Reflexão psicanalítica sobre culpa, violência e identidade coletiva, unindo a simbologia cristã ao drama palestino atual.
Reflexão psicanalítica sobre culpa, violência e identidade coletiva, unindo a simbologia cristã ao drama palestino atual.
Quando, às três da tarde da sexta-feira, Jesus suspira e entrega seu espírito a Deus, passamos a nos perguntar “o que fizemos?”. Para um distraído, deve ser nada além de uma culpa a mais para a coleção. Nós, freudianos, porém, compreendemos tal pergunta como a origem da civilização.
É uma questão de geolocalização, se é que me entende.
Onde estamos, exatamente, depois de termos assassinado o Criador? Se estivermos entre os que fazem a si mesmos aquela pergunta, tal qual no mito do parricídio, muito que bem. Algo assim tem potencial de nos deschucralizar. Mas se estivermos para além da fronteira da responsabilidade, estamos perdidos.
É neste último lugar que o indivíduo vibra com um Jesus que “senta o chicote” nos ladrões — sem se dar conta de que ele mesmo é o ladrão mencionado nas Escrituras. Vibra com o ultraje aos líderes fariseus, sem se dar conta de que o Mestre o ultraja no instante da leitura.
Escrevi sobre esse fenômeno, em um capítulo denominado “narcisismo das pequenas diferenças” (é um conceito psicanalítico). Em resumo, o ódio é ainda mais talentoso que o amor quando o assunto é unir seres humanos, formar exércitos, igrejas, e torcidas organizadas.
Quem abre uma bíblia impressa nos anos setenta, oitenta — traduzida por João Ferreira de Almeida, miolo rosa, cortado por um índice tátil — encontra a Palestina na seção de mapas.
Quer dizer. Até “ontem”, ninguém tinha qualquer dúvida quanto ao Jesus que matamos ser palestino. O que nos fez mudar de lado, além do dinheiro?
A filosofia de René Girard coincide com a prática cristã, quando da formação de uma religião a partir da violência, tanto quanto essa mesma violência gera a humanidade civilizada para os freudianos. Mas esse autor provoca particularmente quando o morto é Jesus. Desde que matamos um inocente, a roda da violência gira no vazio.
Se a Páscoa renova nos cristãos a esperança da ressurreição, que pudesse também renovar em todos nós alguma garantia de que, pelo menos uma vez por ano, perguntamos “o que fizemos?”.
A fotografia deste artigo, registrada por Mohammed Salem da agência Reuters e divulgada pela World Press Photo, foi a vencedora do prêmio World Press Photo do Ano. A imagem retrata Inas Abu Maamar, palestina de 36 anos, em um momento de dor profunda ao abraçar o corpo de sua sobrinha Saly, de apenas 5 anos, que perdeu a vida em um bombardeio israelense. A cena ocorreu no hospital Nasser, localizado em Khan Younis, no sul da Faixa de Gaza, em 17 de outubro de 2023.
Livro de ensaios do escritor peruano questiona raízes religiosas e políticas por trás da decadência cultural moderna.
Ainda que tenha visto o filme Pantaleão e as visitadoras (divertido e indicado!), pouco conheço dos romances de Mario Vargas Llosa, Nobel da literatura — escritor peruano que despediu-se neste dia 13.
Gostava dele! Me recomendaram fortemente uma vez A casa verde — curiosamente um professor americano. Porém, este livro da foto, repleto de ensaios, reflexões e provocações, que ganhei em 2013, li e me foi bem marcante.
Um papo-cabeça aqui: como geralmente em cursos de comunicação a gente estuda Escola de Frankfurt, aprende-se que a culpa, por assim dizer, do esvaziamento poético visto nas artes ao longo da história, da decadência estética do que se entende por belo, bem como o fim da chamada "alta cultura", seria resultado da produção em série, da busca pelo lucro em escala, da indústria cultural: em suma uma consequência do capitalismo.
Pra minha supresa, este livro me revelou um ponto de vista diferente: a questão é política, que envolve a herança de um revanchismo contra o gosto da aristocracia (ou das altas classes) desde as revoluções.
TRata-se de um repúdio crescente à sociedade tradicional, após as grandes guerras mundiais, e, na sua essência, sobretudo: de fundo religioso — afinal, na origem de todas as civilizações, em todos os tempos, justamente dos ritos religiosos advieram e se desenvolveram as manifestações artísticas.
Parte-se da busca pelo sublime, das experiências místicas, que posteriormente formaram as bases do que entendemos por culturas. Um elo que virou apenas um eco na vida ocidental contemporânea, isto quando não totalmente banido, execrado, num mundo que, ao seu ver, culturalmente, caminha rumo ao nada.
Ou, como já observamos agora, para o conteúdo gerado por inteligência artificial.
Entenda como o jogo político transforma pessoas comuns em reféns da desinformação e líderes manipuladores.
A fisionomia do jogo de poder é feia, feita de esgares e berros molhados de cuspe. A gramática de comunicação do jogo de poder é a mentira, a imposição, o grito, a insanidade. A visão do jogo de poder é opaca, concentrada nos próprios objetivos umbilicais.
Os seres que buscam o poder do controle, que buscam com frenesi conduzir os não pensantes, aumentam o tom de voz e distorcem seus gestos e semblantes – para amedrontar seus passivos seguidores, trazendo para palavras e gestos o horror do poder que ambicionam. Mimetizam-se de monstros externamente para combinar com o que habita o subterrâneo das suas não-almas.
A ação deliberada de manipulação leva multidões ao delírio, à paranoia, levando-os a acionar gatilhos de mutação de homens e mulheres comuns em seguidores surdos, cegos – massa de manobra. Bonecos de ventríloquo, animados à distância, que replicam (na ilusão de que são seus) opiniões e julgamentos do controlador.
Como consequência imediata, a dissonância cognitiva individual: justifica-se o injustificável. Um impacto sequente previsível é a dissonância cognitiva coletiva – em pouco tempo, há milhões de pessoas reféns de um ecossistema organizado de desinformação.
O choque de realidade pode mitigar, neutralizar ou anular. Quem sabe, uma sequência de desvelamento da realidade pudesse fazer acontecer o desengajamento da loucura.
O verdadeiro líder se sacrifica em nome da causa. O manipulador sacrifica a causa em nome dos seus objetivos narcísicos. O líder orienta e empodera as pessoas rumo à autonomia. O manipulador sacrifica qualquer pessoa para se safar.
Gerar ondas constantes e consistentes de informação e conscientização pode ser algo possível. Contudo, com efeitos lentos diante da celeridade da ganância dos jogadores de poder.
Enquanto isso, resta abençoar uma fugidia sorte representada pelos pensamentos e ações erráticos de alguns dos jogadores do Jogo de Poder.
Escolher o software certo garante um atendimento ao cliente rápido, eficiente e de qualidade.
Sejamos honestos: todo mundo já teve um problema com uma compra. Seja com um celular novo que chegou com a tela trincada ou um pacote danificado durante o transporte, situações assim acontecem. Nesses momentos, esperamos uma resolução rápida e eficiente. O ideal é que, ao acessar o site do varejista ou da transportadora, haja um formulário de devolução ou reclamação disponível – uma solução simples para entrar em contato com o suporte e obter ajuda.
Esse é o padrão de expectativa do cliente moderno. Do outro lado desta comunicação estão os agentes de atendimento, que também desejam uma ferramenta simples para facilitar seu trabalho. Mas como escolher o sistema de HelpDesk ideal? Qual é o melhor software de atendimento ao cliente para 2025?
Não se preocupe: você não vai precisar gastar horas pesquisando para encontrar a melhor solução para o seu time. Eu já fiz isso para você!
Neste manual completo, você encontrará informações sobre:
O software de atendimento ao cliente é um conjunto de ferramentas e aplicativos desenvolvidos para que empresas possam gerenciar, otimizar e aprimorar o atendimento de ponta a ponta. Oferece uma plataforma unificada para que agentes resolvam demandas com agilidade em múltiplos canais.
O principal objetivo é fornecer um espaço adequado para atuação das equipes de suporte, englobando sistemas de gestão de tickets, ferramentas de automação e inteligência artificial (IA), chats ao vivo, mensageria e bases de conhecimento. Com essas soluções, é possível automatizar tarefas repetitivas, monitorar e responder mensagens, gerar insights valiosos e aplicar inteligência artificial para elevar a qualidade do atendimento em cada interação.
Cada solução de atendimento tem propostas e diferenciais próprios, mas, em geral, compartilham de algumas funções essenciais:
Permite interagir com clientes via e-mail, chat, redes sociais, telefone e aplicativos de mensagem. Uma abordagem unificada e flexível que garante experiência satisfatória, sempre preservando o contexto do atendimento.
Benefícios:
Mais agilidade, aumento da satisfação e impacto positivo na percepção da marca. Não seria esse o futuro ideal para o relacionamento com o cliente?
Função indispensável, pois disponibiliza informações estratégicas rapidamente, permitindo melhorias constantes nos serviços.
Exemplos de uso:
Acompanhar a performance dos agentes, identificar pontos fortes e de melhoria, e personalizar ainda mais as interações. Ao centralizar dados de diversos canais, a análise das interações se torna mais precisa e completa.
Integrações otimizam funcionalidades dos sistemas. É possível conectar ferramentas como Slack, Zoom ou WhatsApp, facilitando a colaboração interna e a produtividade operacional.
Outro ponto é integrar com CRMs e ERPs, formando uma visão abrangente do cliente e acelerando a resolução de problemas.
Workflows consistem em regras e ações automáticas para direcionar o fluxo de atendimento, garantindo resoluções consistentes.
Workflows configuráveis aumentam a produtividade e eliminam tarefas repetitivas, agilizando solicitações e melhorando a eficiência geral do atendimento.
Ao oferecer suporte excepcional, você constrói lealdade e diferencia sua marca. Listamos alguns benefícios do uso dessas ferramentas:
Atividades rotineiras são automatizadas, liberando agentes para demandas mais complexas e aumentando a produtividade.
Todas as interações ficam concentradas numa única plataforma, evitando perdas de solicitações e promovendo atendimento coordenado.
Recursos como bases de conhecimento, FAQ e chatbots possibilitam que clientes resolvam questões a qualquer hora, inclusive fora do expediente tradicional.
Acesso compartilhado a dados, notas e histórico de suporte melhora a integração da equipe, evita retrabalho e centraliza a documentação e atualizações em tempo real.
Ao automatizar processos e incentivar o autoatendimento, empresas economizam sem comprometer a qualidade.
Existem diferentes soluções, e cada empresa deve escolher conforme sua necessidade. Veja algumas das principais:
Centralizam e gerenciam interações vindas de e-mails, redes sociais e outros canais. Possuem suporte omnichannel, priorizando eficiência e experiência do cliente e do agente.
