Pesquisa da UFSC revela que experiência prolongada influencia gestores a optarem por medidas conservadoras.
Editora-chefe do Bem Paraná relata eficácia da equipe com teletrabalho e crescimento da demanda por pautas de saúde.
Ao ensinar que “lugar de repórter é na rua“, a professora de comunicação social Nadia Fontana abriu a primeira aula do curso de jornalismo da PUCPR, no segundo semestre de 2005. Os alunos que foram trabalhar em redações, especialmente as de rádio, logo perceberam que ela tinha razão. Não raro, as pautas estavam no caminho, não anotadas anteriormente.
Um dos prazeres da prática jornalística é, entretanto, a volta para a emissora. É quando se pode contar, da maneira mais simples e genuína, a experiência de campo. As percepções dos colegas contribuem para a escolha do que é principal.
A pandemia de Covid-19 mudou um pouco as coisas também para jornalistas, uma vez que alguns atuam de casa.
A editora-chefe do jornal Bem Paraná para as versões impressa e digital, Josianne Ritz, concedeu entrevista ao Lab Jornalismo 2030.
Vinícius Sgarbe: Quero entrevistar um jornalista em home que não esteja deprimido. Conhece algum (risos)?
Josianne Ritz: Olha, eu sinto falta do fuzuê. Mas tô bem adaptada. O que era ruim no começo não é mais. Eu me sinto segura. E, assim, não montei espaço especial, para manter o clima de fuzuê. Fico na sala, com todos.
Vinícius: Além dos assuntos da pandemia, tem algum tipo de pauta que você nota que entra agora e que não entrava antes?
Josianne: Acho que, de modo geral, a demanda de reportagens de saúde cresceram. Mas tudo meio acaba em pandemia, tipo dicas de home office, volta às aulas.
Vinícius: Alguma coisa mudou na sua relação com os repórteres?
Josianne: Transferimos o contato para online. Eu diria que o engajamento e produção aumentaram no home office. Não sei bem o porquê. Geralmente combinamos tudo on-line. Só em alguns casos mais complicados chego a ligar. Eu temia que a parte de fechamento do impresso, por causa da diagramação, poderia complicar. Mas estamos fechando até mais cedo. O entrosamento é meio atípico, porque trabalhamos há muito tempo juntos. A maioria há mais de 20 anos. O Rodolfo Kowalski, mais jovem, está há oito anos, entre estágio e reportagem. Isso facilita muito. Temos objetividade, entrosamento total.
Leia insights sobre a interação de humanos com modelos de linguagem de IA, e sobre os ODS no Brasil. Lab Educação 2050 Ltda, que mantém este site, é signatária do Pacto Global das Nações Unidas.
O trabalho em casa aumenta a produção e renova a prática cotidiana nos meios de comunicação.
A colaboração on-line fortalece a coesão jornalística e a confiabilidade das instituições.
Pesquisa da UFSC revela que experiência prolongada influencia gestores a optarem por medidas conservadoras.
Um estudo recente publicado na Revista Turismo, Visão e Ação (RTVA) revelou que gestores mais velhos e com maior tempo de serviço em restaurantes tendem a ser mais avessos ao risco em suas decisões corporativas. A pesquisa, conduzida por pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), analisou dados de mais de 2 mil restaurantes na Europa entre 2014 e 2016.
A pesquisa, intitulada "Influência das Características da Equipe de Gestão sobre a Tomada de Decisão de Risco: Evidências do Ramo de Restaurantes", utilizou a base de dados Amadeus e aplicou o método dos mínimos quadrados para analisar a relação entre as características dos gestores – idade, tempo de serviço, gênero e tamanho da equipe – e o nível de alavancagem financeira das empresas, usado como indicador de tomada de risco.
Os resultados mostraram uma correlação negativa significativa entre a idade e o tempo de serviço dos gestores e a propensão ao risco. Gestores mais velhos e aqueles que ocupavam o mesmo cargo há mais tempo demonstraram preferência por decisões mais conservadoras, optando por manter o status quo em vez de adotar estratégias inovadoras ou arriscadas.
