O crescimento acelerado da inteligência artificial exige adaptação profissional e novas habilidades comunicacionais.
Reflexões pessoais destacam o valor do Jornalismo como atividade intelectual e humanista, além das métricas digitais.
A profissão repórter é aprimorada nas ciências humanas. Mas logo me vem a ideia do meme da Milena que quer vender a arte dela na praia. Não nos enganemos. O jornalismo pode contornar momentos difíceis da economia e de lapso no prestígio público, se enxergar além dos views ou gargalhadas.
Não se trata de estar desconexo, porque estou conectado à verdade de que o jornalismo é predominantemente praticado por intelectuais, e posso provar.
Na sexta série, tive apreço pela amizade de Cléber. Era um tipo parecido com o que eu trazia na boa memória da escola anterior. Na falta de algo melhor, escrevi uma carta que mudou o coração dele, e conquistei uma amizade eterna até a oitava série.
Todos aqueles pensamentos aparentemente independentes de ti estavam, desde o início, comprometidos pelo teu veredicto desfavorável.
Franz Kafka, em “Carta ao pai“.
Se nem sempre minhas cartas tiveram sucesso como bilhete, que dirá valor literário. Fiz pares de cagadas com cartas que graças à senilidade não lembro de ter enviado, mas enviei. Os poemas, que dó.
Dos poemas, para todos os efeitos, sinto certa vergonha.
No Ensino Médio, consegui um estágio com Gibran Khalil, isto é, as jornalistas Nara Moreira e Mary Hellen Woche me apresentaram às contemplações bem escritas do autor libanês. Aprendi rápido a tomar vinho branco em vernissages que tinham serviço, e a tomar doses duplas antes das que não tinham. Quanto poema de jurista, quanta pintura de pano de prato!
Chego à conclusão de que livros são como vinhos: bom é o que eu gosto de ler.
Antes da faculdade, eu me aventurei em muitas leituras que deram errado. O maior símbolo, talvez, tenha sido começar o “Evidência que exige um veredito“, de Josh McDowell. Tinha, sei lá, estava na quinta série. Também abandonei o “Divina comédia” (enganado pelo título engraçado), ou mesmo o “Crime e castigo” quando tinha mais idade.
Fui displicente quanto à bibliografia universitária, com a perene desculpa de ter-me inclinado à prática profissional, quando preferia trabalhar de graça na mais desgraçada redação a fazer lição de casa.
Minha história é comum da juventude inteligente e inquieta. Um momento ou outro esbarrei com um pessoal que não é muito afim da literatura ou, pelo contrário, faz da conversa um Passa ou Repassa com nomes de autores – uma cafonice! Mas fiquei muito apegado ao próximo episódio.
O jornalista e historiador Nilson Thomé (que deu à Sonia Bridi uma coluna estudantil por três anos) tinha comigo um hábito curioso. Ele dizia “nós, intelectuais, Vinícius…”. E eu me perguntava “quem, intelectuais?”. Foi o jeito dele impulsionar em mim a desvergonha de gostar de ideias, remodelá-las e apresentá-las novas – tal qual é a ciência (parafraseando Montesquieu em “Cartas persas“).
Nós, intelectuais, podemos nos orgulhar de ser de humanas, de acreditar no desenvolvimento humano, e de desfazer mediocridades ao palavrear com o mundo.
Leia insights sobre a interação de humanos com modelos de linguagem de IA, e sobre os ODS no Brasil. Lab Educação 2050 Ltda, que mantém este site, é signatária do Pacto Global das Nações Unidas.
Vivência intelectual amplia a prática do repórter e aproxima saberes diversos.
Incentivar educação e ideias livres enriquece trajetórias e fortalece o desenvolvimento social.
O crescimento acelerado da inteligência artificial exige adaptação profissional e novas habilidades comunicacionais.
A discussão relacionada aos avanços da inteligência artificial, especialmente quanto aos riscos de substituição do trabalho humano por robôs e ao potencial criativo que pode ofender quem se considera uma espécie de coroa da criação, parece afetada pelo fenômeno da polarização.