Permite que vários membros da equipe colaborem no gerenciamento de e-mails enviados a um endereço institucional, com recursos de automação simples.
Permite criar artigos, tutoriais, vídeos e FAQ, servindo tanto para usuários internos (colaboradores) quanto externos (clientes). Algumas opções focam em apenas um público, enquanto outras são versáteis e adaptáveis.
Proporciona suporte instantâneo e eleva o índice de satisfação. Pode operar de forma independente ou integrada a outras soluções.
Incluem chatbots e sistemas de mensagens proativos, que simplificam interações e antecipam necessidades dos clientes.
O software de relacionamento com o cliente centraliza informações, personalizando experiências e antecipando demandas graças ao registro do histórico.
As redes que antes eram apenas espaços sociais agora são canais cruciais de atendimento. Podem ser utilizadas via gerenciamento específico ou integradas a plataformas de help desk.
Softwares também se categorizam quanto ao público-alvo: internos (voltados ao suporte de colaboradores) ou externos (voltados ao cliente final).
Conheça agora 10+ ferramentas que se destacam em 2025:
Os dados de avaliações e preços são de março de 2024, segundo Capterra.
HelpDesk, lataforma SaaS perfeita para comunicação e gestão do suporte, ideal para equipes remotas. Automatiza demandas, traz recursos de IA e integra-se a ferramentas populares como LiveChat e ChatBot.
Funcionalidades:
Preços:
Nota dos usuários:
HubSpot Service Hub, com solução única para atendimento e gestão, une automação, chatbots, base de conhecimento e relatórios robustos.
Funcionalidades:
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Nota dos usuários:
Zendesk, Referência em atendimento omnichannel e automação, integra com mais de 1.500 aplicativos e possui recursos avançados de IA.
Funcionalidades:
Preços:
Nota dos usuários:
Salesforce Service Cloud, workspaces avançados e relatórios prontos, integra histórico, tickets e preferências para atendimento altamente personalizado.
Funcionalidades:
Preços:
Nota dos usuários:
Help Scout, inbox compartilhada com recursos de IA e colaboração. Foco em experiência simples e eficiente.
Funcionalidades:
Preços:
Nota dos usuários:
Zoho Desk, plataforma completa com automações, omnichannel, editor avançado e assistente IA, o Zia.
Funcionalidades:
Preços:
Nota:
Freshdesk, opção acessível para pequenas empresas e pacote omnichannel completo, com IA, automação e relatórios.
Funcionalidades:
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Nota:
Intercom, inbox inteligente, automações, chatbot personalizável e dezenas de integrações. Ideal para quem busca recursos premium.
Funcionalidades:
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Nota:
HappyFox, help desk completo, voltado à automação e omnichannel, com portal de autoatendimento e chatbots.
Funcionalidades:
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Nota:
Gorgias, especializado em ecommerce, integrando Shopify, Magento e BigCommerce, para operações automatizadas e resposta ágil.
Funcionalidades:
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Nota:
(Inclua os demais softwares da lista, mantendo o padrão de descrição, funcionalidades, preços, links e avaliações, otimizando com links contextuais e mantendo o texto didático e informativo para o usuário.)
Aposte em inteligência artificial para automatizar tarefas repetitivas e permitir que humanos foquem em problemas complexos. Chatbots, respostas automáticas e análise de tendências agilizam operações, reduzem custos e mantêm disponibilidade 24/7.
O uso do CRM centraliza informações, possibilitando atendimento personalizado. Invista em treinamento para que sua equipe utilize os dados de forma empática e humanizada, criando relações autênticas e duradouras.
Crie canais de escuta, como pesquisas, reviews e monitoramento em redes sociais. Analise e aja rápido sobre sugestões e reclamações, mostrando respeito e cultivando a confiança dos clientes.
Fatores como necessidades do negócio, tamanho da equipe e orçamento influenciam a escolha ideal. Avalie funcionalidades, limites de tickets e facilidade de uso. Dê preferência a soluções simples, intuitivas e que se adaptem ao perfil da sua equipe.
Lembre-se: não é necessário investir na ferramenta mais cara, mas sim na que atende suas demandas. Experimente diferentes opções grátis e escolha a que mais agregue valor para seus clientes e para o seu time.
Descubra as ferramentas de gestão de mudanças ideais para impulsionar seu negócio.
Software de gestão de mudanças é uma solução que auxilia no planejamento, execução e acompanhamento de mudanças dentro de uma organização. Seu objetivo é otimizar a adoção de novas tecnologias e processos, facilitando a transição nas funções organizacionais.
Essa ferramenta ajuda a identificar obstáculos durante a implantação de mudanças para minimizar interrupções. Empresas utilizam a tecnologia de gestão de mudanças para comunicar transformações de forma eficiente aos colaboradores, garantindo alinhamento entre todos os envolvidos.
Ferramentas de gestão de mudanças são fundamentais durante reestruturações, como fusões, mudanças de cargos e novas aquisições. Elas promovem o alinhamento entre stakeholders e ajudam os colaboradores a se adaptarem às novas responsabilidades sem sobrecarga.
Esse tipo de ferramenta é indispensável na introdução de novos sistemas ou atualização dos já existentes. O software ajuda no treinamento dos usuários, na superação de resistências e na avaliação do impacto sobre o fluxo de trabalho.
Atualizar políticas e processos é essencial. Plataformas de gestão de mudanças documentam e comunicam essas alterações, garantindo maior conformidade.
Quer aprimorar sua comunicação interna? Acesse o blog da HelpDesk para dominar a gestão de equipes.
Existe o equívoco comum de que softwares de gestão de mudanças e de projetos têm a mesma função, mas seus objetivos e usos são distintos.
Como o nome sugere, ferramentas de gestão de projetos são projetadas para planejar, organizar e gerenciar tarefas e recursos, garantindo a execução do projeto dentro do prazo e orçamento definidos, além de manter padrões de qualidade.
Já o software de gestão de mudanças se concentra em planejar, gerenciar e implementar transformações organizacionais.
O mercado de ferramentas de gestão de mudanças deve movimentar US$ 1,018 bilhão até 2031, com crescimento anual de 7,8% devido a seus diversos benefícios:
Soluções de gestão de mudanças funcionam como um centro de comunicação, onde todos os envolvidos podem acompanhar o que está acontecendo, tirar dúvidas e compartilhar ideias. Ferramentas colaborativas e mensagens em tempo real facilitam anúncios e execuções de mudanças. Todos os stakeholders são automaticamente atualizados.
Com notificações automáticas, elimina-se a necessidade de comunicados manuais e ineficazes. O acesso facilitado a informações e documentos reduz tempo desperdiçado e automatiza tarefas repetitivas, liberando os funcionários para se dedicarem a atividades mais estratégicas.
O engajamento dos stakeholders é fundamental para o sucesso do negócio. O software de gestão de mudanças incentiva a participação por meio de mensagens, fóruns e quadros de anúncios, promovendo o debate e a colaboração na tomada de decisões.
Permite o mapeamento e monitoramento de tarefas e fases envolvidas na implementação. Gerentes acompanham a adaptação da equipe e promovem ajustes para otimizar desempenho.
Recursos de automação facilitam a execução de tarefas rotineiras, como envio de notificações e coleta de dados, reduzindo erros e otimizando o tempo da equipe.
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Identifique os principais stakeholders afetados pela mudança, avalie contribuições e impactos, otimizando a comunicação e o resultado das mudanças.
Obtenha relatórios em tempo real sobre desempenho e efetividade das mudanças. Identifique pontos de melhoria e valide resultados para conquistar apoio de todos os envolvidos.
Feedback direto de gestores, colaboradores e parceiros por meio de enquetes, comentários e pesquisas embutidas no software indica áreas de melhoria e potenciais desafios na transição.
Você sabia que 72% das transformações falham por falta de apoio da gestão (33%) e resistência interna (39%)? Para evitar isso, invista em um sistema especializado!
Embora não seja um software clássico de gestão de mudanças, o HelpDesk é uma solução de ticketing ideal para gerenciar solicitações e incidentes dos colaboradores. Com excelentes ferramentas de comunicação, possibilita atualização e coleta de feedback da equipe, além de automações com IA para rastreamento de desempenho e tarefas repetitivas.
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Freshservice, plataforma online para gerenciamento de serviços e mudanças, com automação de aprovações, notificações e facilitação de reuniões com o comitê de mudanças.
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Viima, sistema para gestão de mudanças com quadros de ideação, single sign-on e painel intuitivo. Possui recursos de comentários, avaliações e compartilhamentos para aumentar o engajamento.
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Wrike, software em nuvem com visibilidade total e controle das mudanças. Oferece dashboards personalizados e notificações automatizadas conforme o progresso do projeto.
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Giva, desde 1999, oferece soluções completas em ITIL, HelpDesk e gestão do conhecimento, com KPIs avançados e painel colorido personalizável.
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Howspace, facilita mudanças culturais e técnicas com interface drag and drop e roadmap visual para acompanhamento do progresso.
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WalkMe, plataforma para adoção digital com instruções em tempo real sobre novos processos e mudanças, facilitando a rápida adaptação de equipes.
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A escolha do software ideal exige atenção aos seguintes pontos:
O software de gestão de mudanças é indispensável para empresas modernas, promovendo informação e colaboração eficiente em transformações organizacionais. Soluções como HelpDesk, ClickUp, Giva, Viima, ChangeGear e The Change Shop são ótimas opções, mas a escolha deve considerar compatibilidade com o sistema de TI, objetivos do negócio e feedback dos usuários.
Descubra as principais estratégias para elevar o atendimento e encantar seus clientes.
Um excelente atendimento ao cliente é fundamental para o sucesso de qualquer negócio. Os pilares centrais são: empatia, adaptabilidade e comprometimento com as necessidades em constante evolução do consumidor.
A empatia está na habilidade de compreender e se conectar emocionalmente com os clientes, entendendo seus desafios e preocupações.
A adaptabilidade também é fundamental. As necessidades do consumidor mudam rapidamente, por isso, as equipes de suporte devem ser flexíveis e capazes de ajustar abordagens para diferentes circunstâncias e preferências.
Cada interação é uma chance de fortalecer (ou enfraquecer) a relação com o cliente. Uma experiência positiva aumenta as chances de recompra e indicações — estudos mostram que a chance de vender para um cliente já existente chega a 70%, enquanto para um novo cliente varia de 5% a 20%. Isso destaca o valor do cliente fiel.
Em contrapartida, experiências negativas levam à evasão de clientes, danos à reputação e perda de receita.
Uma experiência positiva gera confiança, satisfação e conexão entre cliente e marca. Segundo pesquisas, 61% dos consumidores continuam comprando de uma marca de confiança mesmo em situações adversas. Por outro lado, experiências negativas minam a credibilidade do negócio.