Contrariando algumas expectativas, o estudo não encontrou relação significativa entre o tamanho da equipe de gestão ou a participação feminina e a tomada de risco. Embora pesquisas anteriores tenham sugerido uma possível influência desses fatores, os dados analisados não confirmaram essa hipótese no contexto específico da indústria de restaurantes.
Os autores sugerem que a aversão ao risco demonstrada por gestores mais experientes pode estar relacionada à priorização da estabilidade e da reputação construída ao longo da carreira. A familiaridade com o setor e a preocupação em preservar os ganhos obtidos podem levá-los a evitar decisões que representem potenciais ameaças ao negócio.
As descobertas do estudo têm implicações importantes para a gestão de restaurantes. A pesquisa sugere que a composição da equipe gestora pode influenciar diretamente a estratégia e o desempenho das empresas. Restaurantes com gestores mais jovens podem estar mais dispostos a inovar e assumir riscos, enquanto aqueles liderados por gestores mais experientes podem priorizar a estabilidade e a segurança financeira.
Os pesquisadores destacam a necessidade de estudos adicionais para aprofundar a compreensão da relação entre as características dos gestores e a tomada de decisão em restaurantes. A investigação de fatores psicológicos, como a tolerância ao risco individual, e a análise de dados de um período mais amplo poderiam enriquecer a discussão e fornecer insights mais precisos para o setor.
Ausência de atualizações e de contexto em notícias contínuas afeta credibilidade e confiança dos leitores.
Uma suíte jornalística é a continuidade de uma notícia em novas matérias que atualizam as anteriores. Algo como "Duas pessoas ficaram feridas em um acidente"; depois, "Homens que ficaram feridos em acidente fazem cirurgia"; ainda, "Homens que se feriram em acidente recebem alta"; e, ainda, "Empresa responsável por acidente com feridos é multada". Todas essas manchetes fantasiosas têm a ver com um mesmo fato originário.
Não é todo tipo de notícia que merece uma continuidade. Alguns acontecimentos e realizações têm fôlego para uma única aparição. Seja como for, para estar uma ou várias vezes no jornal, a "coisa" tem de ser verdadeiramente uma notícia, o que, basicamente, significa que não é publicidade ou propaganda – mas isso é assunto para outra oportunidade.
Em termos de formato, uma suíte não é nada diferente de uma notícia nova. Até porque só se tem uma continuação quando um novo fato é revelado. Mas é no estilo, pelo que notei, que a marmita das suítes azedou – no sentido de por que perderam o fôlego nos últimos anos.
Vamos tomar por exemplo uma investigação policial. O jornalismo de boa e de má qualidade têm interesse em pautas criminais. Porém, nos dois tipos de qualidade fica um sabor de vício, quem sabe originário do prazer de se "furar" (quando um jornalista é o primeiro em noticiar algo). É uma pressa que mais atrapalha que ajuda: não raro, são apresentadas versões que colaboram com uma história que se quer contar, que pode não ter nada a ver com o que aconteceu de verdade.
No caso de Homem armado ameaça jovem negro em SP, e policial se recusa a agir por estar 'de folga'; veja vídeo, por exemplo. É uma história que rapidamente conquistou a atenção dos jornalistas e do público, porque um vídeo comprova não somente a omissão de uma policial como também a agressão dela contra um jovem. Aqui, não está em discussão se a policial acertou ou errou. Ao mesmo tempo, faltou, pela ausência de suítes, a ampliação do contexto do vídeo de três minutos.
Uma história contada por sua característica intrigante pode render minutos de audiência, e um aumento de visitantes no site. Porém, sem continuidade, é um tiro no pé. Em 2023, o Digital News Report do Reuters Institute identificou que a confiança dos brasileiros no jornalismo é de 43%, uma diminuição de 19 pontos percentuais desde 2015. Estatisticamente, a tendência de queda pode marcar 41% em 2024. Nesse cenário, todos os recursos de inteligência e de integridade são bem-vindos para melhorar esses números.
As suítes são uma oportunidade para garantir ao público que as escolhas de pauta representam, ainda que contramajoritariamente, o compromisso do veículo com uma história contada do começo ao fim, com todas as nuances. Para isso, a linha editorial como um todo, e mais ainda os repórteres e editores, têm de encarar a atividade investigativa com o desprendimento de contar as coisas como elas são, e não como deveriam ser.