toda a vida, e não acho que haja qualquer outro jeito de lidar com ela senão carregá-la, com vergonha e arrependimento, até o último dia.

Encarar a inumamidade não é, porém, o mesmo que estagnar para a lamúria. É exatamente o contrário. E, para andarmos o mínimo necessário, temos de nos desfazer de duas ilusões convenientes. A primeira é de que toda responsabilidade pode ser atribuída ao Führer. Sejamos, ainda que isso nos incomode em níveis quase insuportáveis, coerentes. Nenhum homem seria capaz de empreender sem ajuda o Terceiro Reich. Em 1935, o Partido Nazista promulgou as leis de discriminação racial, e o Sr. Bigode não estava sozinho – como se pode comprovar pela filmagem oficial.

"Judeus húngaros a caminho das câmaras de gás. Auschwitz-Birkenau, Polônia, maio de 1944" (Enciclopédia do Holocausto). Colorido por Vinícius Sgarbe.

A outra ilusão clássica é a de que o “mundo” da Segunda Guerra Mundial não impediu o genocídio simplesmente porque não sabia de nada. Ora. Ao pensar melhor, nem acho mais que se trate de uma ilusão – uma vez que nem toda ilusão é necessariamente um equívoco – , mas de uma mentira deslavada. Com a ilusão, conquistamos certo alívio psíquico, que frequentemente se converte em prazer orgulhoso: “eu jamais teria feito algo assim”. Com a mentira, mantivemos a ideia de que temos um poder que, em verdade, não temos.

Mentira

Desde a Guerra do Golfo, mais um ridículo dos anos noventa, conflitos militares internacionais passaram a ser também programas de televisão. Não se trata de uma figura de linguagem. Literalmente, as guerras são simultaneamente programas de televisão. É preciso ter pouca inteligência – às vezes nem essa eu alcanço – para compreender que as imagens que consumimos são realizações de uma pessoa. Alguém segura a câmera, escolhe quando apertar REC, quando parar, em que posição se verá o que ele vê, o que entra ou não no quadro. No caso de uma geração por inteligência artificial, alguém terá de escrever o prompt.

Desse jeito, o produto midiático da guerra integra o arsenal geral da guerra. Quem tem mais ou menos recursos para criar e propagar estórias tem, por consequência, mais ou menos poder bélico. É justo perguntar qual é o alcance de destruição de uma arma dessa estirpe. Desde a constituição espontânea de uma esfera pública, e sua progressiva e irreversível decadência, a opinião pública é utilizada para legitimar ou não as ações do Estado. Se convenço o Brasil de que sou “do bem” e que o outro é “do mal”, então os brasileiros tendem a pressionar seus governantes numa direção específica, cujo produto varia de apoio nas redes sociais digitais a proposições no Conselho de Segurança das Nações Unidas.

Contar a melhor estória, porém, não tem nada a ver com contar a história mais precisa. Esse critério de qualidade está restrito a cidadãos que não se comovem facilmente com os apelos das massas – gente que, em cada círculo social, pode ser contada nos dedos de uma mão.

A caminho dos finalmente. Então, se o mundo soubesse do aniquilamento de humanos na Segunda Guerra teria agido para proteger os judeus. Garanto que com uma mente limpa, e três ou quatro vídeos do apocalipse na Palestina, pode-se garantir com cem por cento de acerto que se trata de uma mentira.

Fraqueza

Nem mesmo os termos adequados para tratar os crimes de guerra na Palestina têm sido usados adequadamente, em diferentes parlamentos do mundo. A colunista do The Washigton Post Jennifer Rubin escreveu que “quanto mais perto se olha, mais Netanyahu se parece com Trump”, no pior sentido. O artigo afirma que “cerca de oitenta por cento dos israelenses culpam o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e seu governo de coalizão pela catástrofe do Hamas, de acordo com uma pesquisa do jornal hebraico Maariv”.

"Pelo menos mil crianças palestinianas foram mortas em Gaza desde que Israel lançou a sua campanha de bombardeamentos na região" (Fars News Agency, 17.out.23). Tradução nossa.

No Brasil, a deputada que nasceu para jumenta e jamais chegará a égua Carla Zambelli publicou a imagem de uma águia estadunidense e israelense sobre um rato palestino. Estou persuadido por mim mesmo a não esperar que esse projeto de pessoa seja capaz de compreender o tamanho da própria bestialidade.

Diante de listas nominais de milhares de civis mortos por Israel, a resposta do “mundo” é tão fraca, lânguida, frouxa. Quem sabe seja o momento desta consciência: somos incapazes de impedir a violência pelo mero conhecimento de que a violência existe. Estou avisando você agora: nas próximas horas, crianças palestinas vão ser brutalmente assassinadas, ou mutiladas, e as que sobreviverem terão visto suas famílias e amigos explodirem. Saber disso não muda absolutamente nada.

Há algumas horas, um menino palestino foi buscar uma bola, quando houve um bombardeio bem atrás dele. As costas de seu sobrinho foram feridas. Mas o sobrinho está melhor que Saleh al Qaraan, que teve a cabeça desfeita na explosão.

Acostumado a encontrar posts com animais no Instagram todos os dias, vi um gatinho malhado pular no colo de palestino, no qual repousava o corpo pálido de uma criança morta. O gatinho se aninhou, e fechou os olhos. Sem contar a mãe que, com o bebê morto embrulhado em pano branco, recusava-se a parar de beijá-lo. Ou ainda os incontáveis vídeos de crianças em ataques de pânico dentro de hospitais.