O atendimento ao cliente também impacta no valor perceptivo da marca — conhecido como brand equity. Conforme a PWC, 86% dos clientes pagariam mais por uma melhor experiência.
Negócios que investem em atendimento veem, em média, 60% mais lucratividade do que os que não investem. Clientes satisfeitos se tornam promotores, recomendando sua marca e deixando avaliações positivas.
Agora que você já entende o que é um atendimento excepcional, confira dicas práticas para transformá-lo no seu negócio.
Os consumidores valorizam interações genuínas e personalizadas. Essas ações ajudam a criar vínculos duradouros e diferenciar sua marca:
Mais de 39% das pessoas gastariam mais com marcas às quais são leais, mesmo se houver opções mais baratas.
Tratar o cliente pelo nome, seja presencialmente, por telefone, e-mail ou formulário, torna a relação mais próxima e marcante. Exemplos como a Starbucks mostram como essa prática humaniza a rotina e cria reconhecimento.
Contato direto, tom amistoso e mensagens com endereços de e-mail nomeados (ex: “joao@empresa.com”) reforçam o lado humano da empresa. Um simples e-mail personalizado perguntando sobre a experiência já pode transformar a percepção do cliente.
Desenvolva programas de fidelidade ou experiências que realmente tenham valor para o cliente. Surpreender com experiências personalizadas gera conexão e estimula o engajamento, além de fornecer insights valiosos sobre preferências do público.
Treine sua equipe para entender o ponto de vista do consumidor. Discutir exemplos reais e buscar soluções juntos aumenta a compreensão dos desafios do cliente. Uma cultura organizacional empática começa pelo exemplo dos líderes.
Investir em ferramentas de suporte permite conhecer melhor o cliente, acessar seu histórico e fornecer atendimento personalizado. O próprio HelpDesk oferece recursos como automações, campos personalizados e integrações.
Soluções completas reduzem erros, otimizam fluxos de trabalho e economizam tempo, além de centralizar a comunicação em todos os canais, garantindo que cada contato seja valioso.
Pedir desculpas de forma excessiva pode minar a credibilidade e a satisfação do cliente. Aposte em atitudes proativas:
Trabalhe sempre com comunicação construtiva. Diante de imprevistos, foque na solução e não no problema. Por exemplo, não diga apenas “não temos o produto”, mas, sim, informe quando estará disponível e ofereça alternativas.
Os clientes não querem perder tempo. Investir em respostas rápidas, omnicanais, reduz atritos e aumenta a percepção de valor. Pesquisa aponta que 2 em cada 3 adultos consideram o tempo como o quesito mais importante do atendimento.
Esteja presente onde seu cliente está — lojas, redes sociais, telefone, e-commerce e chat ao vivo. O objetivo é garantir uma experiência fluida e sem ruídos, independentemente do canal.
Atenda rapidamente em redes sociais: 42% dos clientes esperam resposta em até uma hora, 32% em até 30 minutos. A agilidade nessas plataformas fortalece a imagem da marca.
Invista em base de conhecimento robusta e FAQs. Tutoriais e artigos ajudam o cliente a resolver problemas sozinho, reduzindo a sobrecarga da equipe de suporte.
Ouvir de verdade é essencial. Use pesquisas, enquetes e feedbacks constantes para entender as dores, aprimorar produtos, processos e gerar inovações a partir das necessidades do seu público.
Descubra como captar feedback dos clientes e transformar em melhorias: acesse a Learning Space.
Padronize respostas para perguntas frequentes usando templates escaláveis. Isso reduz tempo de espera e mantém a qualidade do atendimento, gerando comunicação consistente e eficiente.
Mapeie as etapas da jornada do cliente, padronize a comunicação, integre sistemas de atendimento ao CRM e treine a equipe para garantir coerência e experiência unificadas.
Fechar um atendimento significa garantir que o cliente está satisfeito e todas as demandas foram atendidas. Frases como “Posso ajudá-lo em mais alguma coisa?” demonstram disponibilidade e atenção, além de evitar pendências.
Acompanhe os principais indicadores, como NPS e CSAT, sem se perder em excesso de dados. Foque nos KPIs mais relevantes para sua realidade e analise tendências constantemente para tomadas de decisão mais estratégicas.
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Transparência é fundamental: explique prazos, políticas e limitações. Isso evita frustrações e constrói relacionamentos de confiança e credibilidade.
Faça mais do que o esperado: um desconto, frete grátis ou agradecimento personalizado cria experiências memoráveis e fideliza o cliente, que passa a ser defensor da marca.
Reconheça vitórias do time, como índices elevados de satisfação, conquistando engajamento e motivação. Pequenas celebrações refletem em um atendimento ainda mais alinhado e dedicado.
Invista em automações, chatbots, CRMs e soluções omnicanal. Eles otimizam processos, oferecem respostas rápidas e tornam o atendimento mais personalizado.
Tenha níveis definidos de atendimento e procedimentos para encaminhar casos mais complexos rapidamente. Isso soluciona demandas urgentes e gera confiança.
Equipe treinada, com suporte emocional e desenvolvimento contínuo, está mais motivada e resolutiva. Promova um ambiente saudável e incentive a busca por qualificação constante.
Disponibilize FAQs, vídeos, fóruns e, se necessário, direcione o cliente a especialistas. Recursos de autoatendimento reduzem chamados e promovem autonomia para o consumidor.
Atualize o time sobre novidades, lançamentos, promoções e mudanças internas. Isso evita falhas de comunicação e fortalece a credibilidade junto ao cliente.
Troque desculpas por soluções práticas e objetivas: detalhe como irá resolver o problema, dê prazos e mantenha o cliente informado.
Pare, ouça e compreenda antes de responder. Reduz erros, melhora a precisão e transmite atenção verdadeira ao cliente.
Responda a avaliações (positivas ou negativas) com empatia, personalize as respostas e mantenha o profissionalismo. Isso mostra cuidado mesmo após o atendimento direto e pode transformar uma crítica em oportunidade de encantar.
Ao longo deste artigo, você viu o quanto a excelência no atendimento influencia a experiência do cliente e o sucesso do seu negócio. Equipes capacitadas são determinantes para gerar lealdade, promover a marca e aumentar a competitividade.
Coloque essas dicas em prática e veja a transformação acontecer. Está pronto para revolucionar seu atendimento ao cliente? Compartilhe suas ideias e planos!
Pesquisa da UFSC revela que experiência prolongada influencia gestores a optarem por medidas conservadoras.
Um estudo recente publicado na Revista Turismo, Visão e Ação (RTVA) revelou que gestores mais velhos e com maior tempo de serviço em restaurantes tendem a ser mais avessos ao risco em suas decisões corporativas. A pesquisa, conduzida por pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), analisou dados de mais de 2 mil restaurantes na Europa entre 2014 e 2016.
A pesquisa, intitulada "Influência das Características da Equipe de Gestão sobre a Tomada de Decisão de Risco: Evidências do Ramo de Restaurantes", utilizou a base de dados Amadeus e aplicou o método dos mínimos quadrados para analisar a relação entre as características dos gestores – idade, tempo de serviço, gênero e tamanho da equipe – e o nível de alavancagem financeira das empresas, usado como indicador de tomada de risco.
Os resultados mostraram uma correlação negativa significativa entre a idade e o tempo de serviço dos gestores e a propensão ao risco. Gestores mais velhos e aqueles que ocupavam o mesmo cargo há mais tempo demonstraram preferência por decisões mais conservadoras, optando por manter o status quo em vez de adotar estratégias inovadoras ou arriscadas.
Contrariando algumas expectativas, o estudo não encontrou relação significativa entre o tamanho da equipe de gestão ou a participação feminina e a tomada de risco. Embora pesquisas anteriores tenham sugerido uma possível influência desses fatores, os dados analisados não confirmaram essa hipótese no contexto específico da indústria de restaurantes.
Os autores sugerem que a aversão ao risco demonstrada por gestores mais experientes pode estar relacionada à priorização da estabilidade e da reputação construída ao longo da carreira. A familiaridade com o setor e a preocupação em preservar os ganhos obtidos podem levá-los a evitar decisões que representem potenciais ameaças ao negócio.
As descobertas do estudo têm implicações importantes para a gestão de restaurantes. A pesquisa sugere que a composição da equipe gestora pode influenciar diretamente a estratégia e o desempenho das empresas. Restaurantes com gestores mais jovens podem estar mais dispostos a inovar e assumir riscos, enquanto aqueles liderados por gestores mais experientes podem priorizar a estabilidade e a segurança financeira.
Os pesquisadores destacam a necessidade de estudos adicionais para aprofundar a compreensão da relação entre as características dos gestores e a tomada de decisão em restaurantes. A investigação de fatores psicológicos, como a tolerância ao risco individual, e a análise de dados de um período mais amplo poderiam enriquecer a discussão e fornecer insights mais precisos para o setor.
Ausência de atualizações e de contexto em notícias contínuas afeta credibilidade e confiança dos leitores.
Uma suíte jornalística é a continuidade de uma notícia em novas matérias que atualizam as anteriores. Algo como "Duas pessoas ficaram feridas em um acidente"; depois, "Homens que ficaram feridos em acidente fazem cirurgia"; ainda, "Homens que se feriram em acidente recebem alta"; e, ainda, "Empresa responsável por acidente com feridos é multada". Todas essas manchetes fantasiosas têm a ver com um mesmo fato originário.
Não é todo tipo de notícia que merece uma continuidade. Alguns acontecimentos e realizações têm fôlego para uma única aparição. Seja como for, para estar uma ou várias vezes no jornal, a "coisa" tem de ser verdadeiramente uma notícia, o que, basicamente, significa que não é publicidade ou propaganda – mas isso é assunto para outra oportunidade.
Em termos de formato, uma suíte não é nada diferente de uma notícia nova. Até porque só se tem uma continuação quando um novo fato é revelado. Mas é no estilo, pelo que notei, que a marmita das suítes azedou – no sentido de por que perderam o fôlego nos últimos anos.
Vamos tomar por exemplo uma investigação policial. O jornalismo de boa e de má qualidade têm interesse em pautas criminais. Porém, nos dois tipos de qualidade fica um sabor de vício, quem sabe originário do prazer de se "furar" (quando um jornalista é o primeiro em noticiar algo). É uma pressa que mais atrapalha que ajuda: não raro, são apresentadas versões que colaboram com uma história que se quer contar, que pode não ter nada a ver com o que aconteceu de verdade.
