Ex-secretário de Saúde do Paraná negocia com MP e pode evitar condenação que ameaça direitos políticos.
Enquanto governador repudia atos violentos em Brasília, deputado defende motivações dos manifestantes; veja detalhes.
Às 18h44 deste domingo, (8) é de se comemorar que as manchetes não tragam qualquer número de mortos durante os atos em Brasília. As sedes dos Três Poderes foram ocupadas e danificadas por pessoas cujos adjetivos são numerosos e imprecisos. Do ponto de vista da política básica, anarquistas. Do ponto de vista da psicanálise, primitivos, ou massas ignorantes. Seja como for, nenhuma condição concede àquelas pessoas os nobres títulos de patriotas ou nacionalistas.
Essas massas ignorantes estão particularmente feridas pela derrota que tiveram nas urnas, em uma clara manifestação de fraqueza. Isto é, a restrição cognitiva operada por forças como o fundamentalismo religioso protestante e a miséria da representatividade política culminam nesta tristeza: “no passado, eu não era ouvido, tive um presidente que eu amava, mas ele perdeu as eleições apesar de meu apoio irrestrito, esse apoio me custou amizades e relacionamentos familiares, não tenho mais energia para justificar a fuga de Bolsonaro para os Estados Unidos, e não sei o que fazer com meu tempo”.
Dados os fatos sobre as omissões de poderes da Segurança do Distrito Federal, as investidas contra policiais e jornalistas em trabalho – com registros em vídeo – , o saldo calculado por depredação de patrimônio público é algo mínimo para se lidar. Argumento que quebrar vidros seja um prejuízo menor que pessoas mortas.
Sobretudo, porém, o dano é moral, e de modo anterior ao conceito da legislação. Trata-se de um dano ao cerne do que nos identifica como seres racionais, um atentado ao primado da razão. É grave, e capilarizado para além das fronteiras tupiniquins.
O secretário de Estado da Indústria, Comércio e Serviços do Paraná, Ricardo Barros, defendeu os atos. Em entrevista ao vivo pela CNN, ele argumenta da seguinte maneira.
“O Tribunal Superior Eleitoral, o ministro Alexandre de Moraes, tentou impor a credibilidade da urna eletrônica. Ele fez uma resolução do TSE proibindo criticar a urna eletrônica. Ele calou parlamentares. Ele calou vários jornalistas que queriam criticar. Ele não convenceu a sociedade de que a urna era confiável. Se ele tivesse convencido a sociedade que a urna era confiável, e não imposto à sociedade a confiança nas urnas, não teríamos essas pessoas, que são brasileiros, que estão aí de cara limpa”.
Interpelado pela jornalista que o entrevistava, foi constrangido no ar. Considero a atitude dela imatura profissionalmente, uma vez que deveria ter a perspectiva de quem entrevista um deputado de carreira que era líder do governo Bolsonaro.
O governador do Paraná, Ratinho Junior, publicou no Twitter que repudia os atos.
Quanto ao Paraná, não se sabe se postura de aparente neutralidade do governador Ratinho Junior, recentemente elogiada pelo arcebispo Dom José Antonio Peruzzo em um vídeo, vai continuar a ser neutra ou se autorizará o discurso de Barros.
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Redes amplificam discursos e ameaçam a construção racional do debate.
Atos violentos fragilizam a democracia, exigindo instituições firmes e justiça equitativa.
Ex-secretário de Saúde do Paraná negocia com MP e pode evitar condenação que ameaça direitos políticos.
O deputado federal pelo Paraná Beto Preto (PSD) tem até segunda-feira (17) para aceitar ou recusar um acordo com o Ministério Público (MP). A intimação foi ordenada pela 1ª Vara da Fazenda Pública de Apucarana (PR), relativa a um processo de improbidade administrativa.
Como condição para encerrar o processo, o MP propõe a Preto o ressarcimento de danos, e o pagamento de multa de R$ 25 mil. No processo, a promotoria aponta prejuízo aos cofres públicos causados por pregão fraudado em 2013, no valor de R$ 127.194,43.
Beto Preto comandou a pasta da Saúde no Paraná, durante a pandemia. Foi quando fez o próprio nome para eleição que o levou à Brasília. Ele está atualmente na lista de favoritos do governador Ratinho Júnior para a sucessão ao Palácio Iguaçu. Se condenado por ato de improbidade, pode ter os direitos políticos suspensos.
Segundo o Ministério Público, Beto Preto, à época presidente do Consórcio Intermunicipal do Vale do Ivaí (Cisvir), contribuiu para um esquema de fraude em licitações, ao auxiliar uma organização criminosa comandada pelo empresário morto Marcelo Cernescu.
O então presidente homologou um procedimento licitatório sem considerar diversas irregularidades. O esquema envolvia, conforme sustenta o MP, empresas de fachada, e a contratação de serviços considerados desnecessáriosporque deveriam ser prestados diretamente pela administração pública.
Na petição inicial, a promotoria descreve ilegalidades no pregão para a contratação de objeto descrito como “despiciendo [desnecessário], oneroso e flagrantemente ilegal”.
Ademais, os elementos angariados na investigação apontam que, para a consecução dos objetivos escusos, independentemente da municipalidade contratante, empregava-se semelhante modus operandi que consistia na comunhão de esforços entre agentes públicos e empresários do grupo para “montagem” de processos licitatórios para contratação de objeto despiciendo, oneroso e flagrantemente ilegal, cujos atos revestem-se de claros indícios de dissimulação.
—Petição inicial do Ministério Público
Para o MP, os itens da licitação não justificam a contratação de empresa particular, e se trata de mero artifício “inequivocamente criado para o desvio de dinheiro dos cofres públicos”.
O deputado Beto Preto chegou a ter bens bloqueados, junto aos demais réus. Em razão de alteração na Lei de Improbidade Administrativa aprovada em 2021, o juiz do processo determinou o desbloqueio.
Microdocumentário revela realidade do campo de refugiados de Jenin, símbolo da resistência palestina na Cisjordânia.
Dez palestinos foram mortos e cem ficaram feridos por militares israelenses em uma das maiores operações em anos contra palestinos no campo de refugiados de Jenin.
Israel ocupa ilegalmente a Cisjordânia, onde fica Jenin, deste 1967. São 56 anos de ocupação ilegal, violando o direito internacional.
Palestinos são o maior grupo de refugiados do mundo. Estão há 75 anos em condição de refúgio no exterior e dentro da própria Palestina, sem o direito de voltar para suas regiões de origem e nem mesmo se locomover em seu próprio país.
Os palestinos têm o direito de resistir à ocupação ilegal, à expulsão de suas casas e à violência crônica a que são submetidos.
Nós, escritora e jornalista Cassiana Pizaia, e analista e jornalista Vinícius Sgarbe, produzimos um microdocumentário sobre Jenin há mais de um ano, após duas viagens ao Oriente Médio.