Na dimensão individual, meu trabalho ou o seu contra a guerra e nada parecem bastante. Não podemos contar, pelo menos não agora, que a prudência dos sábios consiga uma hora na agenda dos líderes do mundo. Mas defender os civis palestinos ou não, agora, em toda e qualquer oportunidade, diz sobre o que aprendemos sobre nossa maldade.

Fracos contra fim do mundo, poderosos fazem comércio de almas

Reflexão inquietante sobre a tragédia palestina, o papel da comunidade internacional e os limites morais da humanidade.

Tempo previsto
12/4/2025

Um tempo atrás, procurei pela Palestina no Google Maps, e a encontrei no meio do oceano. À época, concluí que o mundo tinha terminado, pelo menos um projeto de mundo, ao encontrar um povo que tanto me ama e é amado por mim afogado no ódio em que alguém em algum lugar o afogou.

Hoje, depois do assassinato de centenas (o número é impreciso, mas impressionante) de palestinos que estavam em um hospital, eu me dei conta de que o mundo terminou para eles, que o apocalipse, o fim dos tempos, chegou para aqueles humanos. Viram a vergonha, a fome, e morreram.

Imagine comigo. De repente, uma autoridade estrangeira ordena que você saia da sua casa. Ao fugir sem carregar nada, sua jornada é de sede e fome. Depois, veem-se escombros, poeira, amigos e família estirados no chão, uns decepados, outros sem sepultura. Então você também morre.

Se isso, que é verdadeiro, não torna também verdadeiro que chegamos ao fim do mundo, então o que viria a ser o fim do mundo? Desastres naturais, por piores que sejam, pelo menos são honrosos. Ninguém poderá culpar o vulcão. Genocídio com apoio de grupos religiosos é fim do mundo.

A postura da comunidade internacional é insuficiente. A humanidade está demasiadamente paralisada na reação às guerras, os poderosos não são verdadeiramente poderosos. Não passam de homens do mercado! E de um mercado de almas, descrito lá no Apocalipse de João.

Corte 'terrivelmente brasileira' dá fôlego à conversa política

Indicações ao STF reacendem debate público e exigem reflexão sobre religião e política na democracia brasileira.

Tempo previsto
11/4/2025

Quando ouvi, sob o governo do casal evangélico Bolsonaro e Michelle, sobre um ministro do Supremo Tribunal Federal “terrivelmente evangélico”, senti vergonha e medo. A vergonha se referia à prática religiosa utilitarista, pela qual grandes e pequenas teologias importantes são convertidas na abertura de mais uma sede única da última igreja mundial do bairro, ou em partido político.

Um dos resultados preliminares de minha última pesquisa em filosofia é de que os pentecostais brasileiros obtiveram "autorização" para participar do palco público, em sua forma “bancada da bíblia”, com a condição de que efetivamente não se integrem à cultura política senão no papel de base eleitoral.

Tal resultado se baseia no fato de que desde a Constituinte os discursos e textos patrocinados com o dinheiro do contribuinte brasileiro são utilizados para a promoção de pautas pouco ou nada expressivas, como a obstinação relacionada à liberdade sexual, e a pungente questão do fim do mundo.

O acordo com o poder político vigente é de que se pode pregar qualquer coisa no púlpito, a qualquer preço (seja verdadeiro ou mentiroso, realidade objetiva ou fantasia infantil, tanto faz), contanto que essa pregação favoreça a obtenção de votos.

Em 2023, muito tristemente, não se espera dos pentecostais com mandato ou empregados em gabinetes dessa estirpe que contribuam — no amplo, no geral — com a promoção de políticas públicas, e com a manutenção do diálogo. Menos ainda que nos surpreendam com qualquer exame de consciência que os faça refletir sobre o que fazem com o papel querido que a eles atribuímos. É impressionante que tenhamos tanto carinho pelos pentecostais enquanto nos desdenham.

Já o medo que senti era de que o “terrivelmente evangélico”, frase pela qual se explicitava uma postura arrogante e provocativa, viesse a piorar a qualidade do diálogo entre brasileiros, que naquela altura estava em níveis baixíssimos. Enquanto a vergonha tinha a ver com minha postura intelectual e pacifista (algo mais individual), o medo estava projetado no que se vive em termos de país. Como é esperado que o pior medo nos sobrevenha, as pontes comunicacionais entre os que ainda acreditam na vida em comunidade e os pentecostais estão escangalhadas.

Será preciso que os pentecostais, marcados por serem submetidos ao aprisionamento cultural, à escravidão da ignorância, e, por essas e outras razões, também submetidos a uma porção impressionante de violências de muitos tipos, deem um sinal de que estão dispostos a colaborar com um futuro equilibrado. Da nossa (minha) parte, a paciência se esgotou. Aliás, a paciência dos evangélicos com seus líderes se esgotou.

Enquanto isso, em termos de indicações, é importante lembrar das consequências daquele “terrivelmente evangélico”. Mais um ministro do STF foi nomeado por um presidente “satanizado” por fundamentalistas. É a nona indicação de Lula. Com as indicações e Dilma e Temer, são mais cinco. Isto é, há um colegiado terrivelmente brasileiro. Sem contar o ministro que está para chegar.