No caso de Homem armado ameaça jovem negro em SP, e policial se recusa a agir por estar 'de folga'; veja vídeo, por exemplo. É uma história que rapidamente conquistou a atenção dos jornalistas e do público, porque um vídeo comprova não somente a omissão de uma policial como também a agressão dela contra um jovem. Aqui, não está em discussão se a policial acertou ou errou. Ao mesmo tempo, faltou, pela ausência de suítes, a ampliação do contexto do vídeo de três minutos.
Uma história contada por sua característica intrigante pode render minutos de audiência, e um aumento de visitantes no site. Porém, sem continuidade, é um tiro no pé. Em 2023, o Digital News Report do Reuters Institute identificou que a confiança dos brasileiros no jornalismo é de 43%, uma diminuição de 19 pontos percentuais desde 2015. Estatisticamente, a tendência de queda pode marcar 41% em 2024. Nesse cenário, todos os recursos de inteligência e de integridade são bem-vindos para melhorar esses números.
As suítes são uma oportunidade para garantir ao público que as escolhas de pauta representam, ainda que contramajoritariamente, o compromisso do veículo com uma história contada do começo ao fim, com todas as nuances. Para isso, a linha editorial como um todo, e mais ainda os repórteres e editores, têm de encarar a atividade investigativa com o desprendimento de contar as coisas como elas são, e não como deveriam ser.
A busca genuína pela coerência e transformação pessoal contrasta com promessas vazias e ilusórias do mercado.
O convite para uma transformação pode ter inúmeras motivações. Em termos empresariais, por exemplo, pode partir da necessidade dos fundadores ou gestores de, ao criar um ambiente propenso à felicidade, aumentar a produtividade e, por consequência, os lucros. Em iniciativas governamentais, impulsionar os servidores e parceiros, pela percepção deles de segurança e reconhecimento, é um jeito de ampliar a criatividade, e de fazer os projetos andarem ainda mais rápido. Essas são motivações legítimas. Mas esses planos tendem a fracassar miseravelmente, apesar das excelentes intenções, se o emissor do convite não der provas de que se submeteu às mesmas transformações que propõe, e que essas o aproximaram de uma vida boa.
O termo “vida boa” pode ser observado a partir de muitos pontos de vista, da sabedoria ao teórico. Ele pode ser explorado pelas perspectivas da filosofia, democracia, teoria crítica (Habermas está frequentemente associado a tal pesquisa), mas nos importa sua versão acessível e carregada de humanidade: uma vida que encontrou um caminho suficientemente bom para diminuir o sofrimento. Uma vida que sofre menos é uma vida boa.
A maturidade, que evidentemente pouco tem a ver com a idade, pede sempre mais coerência. A coerência poupa energia, poupa tempo. O universo, coerente, usa seu poder para criar luzes, estrelas pequenas e distantes. A natureza, coerente, não pensa duas vezes antes de derramar o mar sobre o continente, quando isso deve fazer. Não se dialoga com o ciclone, com a erupção. Quem foi capaz de marcar uma reunião com as profundezas do subsolo e cancelar um terremoto? O aparente caos do ambiente é, a bem da verdade, a coerência da vida.
Nós, uma humanidade frágil diante da natureza e dos sofrimentos causados pelos outros, aprendemos, então, que a coerência é uma aliada da vida. É coerente, para o indivíduo que acredita sobre si mesmo que é menor que os outros, que emita sinais que organizem a consumação de suas percepções. É coerente que quem acredita, erroneamente, claro, que é maior ou melhor que os outros construa cenários que provem a ele que tem razão. Moral da história é: toda e qualquer vida humana, sábia até as últimas consequências, organiza o mundo para continuar viva. Se o único jeito de viver que aprendeu foi submetido, humilhado, mendigo de afetos, é coerente continuar assim, justamente para continuar vivo.
A defesa civil, entretanto, envia SMS quando os riscos de temporais são perigosos. Receber um convite para uma transformação é como um alerta da defesa civil. É um alerta de que as crenças e comportamentos estão prestes a causar mais um dano. Se é possível impedi-lo? Pela coerência: muito provavelmente não. Mas é possível criar planos de emergência, planos de futuro. É possível desocupar áreas perigosas da alma, mudar para paisagens mais altas, sóbrias, e refrescantes.
Quanto a mim (nos próximos parágrafos, decido não usar a tradicional primeira pessoa do plural freudiana), não ouso, não mais, convidar qualquer irmão (como chamo outros humanos) a algo que possa atrasar ou interromper o caminho dele.
Muito antes de acreditar em melhoras na qualidade da análise, da pesquisa, da técnica, tenho devoção pela liberdade humana. Ela pode ir para onde quiser, e terá, sempre que eu tiver condições, e for apropriado, minha companhia.
Se eu tivesse uma verdade universal, eu a apresentaria e, sem qualquer necessidade de convencimento, seria amplamente aceita. Jamais é o caso, porque o que compreendo por verdade pode não fazer o menor sentido para meu irmão. Mas tenho uma verdade ou outra não universal que às vezes é boazinha.
O certo é que costumo confessar a meus críticos intelectuais e políticos que estou em busca de um mapa de coerência. E não vejo a hora de mudar de ideia no que se pode mudar de ideia! De todo modo, realizei a façanha de ser relevante para mim mesmo, o que é muita coisa. Isso me poupa de de cair na lábia dos impostores.
Com isso, espero ter deixado claro que não posso, nem hoje e nem no futuro, prometer que tenho a revelação de um segredo, um jeito infalível, um milagre que pode render gargalhadas e dinheiro. Deixo essas promessas para quem tem experiência com elas: os que iludem e os que são iludidos (quase sempre pagam, em dinheiro, por isso). Isso não me desqualifica como vendedor, entretanto. Sob condições éticas, no papel de teleatendente, fui o melhor em vender débito automático na Tim Sul S/A, em algum mês de 2004, um ano antes de começar minha vida profissional no jornalismo.
Quando você me contratar, vai me remunerar pelo que posso fazer pela transformação que procura para si mesmo e para seus negócios. E será sempre muito mais caro do que os que iludem. Se a coerência é um diferencial de vida, que dirá de mercado.
Sou um pouco mais livre, e um pouco mais feliz, hoje do que fui ontem. Minha observação realista (embora eu seja um pessimista sereno) da vida é um suspiro desiludido. Quando, aos 15 anos, sofri amargamente o término de um namoro que tinha sido a melhor coisa de toda minha vida, e que jamais se repetiria, porque aquela era a minha única oportunidade de felicidade, e naquele momento só me restava viver em luto até minha morte solitária, um amigo que poderia ser meu bisavô me disse: “Vine, sabe qual é a vantagem de estar desiludido? É não estar iludido”.
No começo, deixar de acreditar em promessas deixa a gente incomodado. Depois, vai se tornando um estilo de vida tão sincero, tão honesto, tão coerente. Deixei de exigir dos outros que sejam o que eu espero deles. E não estou nem aí quando me exigem ser o que não sou. Entra por um ouvido e sair pelo outro. Ainda sofro, mas em uma vida boa, que sofre menos. No fim das contas, quem diria, eu sou um homem feliz, na medida do possível.
Em diálogo com Sgarbe, Cervi analisa papel do jornalismo e afirma que religião pautada por bens materiais perde propósito.
Fiquei feliz todas as tardes de segundas-feiras, neste semestre. Em uma disciplina optativa da Universidade Federal do Paraná (UFPR), numa turma de pouquíssimos alunos, tive de Dr. Emerson Urizzi Cervi o impulso que me é caro para discutir jornalismo. Cervi tem um jeito sóbrio de jornalista que me lembra as redações que não sucumbiram ao deslumbre da internet.
Sgarbe: Querido professor Cervi, os leitores deste site se aborreceriam se eu não contasse a eles que escrevi ao senhor quando eu ainda estava no Ensino Médio e sonhava ser jornalista. Lembro de me interessar em comunicação política. Bem, tal qual é do feitio dos autocontratos, cá estamos em via de eu escrever o primeiro artigo para sua apreciação. Em tendo superado o principal aspecto afetivo desta conversa, caio no próximo. Isto é, o afeto frio que me causa assistir ao jornalismo de televisão. É que não se trata, evidentemente, de um gosto pessoal, mas de uma dimensão colegiada, coletiva, comunitária, do jornalismo. Apesar de minha convicção de que não é possível fazer jornalismo de massa tal qual o concebemos décadas atrás, é possível e necessário, é justo e necessário, que o jornalismo de televisão recorra à literatura básica do que é notícia. Refiro-me diretamente à “nova geração”, que tem à disposição repórteres de excelente qualidade, e pelos quais, via relações intrapessoais, o DNA do jornalismo se pode transferir. Desconfio muito seriamente de qualquer jornalismo que não traga claramente o dilema “comercial-editorial”. E minha primeira pergunta é: o que veio primeiro? O ovo ou a serpente? O jornalismo molenga é fruto de uma comunidade molenga?
Cervi: Sgarbe, o jornalismo é uma atividade humana, constrangida, limitada e potencializada pelo contexto social em que se encontra. O jornalismo do século XXI não será igual ao do século XX, que não pode ser comparado com o do século XIX simplesmente porque a sociedade de cada momento em que está inserido o jornalismo é específica. Precisamos evitar alguns exageros se quisermos entender o papel do jornalismo na sociedade do século XXI. O primeiro é o do determinismo tecnológico. Não é a tecnologia que molda o jornalismo, mas, sim, o jornalismo que faz uso das tecnologias disponíveis para se moldar. O segundo é o excesso da centralidade do jornalismo no mundo.
O jornalismo é uma atividade profissional e uma instituição social que integra as chamadas instituições intermediadoras. Jornalismo, por natureza, intermedia a relação entre pessoas e pessoas, pessoas e instituições, pessoas e conceitos sociais mais abstratos.
Então, jornalismo faz bem seu papel quando consegue intermediar relações sociais de forma relevante, ou seja, de forma consequente. Historicamente o jornalismo de massa é uma instituição intermediadora para a estabilidade social. Ele apresenta as regras e comportamentos esperados (claro que existem os casos de jornalismo usado para fins revolucionários, mas, essa não é a regra). Porém, e aqui está um elemento importante, a boa consequência do papel de intermediador não depende apenas que quem intermedia, mas das expectativas daqueles que estão nas "pontas" dos processos de intermediação - fora do âmbito direto do jornalismo - as fontes, de um lado, e o público, de outro. Se quisermos respostas sobre o jornalismo do século XXI precisamos, necessariamente, perguntar às fontes e ao público o que eles esperam do jornalismo do século XXI e não aos jornalistas diretamente.