Reconheço que esta análise é simplista no que diz respeito aos fatos. De um lado, percebe-se a inquietação causada por uma nova corrida lunar empreendida pelo mercado em busca de prestígio e futura rentabilidade, o que inevitavelmente influencia a pesquisa acadêmica. Se antes a pesquisa era feita com softwares gratuitos, hoje torna-se cada vez mais dependente de recursos pagos. Do outro lado, em uma postura que ignora deliberadamente a cibernética, parte da comunidade intelectual oferece resistência aos avanços do desenvolvimento comunicacional.
Nesse contexto, quem deseja acompanhar efetivamente o progresso tecnológico dos modelos de linguagem como GPT e Gemini precisa encarar uma curva de aprendizagem que certamente tirará seu sossego. Não será surpresa se, em breve, cada indivíduo passar a operar seu próprio modelo linguístico. Serviços como o Vertex AI do Google já possibilitam a criação de robôs altamente personalizados para as mais diversas tarefas.
Contudo, considerando especificamente a língua portuguesa, percebe-se que modelos de linguagem como os mencionados têm pouca habilidade para captar subjetividades e nuances linguísticas. Afinal, se nem mesmo um ser humano é capaz de compreender plenamente o que usuários publicam na internet, que dirá o pobre robô.
Recentemente, enquanto passava de carro pela rua Brigadeiro Franco, em Curitiba, vi cinco funcionários da prefeitura cortando a grama que ladeia o passeio. Um deles segurava o cortador mecânico, enquanto os demais serviam como postes móveis, sustentando uma tela ao redor do jardineiro. Pensei, naquele instante, nos últimos 300 mil anos de evolução humana sintetizados na escassez de suportes móveis, reduzindo a extraordinária máquina corporal humana a um mero suporte de telas.
É preciso reconhecer, portanto, que certas atividades de rotina — como resumos e geração de textos a partir de vídeos ou áudios — devem, obrigatoriamente, utilizar soluções de inteligência artificial. Caso contrário, desperdiça-se a inteligência corporal e emocional de seres humanos em trabalhos nada recompensadores. Somente alguém que já teve de decupar horas de programas de televisão ou rádio teria autoridade para desprezar a ajuda da IA nessas tarefas, embora isso revelasse inclinação ao martírio.
Há uma última reflexão que me parece importante e diz respeito a uma frequente distorção técnica. Não é correto generalizar toda a inteligência artificial tomando como referência exclusiva um modelo de linguagem específico — especialmente suas versões gratuitas. Usar o ChatGPT não é o mesmo que utilizar diretamente o modelo GPT. Da mesma forma, usar o chat do Gemini difere de explorar todas as potencialidades do modelo de linguagem Gemini. A extração máxima do potencial desses sistemas exige uma execução personalizada, sendo justamente esse um dos trabalhos que desenvolvemos no Lab Digital 2050.
Disputa pela Inteligência Artificial Geral aumenta risco de escalada militar e ataques cibernéticos globais.
Um ex-assessor da Casa Branca alertou sobre os potenciais perigos do desenvolvimento da Inteligência Artificial Geral (AGI) e o risco de uma corrida armamentista com a China. Segundo ele, a busca pelo controle da AGI pode levar a conflitos internacionais. Especialistas temem que a China possa reagir agressivamente a uma tentativa dos EUA de monopolizar a tecnologia.
As informações foram publicadas pelo UOL em 9 de março de 2025, no artigo A Inteligência Artificial Geral está chegando? É difícil ter certeza. O artigo cita um documento publicado por especialistas, incluindo o ex-assessor, detalhando as preocupações com a corrida armamentista em IA.
A Inteligência Artificial Geral difere das IAs atuais por sua capacidade de realizar qualquer tarefa intelectual humana. Esse avanço tecnológico representa um potencial salto no desenvolvimento de diversas áreas, mas também traz preocupações sobre seu uso indevido, especialmente em cenários de conflito.
O documento sugere que uma tentativa dos EUA de controlar exclusivamente a AGI poderia provocar uma resposta agressiva da China, como um ataque cibernético em larga escala. Os especialistas argumentam que a competição pela AGI pode desestabilizar as relações internacionais e aumentar a probabilidade de conflitos.
A preocupação reside na possibilidade da AGI ser utilizada para o desenvolvimento de armas autônomas e ciberataques sofisticados, o que poderia escalar rapidamente para um confronto direto. Os especialistas defendem a cooperação internacional para garantir o desenvolvimento seguro e ético da AGI.