Sgarbe: Quando li seu parágrafo, pensei “tenho de voltar com pelo menos algumas entrevistas, nas quais pergunto às pessoas sobre o que elas esperam do jornalismo”. Evidentemente não é o caso, mas tive o impulso de repórter. Entendo que para manter o jornalismo vivo, tal qual se fez em outras épocas, teremos de lidar comunidades absurdamente diferentes das que tivemos há dez ou vinte anos. Essas mudanças rápidas, justificadas às vezes pelo aporte tecnológico ou, até mesmo pela gravidade de uma pandemia, pouco tem a ver com efetivamente celulares e vacinas – itens que muito mais são sintoma do que causa. Depois do levante fascista e da Covid-19, estamos em um pós-guerra. Voltemos um pouco. Depois da Primeira Guerra Mundial, nós experimentamos as vanguardas de arte, dentre outros efeitos menos singelos. A psicanálise e o fundamentalismo religioso também saíram de lá. Ocorre que, no caso desses dois últimos, os resultados foram completamente diferentes. Para o primeiro, a conclusão é que o fim é inevitável e desejado, enquanto para o segundo se agarra à dureza de umas poucas frases que incentivam à espera pela volta do Messias. Entendo que, tal qual é esperado da história que se repita, nosso agora tem traços daqueles desenhos. É utópico, mas seria muito bom, que os indivíduos fossem capazes de lidar com seus problemas internos antes de ir ao palco público. Quem sabe daqui a mil anos. Há muitos cenários e microcenários na tela, então tenho consciência de que o recorte a seguir é impreciso. Nós nos polarizamos mais ou menos assim: de um lado, a cátedra, o culto à investigação científica (há poucas horas, disse que ao se crer na ciência sem restrições tornamos a ciência religião – caiu mal ao grupo, mas não me importo, nesse caso); do outro, o Deus poderoso que se vingará dos maus, e que nos distinguirá dos perversos. Acho que ambos estão viajando na maionese, por este motivo aqui: a que serve tudo isso se o que se busca não é a paz? Vai ser muito difícil obter respostas dessa gente quanto ao jornalismo. Enquanto isso, minha aposta é no jornalismo de precisão e em uma brilhante capacidade de diálogo e bom humor – seja com quem for.
Cervi: Bem, se te entendi bem, ampliamos a discussão, saindo do jornalismo propriamente dito. Se for isso, concordo com a sua proposta. Se tomarmos o jornalismo pelo que ele é: uma atividade profissional com impacto coletivo como fim, perceberemos que ele só pode ser entendido se colocado frente a outras instituições, grupos e normas sociais.
O fim coletivo do jornalismo é o atendimento a demandas da sociedade por informação.
Quando esse fim é bem sucedido, a informação jornalística serve como amálgama social, que dá forma e une outras instituições sociais. Em outras palavras, a informação jornalística tem como fim a coesão social e não a distensão. O fenômeno típico do século XXI é que o jornalismo como fim enfrenta a concorrência da difusão de conteúdos e informações com o objetivo oposto ao da coesão social. Uma discussão interessante seria a da liberdade como direito. Assim como qualquer outro, não existem direitos absolutos em qualquer sociedade. No limite, até o direito à vida não é absoluto em muitas sociedades. O que acontecia no século XX é que as lutas pelo direito à ampliação e democratização da informação, que são meios, deixaram os fins, que é a coesão social, em segundo plano. É preciso recolocar a discussão sobre os fins da liberdade de expressão no debate público. Entendo que não foi o que você propôs, então paro por aqui. Sua proposta foi olhar para os conflitos sociais contemporâneos a partir do nível micro, o individual. E, nesse caso, você aponta quais são as instituições com mais impacto sobre o comportamento social a partir do indivíduo: a igreja, notadamente. A religião tem a capacidade de transpassar da esfera privada para a pública sem a necessidade de nenhum filtro. Só entenderemos os conflitos pessoais no início do século XXI no momento em que pensarmos como as religiões estão abordando as diferenças entre o poder espiritual e o poder material. Quando a religião foca no poder material é porque ela já perdeu a essência, que é o controle espiritual. A partir daí ela tende a estar cada vez mais envolvida em temas mundanos e menos nos espirituais. A sociedade toda perde, mas, principalmente, a religião é a principal derrotada. Tratar as crises dos indivíduos, os conflitos, as dissensões, a formação de bolhas sociais a partir do papel das instituições tem uma capacidade explicativa maior do que cair no determinismo tecnológicos, que tende a ser um beco sem saída.
Jornalista analisa papel crítico da opinião na democracia e alerta que radicalismo e burrice são riscos imperdoáveis.
Sgarbe: Pedro, nós conversamos há tanto tempo, e há tanto tempo jamais nos vimos pessoalmente, que tenho a impressão que voltamos aos anos 90, com a ideia do web-amigo — risos. Algo que nos une frequentemente, de volta à realidade deste um artigo de opinião, é o jornalismo, especialmente, que ironia, os artigos de opinião. Isso me faz lembrar do ídolo Gladimir Nascimento. Ele nos impedia, iniciantes que éramos, de colocar opiniões de ouvintes no ar sem um critério de respeito ao indivíduo que emitiria a opinião e ao que a ouviria. Algo como os filhos de Noé cobrindo o velhinho que tinha se passado com bebida. Em tendo introduzido o assunto da pior maneira, pergunto se você acha que a imprensa de 2022 faz bem ou mal de deixar passar tanta gente jegue no papel de colunistas, entrevistados, etc. Não seria o caso da gente evitar expor esses irmãos ao ridículo?
Pedro Ribeiro: Caro jornalista Vinícius Sgarbe. Ao falar com você, este velho sobrevivente das letras, ou da pena, como diz Nilson Monteiro, se sente gratificado e na certeza de que sairá daqui com aprendizado e conhecimento. Ao ser homenageado como uma das “Vozes do Paraná”, na coleção de personalidades paranaenses do professor Aroldo Murá, e agora falando com você, até acho que tenho um pouco de importância ou história no nosso jornalismo, onde comecei na Gazeta do Povo há 45 anos. Um pouco. Só.Artigos de opinião! Você não tem ideia de quantos chegam para mim por dia no Paraná Portal. Cada um de arrepiar. Por isso, depois de um filtro, os que acho interessante, coloco no rodapé: este artigo não representa, necessariamente, a opinião deste jornal e é de pura responsabilidade de seu autor. Hoje, caro Sgarbe, com as redes sociais e o chamado jornalismo cidadão, todo mundo tem contribuído, de uma forma ou outra, com “opinião”, para a construção da democracia e na esfera pública. Cada um tem sua razão. São artigos que, em muitos casos, suscitam debates, radicais ou não, e geram muitas polêmicas. Cada um que escreve um artigo, tem plena confiança de que a sua opinião está correta e, as vezes, temos exemplos dogmáticos. Não podemos, jamais, confundir artigos de opinião com reportagens jornalísticas, pois, para mim, o jornalismo, embora seja um espaço de contraponto, seu compromisso é com a verdade, com a reportagem dos fatos, devidamente investigados. É neutro. Tem seus valores de liberdade, dignidade, respeito e abertura ao contraditório. Jornalismo, para mim, meu caro amigo, é o pilar da democracia. Sem jornais não existe democracia. É difícil você ter que, por exemplo, dizer a um colega, que o artigo dele não passa de um release de interesse pessoal ou patronal. Ele pode se ofender. Prefiro, dizer que “o conselho de redação vai avaliar” (risos).
Sgarbe: Hoje, eu encontrei um desses cortes de podcast em que um homem diz “burro é quem não muda de opinião”. Até me lembra o anúncio do cigarro Free. Penso que aquele homem está certo. Podemos redecidir uma opinião com base em novos fatos. Estou lendo um livro ótimo do Bion, “Aprender da experiência”, um texto psicanalítico. Eu me pergunto frequentemente, diariamente, o que aprendi, afinal. Uma das coisas e que o sarcasmo pode fazer muito mal às relações interpessoais. Com essas relações prejudicadas, fica mais difícil transferir conhecimento. Considero que o sarcasmo pode até mesmo ser um empecilho para quem está procurando por uma verdade. O que argumento é que não podemos, nós, jornalistas, suportar o peso de um único ponto de vista, temos de sair da escravidão da “lacrolândia”. Uma opinião forte é bem-vinda — muito diferentemente dos comentários bobos que âncoras podem fazer porque não têm o que dizer. Para uma opinião forte se requer um indivíduo forte, uma “mulher inteira”, um “homem inteiro”. Parece difícil para o jornalista de 2022 entender que ele não precisa, que continua não precisando, salvar a lavoura da mídia, que os papéis comerciais e editoriais estão muito bem sedimentados. Ele tem de fazer o trabalho dele, ser amado pelas pessoas da própria família, pelos amigos, mas que não precisa implorar por sucesso quando noticia.
Pedro Ribeiro: Deixar um pensamento radical, intolerante e mudar com convicção, não é vergonha, pelo contrário, é saber reconhecer que a terra é redonda e não plana, que a fila anda. É saudável, faz bem para a alma. Fazer uma reflexão e autocrítica sobre pontos de vistas oxigena nosso cérebro e nos faz seguir um caminho verdadeiro. Nosso país, uma das maiores democracias do mundo, exige isso. É um país que experimenta e respira liberdade, pelo menos no jornalismo pós-ditadura. O que vemos são algumas coisas pontuais como intolerância sobre urnas eletrônicas, tentativas de golpe, coisas pequenas que não chegar a arranhar o sistema democrático. Nada violento. A opinião é livre, mas a burrice é imperdoável, porque você tem tempo para aprender e inovar. Como jornalista que escreve editoriais (artigos de opinião própria e da linha de pensamento do jornal), eu erro e procuro corrigir meus erros e, às vezes, mudando de opinião. Isto não é vergonhoso para mim. Muitos amigos me perguntam: você vai votar no ladrão? Respondo com peito estufado de jornalista não engajado que voto em quem é o melhor e, no nosso caso, hoje, em quem é menos ruim. O ladrão, pode ter aprendido no pau de arara, com chicotadas nas costas, mas o burro, o radical é pior. Esta é minha “opinião” e posso mudá-la se alguém me provar que teremos, do outro lado, um programa econômico e social para nosso país que privilegie a camada fina da sociedade e não os poucos mais de 500 congressistas e outros 55 mil autoridades que tem foro privilegiado. Orçamentos secretos, dinheiro a rodo do Fundo Eleitoral. Isto não combina com minha linha de pensamento jornalístico. Neste caso, sou até radical e as vezes exagero na mão. Mas não dobro os joelhos. Vejo muitos colegas jornalistas de hoje que têm uma linha correta e rezam pela cartilha do bom jornalismo como aquele que jura com a mão na Bíblia ou diante da Justiça, em dizer a verdade, somente a verdade. Nosso país está carente de lideranças. O Brasil, hoje, é o retrato do seu próprio retrovisor, ou espelho. Um abraço, Sgarbe.
Sgarbe: Obrigado pela aula, Pedro! Abraço.
João Arruda defende reforma política ao invés de tentar "reformar o eleitor" e critica atuais mecanismos eleitorais.
Sgarbe: João, a gente se conheceu falando mal do MDB. Ambos eram (são) filiados. Algo que me ligou a você foi a capacidade de autocrítica, tenho chamado essa disposição de “pessimismo sereno”. Mas, eu olho as candidatas e os candidatos à Câmara dos Deputados e à Assembleia, e penso assim: não conseguem sequer criticar a si mesmos, que dirá o próprio partido, ou a política nacional. Onde temos errado na “seleção” de pessoas para a vida pública? Não lhe parece que o pessoal é curva de rio?
João Arruda: O problema está em quem escolhe. Dirigentes de partido se perpetuam à frente das agremiações, e, com o controle dos delegados e do fundo eleitoral, fica praticamente impossível tira-los do poder. É um cartório! Hoje, o presidente de partido ganha um bom salário e exerce a função como profissão. Poderia aproveitar a oportunidade para melhorar a qualidade dos seus quadros, capacitar e formar líderes capazes de transformar o país, mas não é o que acontece na prática. Outro problema é o desinteresse da população. O que dá retorno eleitoral? Uma boa proposta ou fakenews nas redes sociais? Um projeto ou dinheiro? Ideais ou popularidade a qualquer custo? Princípios ou um prefeito no cabresto? Sem votos, o maior quadro da política mundial não sobrevive, e não coloca nada do que aprendeu em prática. Vai, no máximo, escrever e debater com amigos e outros quadros. Tudo que escrevi aqui, dirigentes de má qualidade, desafios para que o eleitor preste mais atenção, só se resolve de uma maneira: uma reforma eleitoral radical, e bem pensada, através de plebiscito. Toda reforma que seja aprovada no Congresso só vai beneficiar senadores e deputados que já estão lá, que querem permanecer pra sempre.
Sgarbe: Temos uma advogada conhecida em comum, mas esqueci o nome dela, que defende a “reforma do povo”. Uma reforma no eleitor. Comentei o assunto em um grupo de jornalistas, e logo alguém disse que a ideia é de Bolsonaro. Bem, finalmente chegamos a uma ideia nem tão ruim do presidente. Quando me refiro ao “povo”, tem a ver com um tipo de mudança que não se pode ter de uma eleição para outra. Na Itália, a primeira mulher a governar o país é apaixonada por Mussolini. Supondo que Mussolini não tivesse matado aproximadamente um milhão de pessoas, deveria haver pelo menos um constrangimento em dar apoio a um homem que supostamente matou um milhão de pessoas. Mas não há. É quando penso no seu último parágrafo, nos “caciques” que escolhem bandeiras do entretenimento sádico para garantir a cadeira, concluo que a política está muito cheia de “indivíduos”, de histórias pessoais mal resolvidas, de dores de alma agarradas à vingança, à autodestruição, à poluição. Quando eu for o Líder Supremo do Brasil, vou decretar pelo menos seis meses de terapia para os candidatos antes do registro de candidatura.
João Arruda: Tem doido pra tudo! Outro dia, minha irmã me disse que quem vota no Bolsonaro é fascista, racista, e não gosta de pobres. Perguntei a ela: “você já parou para pensar que é julgada como corrupta porque vota em Lula? Cada pessoa faz a escolha que quer, e encontra suas razões pra votar. Você acha existe má intenção quando fazem isso, mesmo quando votam em um bandido?”. Já me decepcionei muito no passado, mas,hoje, procuro compreender as razões pelas quais alguém vota num canalha. Reformar o eleitor é mais ou menos o que alguns tentam fazer. Talvez o Mussolini, Hitler, e outros ditadores pensariam em uma alternativa como essa. Ou quem sabe a alternativa mais moderna seria “a cura do eleitor que não sabe votar”, algo como a “cura gay” do Feliciano. Mas, investigando as razões por que uma pessoa boa vota em alguém que não presta, chego à conclusão de que a reforma tem que ser eleitoral, e não pessoal. Tudo tem a ver com acesso a informação e conhecimento, com as bolhas da internet (fakenews), estruturas de divulgação (grana de campanha), desvios nas responsabilidades constitucionais de quem exerce o mandato, imprensa, pesquisas, tempo de TV, produção de material, tempo de campanha, reeleição, e muito mais... Ah! Mas você não fala da empatia do eleitor pelo candidato? A relação eleitor-candidato é construída pelo sistema, ou,melhor, pelos erros do sistema. Vamos evoluir, e ter muito mais consciência política, quando nos interessarmos de verdade. Um sistema decente poderá, inclusive, despertar mais interesse pela política. Enquanto isso, vamos continuar com canalhas explorando a ignorância alheia. Ou você acha que o voto da pessoa que não tem conhecimento ou é facilmente manipulada vale menos do que o voto do intelectual politizado? O debate é duro e precisamos evoluir, mas aceitando nossas falhas e agindo com ações revolucionárias.
O Papa que se despede enfrentou tsunamis de ódio, e deixou lições amorosas. Seus conselhos foram breves e profundos.
Francisco foi um excelente pai para a Igreja. Chamo-o assim, pelo primeiro e único nome, porque deixou em seu testamento que deveria ser a inscrição em seu túmulo: “Franciscus”.
Escrito na metade de 2022, o texto oferece o “sofrimento que esteve presente na última parte” da vida do Papa ao “Senhor, pela paz no mundo e pela fraternidade entre os povos”. Infere‑se que, desde então, a despedida esteve em suas preocupações.
É coerente sentir estranheza diante de um líder que telefonava para o pároco de Gaza, e que não se esquivou de pedir o desarmamento e o fim da guerra. Naquilo que chamava de “globalização da indiferença”, os homens passaram a consumir os horrores da natureza violenta sem tomar qualquer providência.
Certamente ele foi atingido pelos tsunamis de ódio que cobriram a comunidade humana nos últimos anos. Nesse sentido, nunca vi tanto descompasso entre católicos. Porém, não me surpreende em nada. Afinal, quem não está perdido?
O riso de Francisco vai fazer muita falta. Seu jeito simples de oferecer conselhos, e de ensinar a dar conselhos. Para ele, um sermão não deveria passar de oito minutos. Que respeito aos ouvidos, e ao tempo dos outros! “O senso de humor é um certificado de sanidade”, defendeu.
Pergunta-se, com razoável preocupação, o quanto as lições de caridade ensinadas por ele estão aprendidas, quanto internalizadas. Para que nenhuma geada queime a lavoura de novos cristãos, os cardeais têm agora o trabalho de escolher um Papa que nos ame.
Uns dias antes de morrer, no fim do ano passado, meu avô Jorge ouviu Ravel comigo. Dedico essa memória.
Reflexão provocativa relaciona comunicação, espiritualidade e ruído como caminho para clareza e entendimento.
Falho repetidamente. Agora mesmo, falhei no propósito de ir para a cama às 21h30. Por alguma razão parecida com “puta que pariu! Eu não durmo mais que quatro horas mesmo”, entreguei-me à deriva da escuridão.
Temo que uma autoridade severa chore para me disciplinar: “não é hora de ir ao banheiro”. Atividades em geral. Os chats da madrugada chegaram ao fim, cobertos de areia, desintegrados por um choque, incinerados. Dá aquele dózinho. Toda aquela literatura caótica que me trouxe tantos amigos enlouqueceu, e fala sozinha nos posts do Mark.
O livro que Maku me enviou é bem escrito, claro, mas é lido em supercâmera lenta. A personagem começa a se revelar a partir da vontade de morrer. Não se encontra gente honesta assim com facilidade. Como torradas com cream cheese e geleia de frutas vermelhas. Foi a caixa, o pote. Troquei por nata. Nata não tem erro.
Esse fractal, então: a morte e a vida se explicando pouco, falando rápido e alto, tal qual turistas brasileiras de batom vermelho e bolsas tiracolo encantando o mundo com uma malcriação sorridente. Minha análise, a seguir, é sofisticada.
Há desafinações da vida que são, é preciso repetir, forças da natureza. Desafinações, neste texto, são metaforicamente Meryl Streep interpretando Florence Foster Jenkins no cinema, ou qualquer instrumento que deveria vibrar um sublime “ooowooowooow”, mas acaba por materializar a Vó Jephinha se aventurando fora do tom, sem melodia.
Gosto da água porque ela não perde tempo com pedra ou muro; desvia, aceita um bom túnel, mas, se precisar, arrebenta com tudo. A água toma para si terrenos que nem vocação para piscina tinham, repousando ali uma inundação calamitosa.
As regiões do mundo que estão para desaparecer precisam de suporte intelectual para resolver questões de propriedade, repatriação e o retorno de burocracias previsíveis. Não se pode erguer uma ilha na parte de cima de um sobrado; nem mesmo catedrais japonesas de drenagem fazem diferença no oceano. Perigos assim equiparam nossa inteligência a nada. A natureza é uma das três fontes notáveis de desprazer na psicanálise freudiana.
“E de todo esse instrumento desafinado eu nunca fui aprendiz.” Há esse verso numa letra de Gabrielle Seraine. E na música dela também, quando se canta “[desa]finado”, quando se canta exatamente “finado”, a harmonia se despedaça por um instante, como uma criança filha da puta assoprando uma flauta de plástico. É o vale antes do topo, o “dark before the dawn”.
Quando o indivíduo desafinado — o “médium” (de mídia, não de falar com mortos) — emite ruídos, a comunicação fica mais nítida. Vamos usar a palavra “comunicação” como um sinônimo futuro para “espírito”, uma belíssima concepção de Flusser.
Nas religiões que lidam com “espíritos”, note-se a similaridade na condução das intenções: portas são abertas e fechadas, pessoas são estimuladas a movimentar a psique, e até mesmo pedidos banais que não passam de burocracias previsíveis. Pede-se, promete-se, agradece-se, expulsa-se, infunde-se — tudo pela conjuração de palavras humanas e inteligíveis.
Aceitar a Jesus, renunciar à maçonaria, declarar a vitória, tomar posse da bênção, fazer macumba para a Dona Ida morrer (criança é muito inventiva) — tudo isso requer falar. Do feitiço do Pai Grego à corrente de oração Sete Batidas na Porta da Graça do pessoal da Janine. Comunicação. Fala. Escuta.
Em alguns cultos evangélicos, diante de uma comunicação insatisfatória, é provável que alguém passe a fazer o papel de endemoniado em favor do grupo. A missa católica tem tantos recursos de comunicação que uma parte do sermão acaba guardada.
Os “espíritos” são assunto antigo, primitivo. Foi o jeito de manter os mortos por perto. Depois, esses mortos viraram demônios. A história registra em termos antropológicos; tenho aqui um original do Frazer que ganhei de Luca. Meu ponto é: se os espíritos “nascem” de mortos domésticos, é natural que, antes de se comprometerem com eventos fora de casa — falando em reuniões espíritas, fazendo vento — estejam disponíveis no inventário da família.
Há poder na psicanálise, na Análise Transacional, nos Narcóticos Anônimos. Mas esses empreendimentos precisam de muito mais tempo, especialização e oportunidades para erros do que se pode alcançar em família, quando uma família está disponível. Família, claro, entenda-se amplamente.
Uma família que tenha compreendido a perenidade do amor, que tenha deixado as lutas por reconhecimento para práticas comunitárias, tem mais chances de sucesso na invocação de espíritos poderosos.
O poderoso espírito do criador, para aqueles que creem assim, tem de fazer alguma diferença. Deus está morto? Não se engane. Escrevo sobre comunicação. Sobre conjurar, invocar, boa comunicação. Na última linha do ruído, “tomar posse da bênção”, como bem observado por Nina.
Em português, “espíritos” são comunicação pelo menos desde 1976, quando Cartola compôs: “De cada morto herdará só o cinismo”. A partir do meu tensionamento, Flusser nos oferece uma simplificação: é muita “batalha espiritual” para pouco “conversar igual gente”.
Voltemos. A relação do desafinado, do finado — propriamente a palavra em questão, ruído, essa coisa que perturba o sono — com a nitidez não é somente poesia. A física e a engenharia de computação que sustentam a geração de imagens procedem da utilização de duas etapas bem básicas que não prejudicam uma à outra.
Para melhorar a pele de alguém em uma fotografia, é preciso primeiro o carinho do embaçar, como um hipermetrope sem óculos. Depois, tem de adicionar ruído, algo parecido com a TV antiga sem sinal. E então se pode ver melhor.
Assim, minha sugestão para o grupo — risos — é uma apreciação do ruído, junto a uma observação atenta dos conteúdos das perturbações. Quando acabar essa pilha, com mais nitidez, sejamos arrogantes em nossas pretenções de dignidade,
Só que eu ia escrever sobre algo completamente diferente. Vou fazer outro post.
Ser autêntico exige superar medos e estar disposto a enfrentar os julgamentos externos com coragem e verdade.
Os ares de novidade que uma virada de ano traz parecem com os efeitos de uma renovação de votos. É, digamos, uma oportunidade. A título de analogia, uma cerimonia de bodas por si mesma é impotente para realizar mudanças no casal, no sentido de ampliações de confiança e de reciprocidade, e da consequente felicidade dessas ampliações. Uma cerimônia em si não é nada, mas a concentração da dupla para uma aquisição de consciência melhor é sim. Com o ano novo é muito parecido.
É completamente compreensível desprezar a contagem do tempo pelo calendário comercial, quando o que se intenciona é uma vida livre e frutífera. Uma história pessoal não poderia estar (mas frequentemente está) sujeita à mecânica do trabalho exaustivo: férias, recessos, e feriados. Coisas dessa categoria são muito bem-vindas, é claro, mas correspondem quase sempre à lógica da indústria e do consumo. Daí entra aquele provérbio: “quanto mais você tem, menos você é”.
Nesses contextos, comprar uma roupa nova para o réveillon pode ser uma atitude ambivalente. Em uma mão está a obrigação da compra, da competição que se estabelece com os outros convidados da festa. Na outra está uma legítima disposição para o autocuidado, e para que a parte externa corresponda à novidade do eu mais íntimo.
Para mudar de ano dentro de si é requerido um certo ridículo. Isto é, cruzar a linha do ridículo. Em vez de uma fantasia, vestir-se com o que realmente corresponde ao que se é. Não é fantasiar-se de ser, é ser em essência. Algo interessante é o fato de que aquilo que se deseja ser no futuro somente pode ser verdade se o for agora mesmo. Essa é uma ideia muito básica da filosofia. É também verdade que se algo deixou de ser é porque jamais o foi.
O que chamei de ridículo anteriormente poderia ser também chamado de coragem. Calçar os próprios sapatos, abrir o peito: pensar, falar, agir, e festejar a partir do que se é verdadeiramente, que sempre o foi, e será para sempre. Mas a coragem está menos no aspecto comportamental, que até mesmo um ator canastrão poderia interpretar com toda covardia, e muito mais em uma permissão para que o espírito individual comunique ao mundo o que veio fazer.
Reflexão crítica sobre como a esquerda abriu mão das pautas morais e criou um vácuo preenchido pelos opositores digitais.
Por que a "extrema direita", como convencionado por parte da impresa chamar praticamente qualquer pauta desagradável, tem tanto mais sucesso na internet que a esquerda? Quanto nós, esquerdistas, já nos tornamos as pessoas insuportáveis que antes queríamos converter?
Clássico poema do autor português agora ganha ambientação auditiva, explorando sentimentos e sensações íntimas.
O dia deu em chuvoso.
A manhã, contudo, estava bastante azul.
O dia deu em chuvoso.
Desde manhã eu estava um pouco triste.
Antecipação? Tristeza? Coisa nenhuma?
Não sei: já ao acordar estava triste.
O dia deu em chuvoso.
Bem sei: a penumbra da chuva é elegante.
Bem sei: o sol oprime, por ser tão ordinário, um elegante.
Bem sei: ser susceptível às mudanças de luz não é elegante.
Mas quem disse ao sol ou aos outros que eu quero ser elegante?
Dêem-me o céu azul e o sol visível.
Névoa, chuvas, escuros — isso tenho eu em mim.
Hoje quero só sossego.
Até amaria o lar, desde que o não tivesse.
Chego a ter sono de vontade de ter sossego.
Não exageremos!
Tenho efetivamente sono, sem explicação.
O dia deu em chuvoso.
Carinhos? Afectos? São memórias...
É preciso ser-se criança para os ter...
Minha madrugada perdida, meu céu azul verdadeiro!
O dia deu em chuvoso.
Boca bonita da filha do caseiro,
Polpa de fruta de um coração por comer...
Quando foi isso? Não sei...
No azul da manhã...
O dia deu em chuvoso.
(PESSOA, 2016, p. 269)
Entenda como agendas simples evitam atrasos e esquecimentos, melhoram produtividade e transmitem confiança no trabalho.
Você pode ter ouvido alguém dizer que queria o dia tivesse 48 horas. Quem fala assim, geralmente está correndo para chegar atrasado ao próximo compromisso. Essa pessoa pode até mesmo viver para se desculpar.
Isso porque entrou por último em uma reunião, porque não conseguiu chegar no começo de uma aula importante, porque precisa de mais prazo para entregar um trabalho combinado há muitos dias.
Ser pontual pode parecer um talento dado a alguns, e que falta a outros. Mas pontualidade não depende só de talento. Pelo contrário, o que faz a pontualidade é a ordem dada as coisas do dia. E é algo que se pode aprender e ensinar.
O que você acha de chegar a um compromisso marcado para as 9h, e ser recebido uma hora depois? Vai ser difícil encontrar alguém que goste de ter o tempo abusado por outra pessoa. E quando deixamos alguém nos esperando? Por mais que nosso convidado diga que “tudo bem, não tem problema. Não tem problema nenhum você ter se atrasado, eu entendo”, ele deve ter se perguntado se nosso tempo é realmente mais importante do que o tempo dele. Desprezar o próprio tempo já é uma coisa bem ruim. Que dirá o tempo dos outros, especialmente aqueles que nos ajudam em nossos projetos.
Ter uma agenda é importante para controlar os compromissos, as tarefas e os prazos.
Uma agenda bem escrita ajuda a priorizar as atividades, a evitar esquecimentos, e a aumentar a produtividade. Além disso, ajuda a organizar uma rotina diária que se converta em objetivos de longo prazo. Uma agenda também pode ser usada para registrar ideias, e anotar insights importantes durante reuniões e conversas. Em resumo, ter uma agenda no trabalho é essencial para alcançar a confiança dos outros.
Desde as agendas em papel, até os calendários eletrônicos, ou agendas de grupos na internet, as agendas são cada vez mais fáceis de usar, e têm integração com celulares, e serviços como a Alexa da Amazon. Sendo assim, como os lembretes ficam sempre por perto, fica difícil, quase impossível, perder um compromisso. Uma simples agenda pode reescrever uma vida profissional.
Na próxima coluna, vamos falar sobre um jeito elegante, e assertivo, de interromper um compromisso que passou do horário combinado.
Indiferença diante do sofrimento humano decorre de mentiras históricas e ilusões sobre o alcance de nossa empatia.
Este artigo não é exatamente esperançoso, se lido às pressas. Ele tende a fazer mais sentido quando, pela conversa difícil, conquistamos alguma liberdade para pensar e agir sobre as guerras sem a interferência dos exércitos. Afinal, não há nada que os que promovem a guerra possam fazer pela paz.
Lembro de minhas primeiras aulas sobre Segunda Guerra. Bem, como esquecê-las. À época, achava nem um pouco atraente saber em que anos ela tinha começado e terminado. Considero que as datas faziam pouco sentido para mim devido minha inexperiência de relacionar eventos. Além do mais, minha pouca idade não diferenciava o que cabe em um, dez, ou cem anos.
Em linhas gerais, e para efeito de prova, a Segunda tinha vindo depois da Primeira. E se chamava mundial porque aqueles que a chamaram assim consideravam que o mundo inteiro se resumia a eles. Conhecimento de Ensino Fundamental que vale para a atualidade.
Abre parênteses. Quem passou pelos anos noventa sabe que, em termos de IML, gente atropelada, esfaqueada, cadáveres em putrefação, a televisão nos abasteceu abundantemente com imagens violentas. Na cidade onde eu cresci, uma mulher afogou os dois filhos em um poço, e depois se jogou também. No programa do almoço, assisti aos corpinhos que boiavam. Outro caso foi o da filha que, com a ajuda da namorada, matou a mãe, e a vó. Sem contar o estupro, assassinato e roubo empreendidos contra uma idosa que morava sozinha na Rua XV.
No fim das contas, os que morriam e os que matavam tinham algum parentesco com alguém próximo. Eram, de todo modo, degenerados, não contavam exatamente como gente. Isso sem contar os casos nacionais, Chacina da Candelária, Daniella Perez, Índio Galdino. Fecha parênteses. Este é meu argumento: fica difícil impressionar uma criança brasileira.
Aqueles homicidas comuns, embora perigosíssimos, tinham praticado seus crimes de sorrate. Foram descobertos, e, depois, televisionados, presos, linchados, ou mortos pela polícia. Mas o que nos contavam sobre os campos de extermínio era totalmente diferente, e muitas vezes mais assustador. Tinha algo de errado em multidões assassinadas à luz do dia.
O que sabemos sobre o genocídio de judeus está marcado em preto e branco em nossas memórias, tanto pelas fotos quanto pela brilhante obra cinematográfica A lista de Schindler (1993) dirigida por Steven Spilberg. Graças às novas tecnologias, parte dessas memórias podem nos tocar ainda mais profundamente. A partir da reunião de recursos digitais, eu mesmo colori uma foto de crianças sobreviventes de Auschwitz tirada por Alexander Vorontsov.
É difícil olhar para elas e dizer: “nós desprezamos suas famílias ao máximo, escolhemos quem seria escravizado e quem seria morto e incinerado em nossas quatro câmaras de gás com crematórios”. Porque foi exatamente o que, no papel de humanos, fizemos. Tomar a responsabilidade por aquela desgraça é uma dor para a toda a vida, e não acho que haja qualquer outro jeito de lidar com ela senão carregá-la, com vergonha e arrependimento, até o último dia.
Encarar a inumamidade não é, porém, o mesmo que estagnar para a lamúria. É exatamente o contrário. E, para andarmos o mínimo necessário, temos de nos desfazer de duas ilusões convenientes. A primeira é de que toda responsabilidade pode ser atribuída ao Führer. Sejamos, ainda que isso nos incomode em níveis quase insuportáveis, coerentes. Nenhum homem seria capaz de empreender sem ajuda o Terceiro Reich. Em 1935, o Partido Nazista promulgou as leis de discriminação racial, e o Sr. Bigode não estava sozinho – como se pode comprovar pela filmagem oficial.
A outra ilusão clássica é a de que o “mundo” da Segunda Guerra Mundial não impediu o genocídio simplesmente porque não sabia de nada. Ora. Ao pensar melhor, nem acho mais que se trate de uma ilusão – uma vez que nem toda ilusão é necessariamente um equívoco – , mas de uma mentira deslavada. Com a ilusão, conquistamos certo alívio psíquico, que frequentemente se converte em prazer orgulhoso: “eu jamais teria feito algo assim”. Com a mentira, mantivemos a ideia de que temos um poder que, em verdade, não temos.
Desde a Guerra do Golfo, mais um ridículo dos anos noventa, conflitos militares internacionais passaram a ser também programas de televisão. Não se trata de uma figura de linguagem. Literalmente, as guerras são simultaneamente programas de televisão. É preciso ter pouca inteligência – às vezes nem essa eu alcanço – para compreender que as imagens que consumimos são realizações de uma pessoa. Alguém segura a câmera, escolhe quando apertar REC, quando parar, em que posição se verá o que ele vê, o que entra ou não no quadro. No caso de uma geração por inteligência artificial, alguém terá de escrever o prompt.
Desse jeito, o produto midiático da guerra integra o arsenal geral da guerra. Quem tem mais ou menos recursos para criar e propagar estórias tem, por consequência, mais ou menos poder bélico. É justo perguntar qual é o alcance de destruição de uma arma dessa estirpe. Desde a constituição espontânea de uma esfera pública, e sua progressiva e irreversível decadência, a opinião pública é utilizada para legitimar ou não as ações do Estado. Se convenço o Brasil de que sou “do bem” e que o outro é “do mal”, então os brasileiros tendem a pressionar seus governantes numa direção específica, cujo produto varia de apoio nas redes sociais digitais a proposições no Conselho de Segurança das Nações Unidas.
Contar a melhor estória, porém, não tem nada a ver com contar a história mais precisa. Esse critério de qualidade está restrito a cidadãos que não se comovem facilmente com os apelos das massas – gente que, em cada círculo social, pode ser contada nos dedos de uma mão.
A caminho dos finalmente. Então, se o mundo soubesse do aniquilamento de humanos na Segunda Guerra teria agido para proteger os judeus. Garanto que com uma mente limpa, e três ou quatro vídeos do apocalipse na Palestina, pode-se garantir com cem por cento de acerto que se trata de uma mentira.
Nem mesmo os termos adequados para tratar os crimes de guerra na Palestina têm sido usados adequadamente, em diferentes parlamentos do mundo. A colunista do The Washigton Post Jennifer Rubin escreveu que “quanto mais perto se olha, mais Netanyahu se parece com Trump”, no pior sentido. O artigo afirma que “cerca de oitenta por cento dos israelenses culpam o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e seu governo de coalizão pela catástrofe do Hamas, de acordo com uma pesquisa do jornal hebraico Maariv”.
No Brasil, a deputada que nasceu para jumenta e jamais chegará a égua Carla Zambelli publicou a imagem de uma águia estadunidense e israelense sobre um rato palestino. Estou persuadido por mim mesmo a não esperar que esse projeto de pessoa seja capaz de compreender o tamanho da própria bestialidade.
Diante de listas nominais de milhares de civis mortos por Israel, a resposta do “mundo” é tão fraca, lânguida, frouxa. Quem sabe seja o momento desta consciência: somos incapazes de impedir a violência pelo mero conhecimento de que a violência existe. Estou avisando você agora: nas próximas horas, crianças palestinas vão ser brutalmente assassinadas, ou mutiladas, e as que sobreviverem terão visto suas famílias e amigos explodirem. Saber disso não muda absolutamente nada.
Há algumas horas, um menino palestino foi buscar uma bola, quando houve um bombardeio bem atrás dele. As costas de seu sobrinho foram feridas. Mas o sobrinho está melhor que Saleh al Qaraan, que teve a cabeça desfeita na explosão.
Acostumado a encontrar posts com animais no Instagram todos os dias, vi um gatinho malhado pular no colo de palestino, no qual repousava o corpo pálido de uma criança morta. O gatinho se aninhou, e fechou os olhos. Sem contar a mãe que, com o bebê morto embrulhado em pano branco, recusava-se a parar de beijá-lo. Ou ainda os incontáveis vídeos de crianças em ataques de pânico dentro de hospitais.
Na dimensão individual, meu trabalho ou o seu contra a guerra e nada parecem bastante. Não podemos contar, pelo menos não agora, que a prudência dos sábios consiga uma hora na agenda dos líderes do mundo. Mas defender os civis palestinos ou não, agora, em toda e qualquer oportunidade, diz sobre o que aprendemos sobre nossa maldade.
Reflexão inquietante sobre a tragédia palestina, o papel da comunidade internacional e os limites morais da humanidade.
Um tempo atrás, procurei pela Palestina no Google Maps, e a encontrei no meio do oceano. À época, concluí que o mundo tinha terminado, pelo menos um projeto de mundo, ao encontrar um povo que tanto me ama e é amado por mim afogado no ódio em que alguém em algum lugar o afogou.
Hoje, depois do assassinato de centenas (o número é impreciso, mas impressionante) de palestinos que estavam em um hospital, eu me dei conta de que o mundo terminou para eles, que o apocalipse, o fim dos tempos, chegou para aqueles humanos. Viram a vergonha, a fome, e morreram.
Imagine comigo. De repente, uma autoridade estrangeira ordena que você saia da sua casa. Ao fugir sem carregar nada, sua jornada é de sede e fome. Depois, veem-se escombros, poeira, amigos e família estirados no chão, uns decepados, outros sem sepultura. Então você também morre.
Se isso, que é verdadeiro, não torna também verdadeiro que chegamos ao fim do mundo, então o que viria a ser o fim do mundo? Desastres naturais, por piores que sejam, pelo menos são honrosos. Ninguém poderá culpar o vulcão. Genocídio com apoio de grupos religiosos é fim do mundo.
A postura da comunidade internacional é insuficiente. A humanidade está demasiadamente paralisada na reação às guerras, os poderosos não são verdadeiramente poderosos. Não passam de homens do mercado! E de um mercado de almas, descrito lá no Apocalipse de João.
Indicações ao STF reacendem debate público e exigem reflexão sobre religião e política na democracia brasileira.
Quando ouvi, sob o governo do casal evangélico Bolsonaro e Michelle, sobre um ministro do Supremo Tribunal Federal “terrivelmente evangélico”, senti vergonha e medo. A vergonha se referia à prática religiosa utilitarista, pela qual grandes e pequenas teologias importantes são convertidas na abertura de mais uma sede única da última igreja mundial do bairro, ou em partido político.
Um dos resultados preliminares de minha última pesquisa em filosofia é de que os pentecostais brasileiros obtiveram "autorização" para participar do palco público, em sua forma “bancada da bíblia”, com a condição de que efetivamente não se integrem à cultura política senão no papel de base eleitoral.
Tal resultado se baseia no fato de que desde a Constituinte os discursos e textos patrocinados com o dinheiro do contribuinte brasileiro são utilizados para a promoção de pautas pouco ou nada expressivas, como a obstinação relacionada à liberdade sexual, e a pungente questão do fim do mundo.
O acordo com o poder político vigente é de que se pode pregar qualquer coisa no púlpito, a qualquer preço (seja verdadeiro ou mentiroso, realidade objetiva ou fantasia infantil, tanto faz), contanto que essa pregação favoreça a obtenção de votos.
Em 2023, muito tristemente, não se espera dos pentecostais com mandato ou empregados em gabinetes dessa estirpe que contribuam — no amplo, no geral — com a promoção de políticas públicas, e com a manutenção do diálogo. Menos ainda que nos surpreendam com qualquer exame de consciência que os faça refletir sobre o que fazem com o papel querido que a eles atribuímos. É impressionante que tenhamos tanto carinho pelos pentecostais enquanto nos desdenham.
Já o medo que senti era de que o “terrivelmente evangélico”, frase pela qual se explicitava uma postura arrogante e provocativa, viesse a piorar a qualidade do diálogo entre brasileiros, que naquela altura estava em níveis baixíssimos. Enquanto a vergonha tinha a ver com minha postura intelectual e pacifista (algo mais individual), o medo estava projetado no que se vive em termos de país. Como é esperado que o pior medo nos sobrevenha, as pontes comunicacionais entre os que ainda acreditam na vida em comunidade e os pentecostais estão escangalhadas.
Será preciso que os pentecostais, marcados por serem submetidos ao aprisionamento cultural, à escravidão da ignorância, e, por essas e outras razões, também submetidos a uma porção impressionante de violências de muitos tipos, deem um sinal de que estão dispostos a colaborar com um futuro equilibrado. Da nossa (minha) parte, a paciência se esgotou. Aliás, a paciência dos evangélicos com seus líderes se esgotou.
Enquanto isso, em termos de indicações, é importante lembrar das consequências daquele “terrivelmente evangélico”. Mais um ministro do STF foi nomeado por um presidente “satanizado” por fundamentalistas. É a nona indicação de Lula. Com as indicações e Dilma e Temer, são mais cinco. Isto é, há um colegiado terrivelmente brasileiro. Sem contar o ministro que está para chegar.